Em sua coluna de hoje, que menciona alguns problemas persistentes da América Latina, Clovis Rossi escreve o seguinte:
A tributação [na América Latina], por exemplo, “é baixa para proporcionar serviços públicos de qualidade, que atendam à demanda social”, como diz Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), o clubão dos países desenvolvidos, do qual o Brasil só não é parte porque não quer.
Os impostos, na região, pularam de 14% para 19% do Produto Interno Bruto, entre 1990 e 2010, em grande medida pelo que ocorreu no Brasil. Ainda assim, é uma porcentagem baixa, se comparada aos 34% da média da OCDE. Mas, atenção, aqui o Brasil não entra na foto geral: tanto ele como a Argentina arrecadam basicamente os 34% dos países ricos.
Pena que não ofereçam serviços públicos do nível dos países desenvolvidos. Só cabe uma conclusão: dinheiro existe, falta empregá-lo de maneira correta.
A conclusão de Rossi é medíocre, do ponto-de-vista, matemático. Um clichêzinho básico, apenas pra manter a fama de mau. Ele poderia, por exemplo, andar um pouco e visitar a redação do jornal colega Estadão, que publicou há pouco matéria (coisa raríssima na imprensa brasileira) sobre a arrecadação fiscal per capita, onde se revela que a arrecadação fiscal per capita no Brasil corresponde a um terço do valor obtido nos países ricos.
Considerando a carga tributária (…), o Estado brasileiro arrecadou naquele ano US$ 3.797 em impostos por habitante. Já os governos dos países do G-7 obtiveram US$ 11.811 para gastar com cada morador, mais que o triplo do verificado no Brasil.