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Voltemos nossa atenção para 2013. O que será do Brasil, do governo Dilma, da oposição, da luta ideológica entre a blogosfera e os grandes meios de comunicação? Procedem os receios, de alguns setores da esquerda, sobre a preparação de um golpe “institucional”, articulado entre mídia, oposição e judiciário, aos moldes do que vimos em Honduras? Que sinais para as eleições de 2014 podem ser captados neste momento?
A economia brasileira ingressará num momento mais dinâmico? O desemprego se manterá baixo? Ministros cairão?
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São todas perguntas que valem milhões ou mesmo bilhões de dólares. Sem pretensão de prever o futuro, arrisco aqui algumas previsões sobre o que vai acontecer no ano que entra. São apenas opiniões subjetivas, fundamentadas no instinto do blogueiro, apesar de regadas, naturalmente, com o máximo de informação e dedução lógica que pude captar aqui, ali, em mim mesmo. Desculpem os tempos verbais talvez assertivos demais em se tratando apenas de previsões, mas creio que assim simplificamos a comunicação.
Sobre o Brasil, de maneira geral.
Eu acho que 2013 será um ano excepcional para o Brasil, em termos políticos e econômicos. As medidas de estímulo à economia darão seus primeiros resultados e a paralisia governamental causada pelo endurecimento ético nos ministérios começará a ceder. O escândalos ministeriais ocorridos ao longo de 2011 e no primeiro semestre de 2012 levaram a presidente Dilma a tomar medidas extremamente rígidas de combate à corrupção, como ordenar processos detalhados de investigação, demissões em massa, revisão de contratos e exigências mais severas nas prestações de conta. A aprovação de novas políticas de transparência foram apressadas. É evidente que essas ações entraram em choque com uma estrutura burocrática pachorrenta e, em muitos casos, corrupta. A corrupção se vinga das políticas que a combatem com estratégias espertas para bloquear virtualmente o avanço de obras. É uma guerra surda, terrível, silenciosa, travada em praticamente todas as instâncias públicas de uma estrutura estatal gigantesca. Afinal, falamos do Brasil e seus rincões profundos e misteriosos, divididos em entes federativos com relativa autonomia. Contra essas forças do atraso e da corrupção, todavia, está a política e suas demandas. Chega um momento em que os políticos e seus partidos, por mais corruptos que sejam, precisam que as obras sejam realizadas, porque aí entra a virtude do processo democrático: o interesse eleitoral do político o força a agir em favor do eleitor. E 2013 haverá uma grande demanda política, em função justamente da paralisia em 2012, que gerou índices acumulados de impaciência, e sobretudo da aproximação da grande batalha pelo poder federal em 2014.
Sobre o governo Dilma.
O governo Dilma continuará sob intenso ataque da oposição midiática, assim como esteve em 2012, embora de forma às vezes indireta, através dos ataques ao partido do governo e a sua maior liderança, o ex-presidente Lula. A correlação de forças no mundo da comunicação ainda não reflete o Brasil pós-ditadura. Há uma desproporção algo ridícula entre o tamanho da oposição partidária e sua representação na mídia. O governo do PT, mesmo após dez anos de poder, onde goza de popularidade impressionante, ressente-se desesperadamente de espaços públicos de defesa política. É nesse vácuo, todavia, que floresce a blogosfera, pois o poder não admite o vácuo.
Sobre a luta ideológica entre blogosfera e mídia
Essa luta entra numa fase mais sangrenta. A blogosfera de esquerda cresceu inegavelmente, tanto que já criou sua própria sombra. Ocupando o imenso espaço de centro-esquerda deixado por uma mídia que se moveu para a direita, a blogosfera progressista agora também oferece um flanco mais largo para seus próprios críticos à esquerda, o que é inevitável e saudável.
Entretanto, vale destacar, na crítica de esquerda à blogosfera uma vertente oportunista e ressentida. É absolutamente necessário que haja uma crítica de esquerda ao governo federal e ao Partido dos Trabalhadores, mas há elementos que, ao invés de fazer isso, apontam suas armas retóricas para o único e modesto espaço de defesa política do governo. Ao invés de criticar o Planalto com argumentos, atacam de forma vil, pessoal, os militantes que defendem o governo, como se fosse absurdo que uma chefe de Estado eleita por mais de 60 milhões de eleitores, e com popularidade estratosférica, tenha seus defensores.
Há um tanto de desonestidade nessas críticas ad hominem aos “governistas”. Em primeiro lugar porque elas se pretendem absolutas e incontestáveis, ou seja, incorporam uma arrogância moral incompatível num debate político sério; Belo Monte pode ser alvo de críticas, mas estabelecer, de maneira definitiva, que se trata de um “crime”, me parece uma cretinice – ainda mais considerando que as mesmas pessoas também são contra a energia nuclear. Temos, portanto, uma defesa estritamente reacionária do ponto-de-vista energético: como se quisessem que o Brasil reduzisse sua estrutura de produção energética, ao invés de promover seu aumento. Chamar “governistas” de racistas apenas por criticar Joaquim Barbosa é outra estupidez. Agora, acusar militantes historicamente engajados na adoção de políticas públicas em prol dos direitos de minorias sexuais de “homofóbicos” flerta com aquele tipo de desonestidade intelectual que acomete os que confundem crítica com ressentimento.
Em relação à grande mídia, a blogosfera ganhará cada vez uma importância mais fundamental como espaço de contraponto. Interessante notar, inclusive, que ela ganhou uma dimensão mais comercial, com a chegada do portal Brasil 247, que soube explorar de maneira bastante profissional a lacuna política deixada por uma mídia decididamente oposicionista numa conjuntura onde o governa goza de grande popularidade e o partido no poder é, segundo todas as pesquisas, o campeão absoluto no ranking da preferência dos eleitores.
Sobre o receio de golpe.
Existem mil maneiras de se burlar os anseios eleitorais do povo. Os processos eleitorais apenas dificultam os golpes, mas não os evitam. Se eu corromper um prefeito, por exemplo, estou dando um golpe na democracia. Uma democracia convivemos, rotineiramente, com todo o tipo de golpes, trapaças, chantagens, tramóias. A paranóia em relação ao Judiciário ganha destaque porque representa, aparentemente, uma novidade. É um momento de surpresa com mais esse perigo, dentre tantos que cercam a democracia. O fato de ter havido um odioso golpe judiciário em Honduras apenas reforça a sensação de perigo. A paranóia de um golpe similar no Brasil é plenamente justificável, até necessária, porque o golpe contra a democracia não acontece apenas depois de realizado, mas antes mesmo disso. A partir do momento que é possível um golpe, isto já é um golpe. Comete-se um crime não apenas por matar um ser humano, mas também ao portar ilegalmente uma arma de fogo que pode matar um ser humano.
Sinais para 2014.
Todos os sinais emitidos até agora para as eleições de 2014 apontam para a reeleição de Dilma Rousseff. O principal candidato da oposição, Aécio Neves, perdeu força com o declínio dos partidos de oposição nas eleições municipais. A derrota em São Paulo, particularmente, representou um péssimo sinal para as oposições, ainda mais acontecendo no auge de uma campanha midiática gigantesca contra o PT. O PSDB precisará focar a maior parte de suas forças para manter o poder nos estados de São Paulo e Minas.
Conclusão.
A mídia apostará na estratégia que deu certo: judicializar a política. As operações da Polícia Federal e do Ministério Público serão sempre instrumentalizadas para produzir crises. As forças governistas terão que se equilibrar na complicada estratégia de apoiar o necessário corte na própria carne, consequência inevitável dos esforços que fazem para combater a corrupção, mas evitar que o oportunismo midiático transformem esses fatos em crises, que geram paralisia governamental e dano político. Para isso, no entanto, o núcleo de comunicação do governo Dilma precisará dar mostras de uma inteligência que até agora não demonstrou possuir. O núcleo político, por sua vez, precisará sair da defensiva e partir para o ataque. A CPI do Cachoeira, por exemplo, foi uma oportunidade maravilhosa (e disperdiçada) para fazer um contra-ataque político. O governo e a situação tem várias cartas na manga: uma CPI da Privataria, principalmente. A esperança vã de manter uma relação tranquila com a grande mídia tem como resultado apenas transferir a iniciativa de produzir crises para a oposição midiática. Crise, haverá de qualquer jeito. O governo, porém, como depositário da preferência da maioria da população, tem obrigação moral de lutar politicamente. A comunicação do governo deve entender que se defender dos ataques da mídia é defender os setores sociais que lhe dão sustentação política. Os burocratas de Brasília podem se sentir seguros e satisfeitos, com seus gordos salários, inúmeros assessores, viagens internacionais e demais privilégios. Mas a maioria dos brasileiros, que teme a volta da direita ao poder e um trágico retrocesso político, sente-se desamparada e aflita, e não é justo que o governo, a quem o povo entregou, com esperança e boa fé, sua representação política, não a exerça por pura covardia, preguiça e pusilanimidade.
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