O escândalo da mequetrefe

 

Bem, se o máximo que eles descobriram é isso, que  a secretária da presidência disse que falaria com o presidente sobre possível indicação dos Vieira para seus respectivos cargos, então o escândalo morre aqui. Pelo menos no que se refere à Rose Noronha. O que o Jornal Nacional e essa manchete do Estadão relatam é simplesmente o curso normal e republicano das indicações para cargos comissionados. As pessoas enviam seus currículos ao presidente através de seus assessores e secretárias. O que está errado é a exploração, por parte de Rose, do privilégio. Estamos diante da clássica e universal corrupção do poder.  Ela se presta a ajudar Vieira, até aí nenhum problema. As relações políticas e humanas fazem parte do processo natural de escolha dos indicados. Os irmãos Vieira eram qualificados para os cargos que ocuparam. Se lhes faltou ética, é outra história, e a Polícia Federal botou um ponto final na história.

Quanto à Rose Noronha, é uma mequetrefe, que cedeu a pequenas e medíocres  necessidades pessoais, como descolar um emprego para filha e receber ajuda de custo para fazer uma cirurgia plástica.

É impressionante, contudo, a devassa que tem sido feita no governo Lula, e a perseguição implacável de que tem sido vítima. Realmente, não se lhe perdoa o que fez e continua fazendo contra os estamentos conservadores.

Nesse escândalo, mais uma vez, a participação de Lula é nula. O nome de Dirceu, que aparece novamente em capas, foi usado de forma irresponsável, visto que o próprio delator esclarece que o seu corruptor costumava usar, levianamente, nomes de políticos graúdos para dar peso a pedidos que lhe interessavam pessoalmente. Isso se é que ele não tirou isso da cartola, espertamente, para desviar o foco das atenções de si mesmo – o que, pelo jeito, deu certo; a mídia subitamente começou a lhe tratar bem e o olho do dragão pousou sobre o vilão-coringa da política nacional.

Ao contrário, é de Lula a iniciativa de equipar a Polícia Federal para que esta tenha condições, físicas e políticas, de cortar na própria carne do governo.

O que existe de grave nessas denúncias, aí sim, são as ações dos irmãos Vieira, em conluio com José Weber, segundo homem na hierarquia da Advocacia Geral da União. Aí encontraremos articulações e dinheiro de peixe graúdo.  Acho até que os funcionários da AGU que pedem a cabeça do Adams, advogado-geral da União, estão certos. Provavelmente, Adams não vai durar muito.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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