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Um insulto ao Legislativo

“Na Ação Penal 470 todos os gatos são pardos. Confundem-se conceitos e pune-se o que não se entende. No afã de emprestar racionalidade a fatos desconexos, elabora-se diabólico roteiro que, por vezes, ingressa tecnicamente no reino da ficção”

24 comentários
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(Juliano Guilherme)

 

O professor Wanderley envia-nos outro brilhante artigo sobre o julgamento do mensalão. Nele, fala da confusão conceitual em que se metem os juízes, os quais, no afã de combater a corrupção, promovem uma visão reacionária da política democrática. Lembra que o conceito de Caixa 2 independe do uso ou não de recursos públicos e afirma que é um insulto falar em compra de votos para bancadas inteiras.

Trechos em destaque:

Na Ação Penal 470 todos os gatos são pardos. Confundem-se conceitos e pune-se o que não se entende. No afã de emprestar racionalidade a fatos desconexos, elabora-se diabólico roteiro que, por vezes, ingressa tecnicamente no reino da ficção quando juízes proferem discursos indiretos na terceira pessoa, ou seja, registrando como realidade suas suposições sobre o que outros teriam dito ou pensado, sem evidências de apoio. (…)

Somente elevada dose de má fé permite condenar José Dirceu com base nos autos. Nenhum outro réu o seria, nas mesmas condições. (…)

O acerto entre partidos independe da data, podem se referir a compromissos anteriores ou por vir. É fruto do desconhecimento a suposição de que a data da transferência de recursos demonstra qual o objeto do acordo, e é imaterial. O parcelamento de transferências também é inteiramente inteligível tratando-se de vultosas somas em espécie, e é irrelevante. (…) Para a caracterização do ilícito caixa 2 é igualmente impertinente a consideração sobre a origem dos recursos, se pública ou não. (…)

Politicamente, afirmar que bancadas de deputados se vendem é um insulto ao Legislativo. Dentro do processo ilícito, mas institucionalizado, do caixa 2, nenhum deputado considera como vendido o voto de um parlamentar decorrente de acordo, tenha ele recebido ou não ajuda para campanhas. Bancadas não se vendem. (…) A compra de voto própria e politicamente corrupta se dá individualmente, em votações singulares, para benefício exclusivo de quem vendeu. Foi esse o caso de Ronivon Santiago, entre outros, na emenda da reeleição. (…)

a recusa dos juízes em reconhecer a institucionalidade do processo e de sua origem em condições impostas pela legislação eleitoral, acrescidas da deliberação apriorística de condenar políticos e um partido, o Partido dos Trabalhadores, desconhecendo a autonomia e diversidade de causas dos desvios produzidos pelo caixa 2, de um lado, e os crimes pessoais cometidos à sua sombra, indica a parcialidade de alguns e o despreparo de quase todos para enfrentar os desafios teóricos que as democracias modernas apresentam aos intelectuais.

Leia o artigo na íntegra:

Fora da paróquia corporativa

Por Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político

A organização Transparência Internacional registrou não haver, em 2006, um só país livre do fenômeno da corrupção. Era a estatística disponível quando escrevi sobre democracia e corrupção para o volume Corrupção – ensaios e críticas, editado em 2008 pela Universidade Federal de Minas Gerais, e organizado por Leonardo Avritzer, Newton Bignotto, Juarez Guimarães e Heloisa Maria Murgel Starling. A incidência global do fenômeno convenceu os estudiosos de que não se tratava de patologia dos países subdesenvolvidos a ser superado pelo crescimento econômico. Japão, Estados Unidos, França, Alemanha compareciam à lista ao lado de países africanos e sul-americanos como Argentina e Brasil. Preconceitos entre cientistas são tão disseminados quanto os que co-habitam o senso comum, o patrimônio melhor dividido entre a humanidade, diz Descartes abrindo o Discurso do Método.

Os mesmos preconceitos respondem pelo tardio reconhecimento da universalidade das relações que os estudiosos denominavam de clientelismo, fisiologismo e outros rótulos, até recentemente atribuídos exclusivamente aos países pobres. Em The Changing Nature of Parliamentary Representation, publicado pela União Inter-Parlamentar do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, em abril de 2012, lê-se que “Serviços ao eleitorado” constituem parte aceita e esperada do trabalho dos parlamentares, crescendo em volume, conteúdo e complexidade a cada ano. Tais prestações vão desde o atendimento a necessidades individuais, como a procura de emprego, até a apresentação de projetos de interesse local para os quais os parlamentares usam a posição de representantes públicos com vistas a obter fundos governamentais.

A democracia inaugura uma relação inédita entre eleitos e eleitores. Com a crescente difusão das iniciativas do Estado e a universalização da participação política, não apenas eleitoral, criou-se uma associação necessária entre a ação parlamentar e os interesses de todos os grupos constitutivos da sociedade. Durante o período oligárquico, as decisões de governo raramente repercutiam na vida da população em geral, continuando os camponeses e os trabalhadores urbanos na rotina de sempre. As conseqüências esgotavam-se entre as elites. Hoje, não mais. As condições materiais da vida de todas as pessoas podem sofrer drásticas modificações com decisões de governo, com origem ou apoiadas no parlamento. No Brasil, vide o seqüestro da poupança efetuado pelo governo Collor, em um exemplo, e o programa Bolsa Família do governo Lula, em exemplo radicalmente oposto. A democracia contemporânea gerou problemas conceituais, teóricos e normativos bastante complexos que ainda não foram suficientemente esclarecidos, não obstante as centenas de investigações e reflexões disponíveis a quem deseje superar o senso comum cartesiano.

A doutrina jurídica, a teoria política e a sociologia de massas praticadas no Brasil estão, como no resto do mundo, atrasadas em relação às novidades históricas. Nada de excepcional, posto que a resistência à evolução da vida social e mesmo do conhecimento científico é comportamento reacionário conhecido ao longo do tempo. Danoso é quando os preconceitos não somente dificultam a emergência do novo, mas o punem. Aplicando a advertência ao problema da corrupção, é crucial explicitar que ela não é “conseqüência inevitável da democracia; a negligência e a impunidade, sim”, como terminei meu ensaio citado. Para evitá-la, contudo, é indispensável distinguir as maleáveis formas do fenômeno da corrupção de ações para as quais as disciplinas humanas ainda não encontraram categorias e explicações eficazes. Em dúvida de conhecimento, seria conveniente não se consagrar a aparência de certeza.

Na Ação Penal 470 todos os gatos são pardos. Confundem-se conceitos e pune-se o que não se entende. No afã de emprestar racionalidade a fatos desconexos, elabora-se diabólico roteiro que, por vezes, ingressa tecnicamente no reino da ficção quando juízes proferem discursos indiretos na terceira pessoa, ou seja, registrando como realidade suas suposições sobre o que outros teriam dito ou pensado, sem evidências de apoio. Ademais, diante de um ilícito institucionalizado, difuso, com regras funcionais de operação e que, comum a todo processo clandestino, facilita a violação de normas legais em nada conectada ao ilícito principal, vários membros do Supremo destilam preconceitos e buscam associações toscas para vilipendiar o que não conseguem explicar. No caminho, expõem-se ao embaraço da falsa cultura ao doutrinarem sobre as mais variadas matérias, do método científico às logicamente impossíveis indução e dedução perfeitas e destas a inválidas equivalências lógicas no cálculo proposicional, a lógica aristotélica. Desconsideram convenientemente os ardis de falácias ordinárias, entre os quais o da falácia da conseqüência: post hoc, ergo propter hoc, isto é, se algo vem depois de outro (sucessão temporal), então vem por causa desse outro (sucessão por causalidade). Na Poética, Aristóteles declara a supremacia da narrativa trágica, na qual os fatos se encadeiam por causalidade, sobre a narrativa histórica de seu tempo, na qual os fatos simplesmente ocorrem um depois do outro. A propósito, acostumados à impunidade da instituição (que espero jamais seja contestada, como poderia, pelo Senado), magistrados imaginam que são suficientes os decretos retóricos que formulam – por exemplo, abolindo a contingência e o acaso – para que isso efetivamente aconteça em algum lugar do planeta além da sala de sessões.

Há lugar para perplexidades na Ação Penal 470. A dúvida sobre a autonomia de um tesoureiro partidário como o do PT para realizar as operações a ele atribuídas, e admitidas, é bem fundada, o que não valida o raciocínio de que tudo de sua autoria fosse endossado pelas demais autoridades partidárias. Somente elevada dose de má fé permite condenar José Dirceu com base nos autos. Nenhum outro réu o seria, nas mesmas condições. Em acréscimo, a que propósito coletivo poderia servir o desvio de 380 mil reais efetuado por Henrique Pizzolato? Tais fatos, entre vários outros, não fazem sentido quando postos em conjunto. Para dotá-los de racionalidade intrínseca surge a criação fabulosa de um desígnio de perpetuação no poder que, de resto, é um propósito partidário legítimo (exceto para os partidários de outras agremiações que abrigam o mesmo objetivo). Os meios não esclarecem os fins, pois estes estão amparados pela Constituição do país. E se falta o desígnio escuso resta explicar a ilicitude dos meios em si mesmos, nos autos, não em histórias contrafactuais (está em Max Weber). E está lá nos autos mesmo, na confissão de dezenas de implicados: o financiamento ilícito de campanhas passadas e futuras.

O acerto entre partidos independe da data, podem se referir a compromissos anteriores ou por vir. É fruto do desconhecimento a suposição de que a data da transferência de recursos demonstra qual o objeto do acordo, e é imaterial. O parcelamento de transferências também é inteiramente inteligível tratando-se de vultosas somas em espécie, e é irrelevante. E nada tem a ver com o processo de caixa 2, certamente ilícito, o desvio de 380 mil reais ou a alegada proteção a uma ex-esposa de José Dirceu. Para a caracterização do ilícito caixa 2 é igualmente impertinente a consideração sobre a origem dos recursos, se pública ou não. A poupança privada de qualquer cidadão doada a um partido e não escriturada configura o caixa 2, sendo o montante e a natureza dos recursos, pública ou, no caso, privada inteiramente impertinente à classificação. Assim como não é em absoluto pertinente a referência a votações no Parlamento para comprovação de compra de votos. Não só é empiricamente incorreta a referência, como revelou estudo apresentado pelo ministro revisor, como continuaria inadequada ainda que as votações nominais se ajustassem às afirmações. Votações nominais não servem de comprovação de mais nada além das coalizões parlamentares de votos. As razões do voto não são ínsitas ao voto, mas insondáveis, pertencem a cada votante, e mesmo quando estes as declaram podem estar mentindo.

Politicamente, afirmar que bancadas de deputados se vendem é um insulto ao Legislativo. Dentro do processo ilícito, mas institucionalizado, do caixa 2, nenhum deputado considera como vendido o voto de um parlamentar decorrente de acordo, tenha ele recebido ou não ajuda para campanhas. Bancadas não se vendem. Os partidos são sérios, não obstante as vilanias proferidas contra eles por alguns juízes do Supremo. A compra de voto própria e politicamente corrupta se dá individualmente, em votações singulares, para benefício exclusivo de quem vendeu. Foi esse o caso de Ronivon Santiago, entre outros, na emenda da reeleição. Assim como tem sido o caso, vez por outra, de votações sobre matérias econômicas em que o poder privado, sabidamente, mas ainda não apanhados em flagrante, compra votos pessoais de parlamentares. Estes são parlamentares desprezados pelos demais enquanto os deputados que cumprem acordos firmados – como, aliás, a maioria o faz – não se confundem com eles.

A Ação Penal 470 envolve parlamentares, políticos e outros apanhados em flagrante de caixa 2. Para viabiliza-lo parece que alguns ilícitos não eleitorais foram cometidos. As provas devem estar nos autos e estão sendo apreciadas. Mas a recusa dos juízes em reconhecer a institucionalidade do processo e de sua origem em condições impostas pela legislação eleitoral, acrescidas da deliberação apriorística de condenar políticos e um partido, o Partido dos Trabalhadores, desconhecendo a autonomia e diversidade de causas dos desvios produzidos pelo caixa 2, de um lado, e os crimes pessoais cometidos à sua sombra, indica a parcialidade de alguns e o despreparo de quase todos para enfrentar os desafios teóricos que as democracias modernas apresentam aos intelectuais.

Um último comentário, a propósito dos discursos do decano Celso de Mello, dirigidos pela televisão a milhões de pessoas. A quantidade abusiva de adjetivos e substantivos depreciativos que dispara, a desmedida reivindicação de intérprete exclusivo da moralidade pública e as acusações inteiramente fora do contexto o qualificam como o introdutor do ritual de degradação no Judiciário brasileiro.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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nina rita de cássia

12/10/2012 - 14h25

Josualdo,
Você não está acompanhando os debates. Coloque suas opiniões dentro do contexto. Opiniões genéricas sobre moral consensuais não acrescentam nada. O que se está tanto a discutir é a _ PRESERVAÇÃO DO ESTADO DE DIREITO _ o que se pode bem aquilatar quando da aplicação das leis que o fundam e regem. Julgamentos de exceção não compõem este tipo de formação jurídico-política. Princípios jurídicos basilares, como a presunção de inocência, direito de defesa ampla, exigência de provas para condenar os réus, em dúvida pró réu, julgamento de políticos pelos pares; constituem direitos duramente conquistados por todos os cidadãos, que querem preservá-lo contra a barbárie. Sociólogos, cientistas políticos, historiadores, jornalistas, jurístas e outros estudiosos não são profissionais menores que os juizes do STF. Não se iluda. São profissionais de mesma estatura, e têm toda legitimidade suas manifestações, mormente, quando suas áreas de saber são aviltadas. No nosso Estado de Direito, políticos, em sua ação como tal, são julgados pelos pares, e pelo povo, nas urnas. Não no STF, que está a demonstrar, cabalmente, que nada nada nada entende de Política, nem de representação democrática, e afronta os outros poderes, dos eleitos pelo povo. Só eles não são eleitos pelo povo. Afrontando nossos representantes, nos afrontam também, e ainda, com “argumentos” que são verdadeiros atentados à própria lógica.

Maria Lúcia Rodrigues

11/10/2012 - 00h04

Muiuiuiuto bom artigo! Que argumentação! Prof. Wanderley, brilhante como sempre. Mandem para o José Dirceu!
ABS
Maria Lúcia

@Carlosgrupon8

10/10/2012 - 20h51

Um insulto ao Legislativo – http://t.co/veKDtZcN

@tiagoddias

10/10/2012 - 19h50

@flaviogomes69 Dá uma lida aí: http://t.co/JB55ani8

Heloi T Santos

10/10/2012 - 16h29

Quem está em julgamento não são esses réus eu o STF está condenando sem provas com o pífio argumento da inovação subjetiva, jurídica chamada de “domínio dos fatos”, o que está sendo julgado é todo um projeto político.
Como em tudo o tempo irá ordenar as coisas juridicamente
Daqui uns 6 meses vão estar cobrando ações efetivas do supremo, como é sabido que não irão acontecer, a desmoralização sera total, se hoje a credibilidade da justiça esta atras da policia, imaginen daqui 1 ano.
Quem viver verá e irá se perguntar como existiu a condenação de pouco mais de 10 deputados por compra de votos em um universo de 532 (total de parlamentares)?
Em 2009 a Revista de Ultra direita Veja fez uma matéria tentando desqualificar o então ministro indicado de Lula Joaquim Barbosa, que dizia que ele teria batido na ex-mulher.
Basta no futuro ele se posicionar contra os interesses desta ultra direita pare resgatarem este artigo que hoje foi apagado dos registros das revistas, mas não do povo da internet que costuma salvar tudo que possa ser interessante no futuro.
Joaquim Barbosa poderá vir a ser o Netinho de Paula de Toga.
Quem viver verá!

Peter

10/10/2012 - 15h29

Professor Urubulino:

1 – Sofismas estes que você enxergou, mas que mesmo assim você não tem como responder por serem óbvias verdades. :-)
2 – O PT não foi julgado ! Só um anão intelectual não consegue ver isso. Quem foi julgado e condenado foram José Dirceu e seus 40 ladrões. O Lula vai ser julgado também, mas não agora. :-)
3 – Falando em PT e UDN, lembro que o PT está fazendo exatamente o que o velho PTB fazia (Roberto Jefferson não foi cooptado por acaso..). Um partido de pelegos agarrados ao poder mais do que craca no casco do navio. O problema é se o navio estiver fazendo água… :-)
4 – Você quase pegou a ironia do “página negra”. Joaquim Barbosa, talvez inspirado por outro Barbosa, o Ruy, trouxe claridade e transparência para condenar quem traficava votos nas sombras e pensando que coberto pelo manto popular estava protegido de ser alcançado pela Justiça. :-)
5 – Finalizando, Joaquim Brabosa NUNCA seria presidente do Brasil sob esta forma de fazer política como conhecemos hoje. Precisamos de mais algumas condenações para que o brasileiro desperte deste sonho catártico de achar que voto é apenas comida, bolsa família ou emprego e que política é a arte do “jeitinho”. A partir daí, certamente, teremos um Brasil com possibilidade de escolha entre os mais capacitados e honestos não entre os mais bandidos e corruptos.

    Miguel Oliveira

    10/10/2012 - 16h31

    Página muito mais negra foi virada, muito mais pelego foi defenestrado com a deposição, PELAS URNAS, da dupla PSDB/PFL do desgoverno do Brasil. Quando eles mandavam sumia TODO O DINHEIRO dos impostos, nada sobrando para pagamento de dívidas, construção e manutenção de rodovias, ferrovias, hidrovias, usinas hidroelétricas e siderúrgicas,prospecção e perfuração de poços de petróleo,refinarias, universidades, escolas técnicas,aumentos salariais, créditos para indústria, comércio e serviços, formação de reservas, etc, etc, etc. Foi uma faxina, a extirpação de um câncer que já tinha deixado o país moribundo, em fase terminal.

      Peter

      10/10/2012 - 22h05

      E que nos últimos 10 anos nada foi feito para cobrar responsabilidades dos ladrões do passado (se lembra da famosa “auditoria da dívida” e da “revisão das privatizações” ?), e muito pelo contrário, este atual governo fez tudo o que podia para aumentar as privatizações e ampliar o assalto aos cofres públicos. Por favor, me diga francamente qual a diferença entre o PT e os demais partidos que foram governistas ? Nunca um governo permitiu que os bancos tivessem tanto lucro em cima dos aposentados e dos trabalhadores, nunca o BNDES financiou tanto empresas estrangeiras ou investimentos no exterior, nunca na história deste país se investiu tanto em comunicação e mídia, nunca a Petrobrás apresentou tanto prejuízo, etc. Isto é que o PT e a esquerda deveriam mudar, mas o PT e a esquerda estão adorando beber desta fonte de financiamento fácil para comprar votos. Não importa se de parlamentares ou se de eleitores. Sem nenhuma ideologia, apenas pelo dinheiro e pelo poder. Aqui mesmo um candidato foi “apoiado” pelo site, mas na verdade o candidato contratou (!) este site. Cadê a ideologia nisso? O que é esquerda então? Se tornou a direita vista apenas pelo outro lado. Nada de diferente. Just business.

        Miguel do Rosário

        11/10/2012 - 12h34

        Opa, o candidato era MEU candidato. Olha a leviandade e o udenismo. Não vem aqui dar uma de Barbosa no meu blog.

          Peter

          11/10/2012 - 13h36

          Que leviandade ?

          Se o seu nome é MIGUEL GOMES BARBOSA DO ROSÁRIO, como está na página de “assine” deste website,
          veja o seguinte site e me diga quem é leviano:

          http://politica.estadao.com.br/eleicoes/candidatos/vereador-2012,rio-de-janeiro,rj,igor-bruno,65651

          Este nome, que deve ser o seu, está ao lado de JORNALISTA e de R$ 5.000,00.

          Você faz o que quiser do seu voto e da sua profissão, mas já, o MEU candidato eu trabalho por ideologia e não por dinheiro.

          Este caso é emblemático sobre o que se transformou a esquerda.

          Trocou ideologia e trabalho comunitário de conscientização por apoio financeiro.

          O PT virou, como eu disse, o velho PTB. Agarrado ao governo por causa de recursos monetários e cargos públicos.

          Por isso a esquerda quer a censura da imprensa, como Stalin, ela pode apagar o que quiser ou o que a deixa desconfortável.

          Just business.

          P.S.: Olha que este nome BARBOSA vai te perseguir o resto da vida. :-)

          Miguel do Rosário

          11/10/2012 - 13h47

          Leviandade sim, juntamente com hipocrisia e udenismo descarados. Eu disse aqui no blog que trabalharia para meu amigo, Igor Bruno. Democracia pressupõe trabalho, não trabalho escravo, mas trabalho remunerado. Sou um profissional, fiz o blog do candidato, dentre outras coisas. E defendi a sua candidatura porque tínhamos ideias em comum.

          Peter

          11/10/2012 - 14h30

          Miguel,

          Não fui e não sou leviano.

          O que eu disse?
          Que o seu site foi contratado pelo candidato. Foi verdade?
          Foi.

          Você gosta de cobrar por “provas” e eu as apresentei.

          Onde então está a leviandade?

          Para mim, trabalho ideológico, como apoiar um candidato, nem de perto se confunde com trabalho remunerado.

          Não soa natural nem salutar para a democracia. Confirma que quem tem dinheiro contrata os melhores da midia para sua sustentação. Quem não tem dinheiro…
          E depois reclamam do “abuso do poder econômico”.

          Mas esta é a MINHA opinião.

          Gostaria de deixar para sua reflexão uma parte da linha editorial deste seu site: talvez o que conte seja a transparência, a honestidade e a integridade intelectual.

          É isso aí. :-)

          Miguel do Rosário

          11/10/2012 - 14h57

          Peter, você é leviano, sim, e hipócrita. Trabalhar honestamente – com tudo declarado inclusive na justiça eleitoral – não é crime. O meu site não foi “contratado”. Eu fui contratado para um serviço ligado à minha profissão. Se qualquer pessoa quiser me contratar para fazer um blog, gerenciar redes, etc, e eu estiver precisando de recursos, fá-lo-ei, porque preciso lutar para sobreviver. Tenho amigos que votaram em Marcelo Freixo e trabalharam na campanha de Rodrigo Maia. Normal, é a vida.

          No caso, nem cobrei por aquele banner. Mas podia ter cobrado. Podia ter posto banners de outros candidatos também. O Globo estava cheio de anúncios de candidatos. Um espaço de informação, para ser independente, precisa de fontes diversificadas de renda, por isso vendo assinaturas e espaços publicitários. Honestidade e integridade não se contrapõem à dignidade do trabalho.

          Peter

          11/10/2012 - 22h41

          Miguel Barbosa do Rosário,

          Para sua informação:

          Leviano: Que procede ou julga precipitadamente, sem refletir; inconsiderado, imprudente.

          Não julguei ninguém, quem sou eu para tal, apenas expressei minha opinião. Diferente de outros países queridinhos da esquerda, o Brasil é um país de livre trânsito de opiniões.

          Hipócrita: Que denota hipocrisia; falso; fingido: um ar hipócrita

          Não fui falso. Expressei claramente que a opinião era a MINHA. Falso é quem escreve uma coisa e faz outra, por isso fica se explicando a todo tempo para se auto-convencer.

          Definindo a falta de sentido de suas ofensas desferidas a mim, retorno ao seu arrazoado que nada mais é do que um festival sem sentido de explicações sobre algo que ninguém perguntou. Uma catarse!

          Lembro a você o Código de Ética do Jornalista Brasileiro:

          Art. 7º O jornalista não pode:
          III – impedir a manifestação de opiniões divergentes ou o livre debate de idéias;
          V – usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime;

          Desta forma, aproveito o ensejo e indico para sua leitura e esclarecimento:

          http://pt.wikipedia.org/wiki/Crimes_contra_a_honra

          ou

          http://extra.globo.com/casos-de-policia/helen-sardenberg/os-crimes-contra-honra-na-era-da-internet-360640.html

          Fica como aviso que existe uma fronteira perceptível porém invisível entre “calor da discussão” e “ofensa pura e simples”. Acho que este seu texto esbarrou neste limite.

          Não me intimido nem um pouco por agressões daqueles que não tem mais argumentos, mas acredito que seja prudente da sua parte parar por aí.

          Miguel do Rosário

          11/10/2012 - 22h45

          Chamar outro de leviano não é crime contra a honra. Quem está brincando com honra aqui é você.

Peter

10/10/2012 - 14h22

Nunca li uma defesa tão candente da corrupção. Travestida de análise sociológica etse amontoado de frases desconexas busca incutir no leitor desavisado que corrupção é “aceitável já que todo mundo faz”. NÃO É. Corrupção deve ser combatida como o furto e o roubo o são. Existem no mundo todo, mas nem por isso deva ser aceitável. Corrupção é o câncer que permeia todos os males da sociedade atual. Corrupção é roubo. Simples assim! Caixa 2 é crime! Simples assim! Não existe crime menor ou maior. Tudo deve ser julgado. Ponderem-se as penas mas não o ato ilícito. O erro do PT foi seguir o macunaíma e acreditar que os juízes se curvariam ao desejo de Lula de que o mensalão não tivesse existido. Ele existiu. Um tsunami de provas desabou sobre José Dirceu, Genoíno, Delúbio e outros comparsas. Foram condenados como corruptos. Este julgamento não tem nada a ver com eleição. Não é por quê o PT teve milhões de votos que esta quadrilha deveria ser solta. Povo vota por um raciocínio caótico e impenetrável. Julgamento deve ser lógico, fundamentado e transparente. Finalizando, bancadas se vendem sim. Biografias são leiloadas para quem pagar mais. Juízes são comprados. Sociólogos se prestam a papéis vexaminosos de escrever contra os fatos em troca de uma “boquinha” num museu qualquer. Porém, no mais alto lugar, está o sentimento popular de justiça. NENHUM movimento de cunho realmente popular (sem verba oficial do governo para fazer bagunça)se levantou para criticar o STF. Nem o MST, nem UNE, nem mesmos estes que estão na folha de pagamento do governo. O povo brasileiro, com ou sem apoio da mídia, sabe exatamente o que houve – as verbas públicas que foram roubadas para comprar votos, e apoia o STF por ter condenado quem devia. O STF, e Joaquim Barbosa em particular, foram realmente heróis resistindo a todo tipo de pressão de AMBOS os lados. O Brasil virou uma página negra da sua história. Que os brasileiros saibam ser mais zelosos com a coisa pública e consigam escrever uma nova história a partir de agora. Sem partidarismos, mas com honestidade e caráter. Simples assim!

    Urubulino Coimbra

    10/10/2012 - 15h11

    Miguel, talvez seja melhor pedir a alguém para desenhar o texto do professor Wanderley, uma vez que o Peter só enxergou “frases desconexas”. Aliás, o próprio texto desse Peter é um amontoado de sofismas típicos de quem tem de apelar a contorcionismos lógicos e à velha hipocrisia udenista da indignação seletiva para defender seus pontos de vista, que, no caso dele, são todos voltados a condenar o PT, com a cansativa lenga-lenga dos trolleiros.
    Mas essa do “O Brasil virou uma página negra de sua história” pegou mal para um defensor do Joaquim Barbosa, o homem que vai salvar a oposição da extinção em 2012.

    nina rita de cássia

    10/10/2012 - 20h19

    Peter, estamos todos tentando defender o Estado de Direito. Inclusive, porque esta instituição nos é sagrada, e não deve ser CORROMPIDA. Corrupção não se refere apenas a dinheiro. Corromper significa alterar, distorcer, manipular as regras que regem um fenômeno, no caso, uma instituição pública, a organbização social que temos e prezamos. Não deve ser corrompido também a Constituição e o sistema legal de um país, porque é algo que foi construído por todos com muito trabalho.

    jesualdo correia

    11/10/2012 - 10h59

    Concordo plenamente. Agora sociólogos passam a emitir pífias opiniões sobre hermenêutica e a incongruência do ordenamento jurídico.Esse é exatamente o problema do lado podre da ideologia petista ( não confundir, o que eles adoram fazer , com os méritos da administração Lula ), a saber, colocar o elemento emocional-ideológico, o que se traduz ainda como populismo, acima dos pressupostos do Estado de Direito. A velha recorrência maniqueística do crivo da análise canhestra. Trata-se não apenas de leviandade intelectual, por vezes sórdida, mas também de um sintoma de baixa intensidade ética e da recorrência de um nível de visão de mundo que no fundo crê apenas nas suas próprias premissas e não naquelas do ordenamento constitucional-jurídico do país. Um estágio primitivo do pensar, sem dúvida. Além disso, uma absoluta falta de respeito pelos magistrados que se recusaram as serem marionetes do “bloco majoritário” no qual nem o Lula, e uito menos a Dilma, queriam e querem ficar dependentes, para o bem do Brasil, certamente.

Elson

10/10/2012 - 09h12

Parece que a mídia e as oposições que contavam transformar o mensalão na bala de prata que abateria o PT quebraram a cara. O PT saiu destas eleições maior do que quando entrou e ainda ameaça derrubar os tucanos em seu principal bunker.
Agora o STF está criando uma quimera jurídica que poderá transformar qualquer juiz de 1/ instancia em um ditador, basta que ele tenha uma denuncia basada em uma acusação falaciosa para transformar a vida de um desafeto seu em um inferno.

nina rita de cássia

09/10/2012 - 23h47

É inadmissível que possam ser tão ignorantes pessoas com tanto estudo, e com tão altos salários. Só pode ser má-fé. Ou então, estariam sendo ameaçados, eles próprios ou familiares. Não há outra explicação para sustentarem tanto esse vexâme. Vejam o que consta no curriculum de um deles, e tentem adivinhar quem é esse notório: “Possui mais de 70 menções honrosas recebidas, em especial pelos serviços prestados à cultura jurídica, como defensor das garantias do Estado Democrático de Direito e da altivez do Poder Judiciário Brasileiro, e pelo reconhecimento em homenagem aos relevantes serviços prestados à Justiça Brasileira.” Esse é Gilmar Mendes.

Antonio Martins

09/10/2012 - 23h25

Quando o Prevaricador Geral da República, Roberto Gurgel, disse, se referindo aos parlamentares da CPI do Cachoeira, que eles estavam com medo do julgamento do ‘mensalão”, ele já sabia, de antemão, que todos os principais réus seriam condenados, inclusive o Zé Dirceu. Ele não falaria isso se não tivesse essa certeza.
Eu tinha a mais absoluta convicção que se alguém fosse inocentado esse alguém seria justamente o Zé Dirceu por absoluta falta de provas. Não contava com o contorcionismo jurídico dos ministros do STF.
A história vai julgar esta turma do STF, e não será usando a teoria do “domínio do fato”.

@ricocordeiro

09/10/2012 - 20h56

Um insulto ao Legislativo – http://t.co/4HL5XO3e

migueldorosario (@migueldorosario)

09/10/2012 - 20h50

Um insulto ao Legislativo http://t.co/RYgulJ59


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