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Lições da derrota

O julgamento da Ação Penal 470, da maneira como está sendo conduzido, interpretado e, sobretudo, repercutido na grande mídia, representa uma dolorosa derrota para a esquerda brasileira. Que por isso mesmo sairá mais forte.

31 comentários
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O julgamento da Ação Penal 470, da maneira como está sendo conduzido, interpretado e, sobretudo, divulgado pela grande mídia, representa um triste derrota para a esquerda brasileira. Em outra circunstância, poderia encetar desdobramentos sinistros, como produzir ambiente para um impeachment, ou simplesmente desastrosos, como dar condições à direita de ocupar novamente o Palácio do Planalto.

Felizmente o país vive um momento de tranquilidade econômica. Está crescendo pouco, mas o desemprego está baixo. A indústria vem se recuperando, conforme o previsto, de maneira formidável neste segundo semestre. O agronegócio continua batendo recordes, juntamente com a popularidade e a aprovação da presidente e seu governo.

Mesmo as perspectivas de que o mensalão traria prejuízos eleitorais ao PT não se confirmaram. Os colunistas políticos da direita continuam na torcida, e interpretando os fatos a seu bel prazer, mas a realidade é que a base aliada deverá iniciar o ano que vem chefiando a maioria das cidades brasileiras. O PT pode sair menor em número de capitais, mas compensará nas cidades médias e pequenas. Elegendo mais vereadores este ano, a esquerda vai eleger mais deputados estaduais e federais em 2014, conforme prevê a literatura da ciência política.

Quanto à eleição presidencial em 2014, uma oscilação para mais ou menos no número de prefeituras não vai interferir em nada.

A derrota da esquerda na guerra da opinião pública em torno do mensalão, por sua vez, nos permite tirar lições importantes.

Em primeiro lugar, não é uma derrota completa. O discurso midiático não detêm mais a hegemonia absoluta. Na blogosfera e nas redes, vemos uma produção considerável de conteúdo crítico acerca do que acontece no julgamento do mensalão. As lideranças partidárias assinaram uma carta denunciando a politização do processo. O professor Wanderley Guilherme dos Santos, fundador da ciência política no Brasil, vem se manifestando de maneira muito assertiva. Blogueiros, filósofos, jornalistas, advogados, escritores, cineastas, cidadãos de todas as profissões, idades e cores vem se posicionando de forma muito crítica em relação à maneira como o STF conduz o julgamento.

Outra afirmação deliciosa, e carregada de ironia, do grande Blaise Pascal, era que “o povo tem opiniões muito sadias”. Daí o filósofo enumera alguns preconceitos do vulgo que, em verdade acabam por se revelar salutares para o bem da ordem pública. Acho que podemos aplicar o caso aqui também. O povo tem um espírito acusador, inquisitorial. Ele é naturalmente crítico ao poder, apesar da admiração que tem por alguns líderes. Ele se compraz em assistir os juízes acusando e prendendo os grandalhões. Com certeza, diria Pascal, há um bocado de sabedoria nessa tendência popular. É uma maneira de instilar um pouco de medo nos poderosos. A história é repleta de revoluções, nas quais aristocratas, príncipes e rainhas perderam suas cabeças.

No caso do mensalão, não adianta criticar a volúpia do povo (e como povo, incluo também amplos setores da classe média) com o suplício moral e político dos réus. O povo não tem preconceito partidário. Se os réus fossem do PSDB ou DEM, ele se deleitaria da mesma forma. Quem tem preconceito partidário são os barões da mídia e alas conservadoras do Ministério Público e do Supremo.

A volúpia de assistir a derrocada (mesmo que injusta) dos poderosos é um deleite bastante democrático e, como diria Pascal, saudável.

A esquerda, e o PT em particular, sairão bastante feridos desse julgamento. Porém mais fortes, mais conscientes dos perigos que rondam a democracia, mais treinados para a guerra.

Uma das razões pelas quais a direita brasileira é tão débil, e tem declinado tanto nos últimos anos, é porque a mídia e as elites a mimam despudoradamente. Com isso, a direita se desacostumou a lutar. Com a mídia lhe apoiando, não correu atrás de movimentos sociais, sindicatos, não constrói bases populares, não cria mídias alternativas.

Enquanto isso, a esquerda, mesmo tendo alcançado o poder, continua exercitando-se diariamente nos campos de batalha da comunicação social. Apanhando todo dia, ela desenvolveu couraças especiais e novas armas. Entre no blog da Veja: verá um bando de puxa-sacos soltando gritinhos, incapazes de participar de um embate político em alto nível. Entre no blog do Nassif, verá centenas, milhares de comentaristas publicando textos analíticos sérios, tentando entender o mundo e a política de maneira criativa e inteligente.

Atacada por mídia e judiciário conservador, à esquerda só resta apostar na força eleitoral.

No Legislativo, os deputados poderão, em futuro próximo, ampliar o STF, dando-lhe um perfil mais democrático, com a introdução de juízes escolhidos diretamente pelo Congresso ou melhor ainda, pelo sufrágio universal.

A cada ano que passa, vemos a direita mais dependente de um poder em declínio: a mídia. A esquerda, por sua vez, atacada pelas corporações midiáticas, cresce nas redes, adere à blogosfera e se capacita para a luta política e ideológica na ágora pública da internet.

Por fim, o STF sairá do julgamento do mensalão com a mancha de golpista e partidário, e estará, com isso, sob forte pressão de setores populares e classe política. Não vemos manifestações agora porque as arbitrariedades do STF não estão interferindo em demasia no dia a dia da política. Mas a partir do momento que o povo perceber movimentos mais explícitos do STF para prejudicar a presidente, ou as eleições presidenciais, não será difícil prever a explosão da panela.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Miguel

23/04/2017 - 13h30

E não é que o tal Peter tinha razao…

@blogandrefalcao

05/10/2012 - 00h28

Lições da derrota http://t.co/hAa4E2ok via @sharethis

nina rita de cássia

04/10/2012 - 21h32

“O povo tem opiniões muito sadias”, importante esse depoimento de Pascal, porque isso é o que mais os intelectuais nada nada orgânicos mais querem esconder. Mas, é o que quem vive no meio do povo constata diariamente, perplexo. É impressionante como, julgando pelos seus critérios próprios, chegam às mesmas conclusões que os sábios. Se estivessem acompanhando o julgamento, certamente, saberiam quem está dizendo a verdade, quem não. Observam a expressão facial, a gesticulação de corpo, a voz e suas entonações: os ministros estariam todos em maus lençóis, porque perceberiam logo tratar-se de uma farsa.

@ricocordeiro

04/10/2012 - 20h06

Lições da derrota – http://t.co/E1GebDL8

Zeca Junior

04/10/2012 - 17h20

O mais “salutar” de toda essa história, ao contrário do que pensa o Roberto Gurgel, que escancarou suas tendências antipetistas nesta semana, é o constrangimento a que o STF será submetido toda vez que julgar algum caso envolvendo figuras públicas que ora se encontram na oposição. Embora nós saibamos que o Mensalão Tucano e a Privataria Tucana tenham passado batido por essa mesma corte que agora é tratada como o último bastião da moralidade pelos penas de aluguel, é histórica a complacência com que os magistrados sempre lidaram com poderosos do naipe de um Daniel Dantas, para ficar apenas em um exemplo. O STF está criando uma “jurisprudência” contra suas próprias práticas.
Em resposta ao sujeitinho que assina como ministro joaquim barbosa, a sua própria exposição de motivos explica porque muitos se referem ao ministro como capitão do mato: “Eram considerados uma escória tanto pelos escravos, que os odiavam por razões óbvias, como pelos brancos, que não os aceitavam como um dos seus”.
Basta uma consulta ao noticiário da época da nomeação do ministro pelo então presidente Lula para constatar a maneira pérfida com que os que hoje fazem dele personagem emblemática se referiam a sua figura. Ele está sendo usado agora e o será nos próximos dois anos, no esforço para “sangrar” a figura da presidenta Dilma.
A propósito: que os partidos e paus-mandados das oligarquias iriam usar o Judiciário como derradeira trincheira já era esperado, uma vez que no voto eles serão paulatinamente derrotados. Acontece que o Brasil não é Honduras e muito menos o Paraguai. Não passarão.

Pedro Cruz

04/10/2012 - 16h53

O Ministro Lewandowiski desmonta a farsa. Não existe provas contra Genuino e José Dirceu. Se quizerem, condenem sem provas e assumam as consequencias.

    Miguel do Rosário

    04/10/2012 - 17h00

    Sim, eu vi, Pedro. Até me arrependi de ter dado esse título, Lições da Derrota. Foi uma vitória intelectual esmagadora do ministro Lewandoswki! Vou escrever sobre isso agora.

Pedro Cruz

04/10/2012 - 16h49

Miguel, até onde voce vai dar voz a estes canalhas covardes que nem seus nomes tem coragem de publicar?? Não assinam o que escrevem e acusam os outros de serem covardes. As eleições tem mostrado os 99,9999%. Vamos dar uma surra na canalha golpista, com julgamento de exceção e tudo. Os canalhas, de tão covardes, tem que chamar os militares, porque não dão no coro, nem nas urnas e nem no braço.

    Miguel do Rosário

    04/10/2012 - 16h59

    Não dou. Ele acha que é esperto. Seus comentários duram alguns minutos, depois eu apago. Ás vezes deixo um ou outro para ficar bem claro como esses caras são ridículos.

Fabio

04/10/2012 - 13h54

Penso que é a explosão da panela o objetivo desta turma , só gostaria de saber quem vai ser o militar a dar o “aval” , pois o judiciário já esta vendido principalmente se não julgar outros mensalões de vários partidos, a provocação vai ser diária, dai para dar um peteleco é só uma questão de ajustes de bastidores.Historicamente o Brasil sempre foi assim, se passar por esta ai vai ser evolução, ainda mudamos muito pouco.

rildoferreiradossantos@gmail.com

04/10/2012 - 12h59

Miguel, será esta apreensão de dinheiro a nova bala de prata contra o PT?

Imagine que você seja um Juiz Eleitoral e você está com agentes da Polícia Federal do seu lado numa apreensão de um grande volume de dinheiro. Imagine que você vê uma pessoa fugindo, percebe que é o coordenador da campanha do PT. Seja objetivo e responda:

( ) Ignorava, o dinheiro já estava apreendido mesmo.
( ) Dava ordem de prisão ao fugitivo e determinaria aos policiais presentes que fossem à caça do sujeito.
( ) Deixaria ele fugir porque assim não seria obrigado a mostrar o suspeito de ser o dono do dinheiro.

Pois vejam o que a Folha tem contra o PT e que vai ser replicado em todos os noticiários até sábado (e quiçá no domingo) em foto de capa de todos os jornais.

Do Baixada Carioca, meu blog.

Nós já vimos esse filme

Publicado em 4 de outubro de 2012

A bala de prata preparada pela mídia com apoio de servidores do judiciário é uma reprise de 2006 quando um grande volume de dinheiro (cerca de 7 milhões de reais) foi apreendido pela Polícia Federal e os jornalistas, para influenciar nas eleições paulistas, disseram que o dinheiro era para a compra de um dossiê contra José Serra, como se este precisasse de alguma coisa para falar contra ele. Ele é por si próprio autodestrutivo.

O que a imprensa não disse é que o dinheiro apreendido tem relação tinha relação estreita com Carlinhos Cachoeira, como mostra a Carta Capital.

Curiosamente, o material foi apreendido na casa de Adriano Aprígio de Souza, ex-cunhado do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Souza foi preso em julho pela PF, na esteira das investigações sobre o grupo. Ao analisar o material, a PF encontrou o grampo de uma conversa ocorrida em 2006 entre Dadá e Mino Pedrosa no qual o jornalista dizia ter informações sobre como o dossiê foi negociado. Dadá é apontado pela PF como araponga do grupo de Cachoeira (Carta Capital)

A estratégia é a mesma. Sempre na última semana das eleições a velha mídia tem uma notícia bomba contra o PT. Nesta nova apreensão de dinheiro a Folha diz que ”um [quem?] delegado da Polícia Federal afirmou ontem possuir indícios de que o R$ 1,1 milhão apreendido anteontem num aeroporto no interior do Pará seria destinado à campanha do PT de Parauapebas” (Folha, grifo meu)…

Ministro Joaquim Barbosa

04/10/2012 - 11h45

Parabéns, pela conduta diante da EXTINÇÃO DO PT:
.
Barbosa volta a ser alvo de campanha racista no Twitter. Gente asquerosa!

Os asquerosos que tentam montar a rede de apoio a José Dirceu também decidiram atacar Joaquim Barbosa, que está sendo chamado, entre outras delicadezas, de “capitão do mato”.
É evidente que se trata de uma manifestação de cunho discriminatório, racista. “Capitães do mato”, originalmente, eram as pessoas encarregadas de capturar escravos fugidos. Mais tarde, passou a designar pessoas que caçam quaisquer tipos de fugitivos.
Os capitães de mato eram, na esmagadora maioria dos casos, negros ou mulatos libertos. Eram considerados uma escória tanto pelos escravos, que os odiavam por razões óbvias, como pelos brancos, que não os aceitavam como um dos seus. As próprias forças de segurança regulares os viam com desprezo. É evidente que não tentariam desqualificar o ministro dessa maneira se ele fosse branco. Ora, se lhe imputam uma suposta falha em razão da cor de sua pele, e evide
nte que se trata de manifestação de caráter racista.
Falta pouco para que os salafrários racistas chamem Barbosa de “negro de alma branca”…
“Pois é…Esses caras tinham a certeza de que o Ministro lhes beijaria a mão pela suposta dádiva que lhe concederam. Barbosa preferiu, digamos, beijar a Constituição e as Leis. E a canalha está furiosa por isso. Que o ministro continue a ser o capitão da Constituição e cace (e casse), de modo implacável, os fugitivos da ordem democrática.”

    nina rita de cássia

    05/10/2012 - 00h47

    Então você não está assistindo ao julgamento pela TV. JB é bem isso mesmo, um capitão do mato. Subiu na vida e agora quer ingressar na Casa Grande. Pensa que caçando os escravos rebeldes, destruindo quilombos, conseguirá isso. Nem precisa ser petista para achar isso. É preconceituoso com o PT, que deve achar ser partido de pobres, barraqueiro, desrespeitoso com os colegas, e ainda bate na mulher. Foi o maior erro que Lula cometeu, indicar uma pessoa com esse comportamento, um absolutista mal-esclarecido.

Peter

04/10/2012 - 11h20

Uma análise política que se pretenda isenta deve ser, inicialmente, desprovida de paixões partidárias. A Ação Penal 470 não está julgando a esquerda, mas alguns integrantes do PT e de partidos aliados que transgrediram a norma penal e a ética política. Não temos representantes de outros partidos considerados de esquerda neste processo. Sendo assim, não podemos falar de esquerda, como um todo, mas talvez de PT. Mas quem verdadeiramente saiu derrotado foi a IMPUNIDADE. Quem está em julgamento foram apenas os corruptos que roubaram dinheiro PÚBLICO para comprar votos de deputados em votações polêmicas que eram na sua maioria contrários aos desejos do povo (reforma da previdência, etc.). Tão polêmicas que muitos deputados que eram do PT saíram deste partido como forma de protesto. Desta forma, o objetivo da quadrilha que está em julgamento no STF foi apenas e tão somente manterem-se no poder. O PT perdeu a chance histórica de extirpá-los dos seus quadros, mas por questões fisiológicas trabalharam diuturnamente para acobertar e protegê-los, incorporando indelévelmente à biografia do PT os crimes praticados por estes poucos. Este imenso erro estratégico do PT só se explica se o seu mais incensado líder, o Lula, tivesse se envolvido neste “imbroglio” e o PT agiu para “preservá-lo” obrigado por ele. Finalizando, o Partido Comunista chinês deu uma aula de respeito as leis ao permitir que fossem julgados próceres do partido e aceitado as decisões judiciais. Talvez seja um bom exemplo a ser seguido por aqueles que vêem “golpe” ou “desdobramentos sinistros” onde TODOS vêem apenas aplicação das leis num ambiente democrático e de justiça plena. By the way, pensemos antes no Brasil e no seu povo sofrido e não naqueles que se esmeraram para surrupiar dinheiro que seria em benefício destes humildes brasileiros.

    Miguel do Rosário

    04/10/2012 - 11h26

    Peter, tem razão. O único partido de esquerda sendo julgado é o PT. Mas o PT é o principal partido de esquerda no Brasil e portanto a sua execração pública atinge todo esse espectro.

    É equivocado dizer que “todos vêem apenas aplicação das leis”. Há um debate na sociedade sobre ser um julgamento de exceção, na medida em que o tribunal vem mudando a jurisprudência para condenar sem provas, e os ministros são vistos fazendo proselitismo político e dando sermões pseudomoralistas.

      Peter

      04/10/2012 - 12h03

      Miguel, respeito sua opinião, mas não considero o julgamento como “julgamento de exceção”. A pueril estratégia de TODOS os milionários advogados contratados a peso de ouro (como assim?)pelos acusados se baseava na tese de que o dinheiro era “caixa 2” (um “crime menor”) e que o dinheiro era de fonte privada. Ora, em se configurando cabalmente com provas robustas que o dinheiro era PÚBLICO (via Banco do Brasil) e que o dinheiro transitava (cheques, recibos, etc.) para pessoas e não partidos, a tese do caixa 2 também desmoronou. Desta forma, o processo tomou o rumo que já era esperado. Corrupção ativa e lavagem de dinheiro seriam, no mínimo, as opções que restavam aos juízes para imputar em cada réu. Não sei a sua opinião sobre o resto do meu comentário, especialmente sobre o PC chinês, mas acho que seja um bom começo de aprendizagem para aqueles que acham que vale a pena ser “ixperto” sobre a população humilde do Brasil.

        Miguel do Rosário

        04/10/2012 - 12h13

        Veja a confusão. Não se provou que havia dinheiro “público”. A interpretação sobre isso foi polêmica, baseada na ilegalidade dos tais “BVs”. De qualquer forma, mesmo considerando o dinheiro público, esse dinheiro consistiu em percentual pequeno do volume total do mensalão, cujo grosso (+ de 90%) era dinheiro privado dos bancos Rural e BMG. A acusação acha estranho que bancos tenham emprestado dinheiro ao PT. Por que estranho? O PT era o partido vencedor das eleições presidenciais, estava em ascensão, tinha mais de 1 milhão de filiados. Por que não emprestar?

        Me desculpe mas vou desconsiderar seu comentário sobre o PC da China, um país totalitário, que não admite o contraditório e sem independência entre os poderes.

    Zeca Junior

    04/10/2012 - 17h53

    Caro Peter, onde estava você quando o Sarney comprou o quinto ano de mandato presidencial? E quando o FHC usou dinheiro público para aprovar no Congresso a própria reeleição? E, principalmente, quando “ixpertos” nacionais e estrangeiros fizeram a festa da privataria com dinheiro público e generosos financiamentos do BNDE (na época não havia o “S”, de “Social”)?
    “By the way” (chique isso, não?), o primeiro a pensar no povo sofrido do Brasil e tomar medidas concretas para resgatá-lo do sofrimento histórico foi justamente o metalúrgico nordestino, que perdeu três eleições seguidas com campanhas “limpas” (by the way, onde você estava em 1989?) antes de, em 2002, vencer jogando o jogo criado pelo sistema representativo brasileiro para nunca mais parar de vencer – um verdadeiro ponto fora da curva para os que sempre se beneficiaram desse jogo e jamais foram punidos por isso.
    “By the way” (taí, gostei), a impunidade não foi derrotada, ela continua imperando a cada vez que o Joaquim Barbosa arquiva o processo do Mensalão Tucano, a cada vez que o Gilmar Mendes concede habeas corpus a figuras como Daniel Dantas e Cacciola e a cada vez que o Roberto Gurgel senta em cima de operações da Polícia Federal que revelam a promiscuidade entre organizações verdadeiramente criminosas, como a liderada pelo Carlinhos Cachoeira, e políticos e publicações da chamada “direita brasileira”.

      Peter

      05/10/2012 - 03h36

      Como Jack the ripper, vamos por partes.

      1 – O artigo era originalmente sobre a esquerda. O PT no governo deveria ser um partido que trouxesse a ética e uma nova forma de fazer política. Reduzí-lo para comparar com conhecidos políticos, símbolos do passado, não ajuda em nada no futuro da esquerda. Só prova que o PT é um partido igual e age desonestamente como os demais.

      2 – O PT está a mais de 10 anos no poder e NADA fez de concreto em relação a estas denúncias de governos anteriores, e pior, acrescentou outras centenas de sua própria lavra e assinatura. Isto nos leva a crer que ou fomos muitos idiotas de acreditar no discurso do PT de renovação ou precisamos ser cúmplices de uma quadrilha de patológicos cleptomaníacos de dinheiro público.

      3 – Quem trouxe o Cachoeira para o cenário nacional foi o “ilibado” Waldomiro Diniz, que a mando do seu chefe o “probo” José Dirceu foi ao escritório do bicheiro achacá-lo. Bom início para um governo que se dizia ético e honesto.

      4 – O STF está fazendo o seu papel. Cabe ao Governo fazer o dele. Explicar o motivo de não reconduzir membros do Comitê de Ética Pública, o porquê de ameaçar o STF com cartinhas acintosas, o por quê de realizar imensos gastos em obras públicas com empresas como a DELTA, o por quê das obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas serem feitas sem licitação, o por quê de defender réus JULGADOS pelo STF envolvidos em desvio de dinheiro público, e uma imensa lista de por quês.

      5 – Quanto ao Lula, sua história é BEM diferente da que vai sendo contada e duvido que você saiba. Conheço MUITO bem Lula e a origem do movimento sindical, sua interação com as empresas automobilísticas alemãs, seu envolvimento com redes católicas como a Miseror, com o Golbery e o SNI e a preocupação que a liberdade sindical saísse do controle e a disposição de um jovem macunaíma brasileiro que queria apenas tirar vantagem da situação que se vislumbrava.

      6 – Lula era o marionete do poder que transitava como oposição. Para ele tudo era questão de vantagens. Desta forma, a onipresença de Lula sufocou toda e qualquer manifestação que a esquerda poderia trazer de novo. Era sempre Lula. Perdia eleição atrás de eleição. Mas quem decide os destinos do Brasil impunha ele de novo.

      7 – Até o momento que precisavam de uma cara popular para que o povo pudesse engulir mudanças impopulares que FHC e outros que o precederam, apesar das inúmeras concessões feitas, se recusaram a realizar.Assim, o compromisso de apoio ao Lula para que se tornasse presidente passava pela aprovação de mudanças na Previdência e outras impopulares mudanças.

      8 – Vaidoso e ansioso para assumir a oportunidade, ele aceitou tudo. Porém a maioria no Congresso não surgiu. O desespero tomou conta na mesma proporção da pressão para estas aprovações se consolidarem. Daí surgiu a sugestão que já havia sido aplicado em proporções tímidas em MG. Dinheiro surgiu, votos mudaram e deu no que deu. Porém Lula ficou a margem deste problema politico, deixando José Dirceu e outros no centro dos acontecimentos. A certeza de impunidade se baseava no critério que a maioria do STF tinha sido indicada por ele. Porém ele, arrogante e portanto descuidado, esqueceu de combinar o placar com o adversário. Na hora do julgamento, que foi adiado inúmeras vezes, ele pensou que os ministros, outro grupo bem vaidoso também, iria segui-lo cegamente após diversos entreveros entre Executivo e Judiciário, e além do mais ele era agora um reles ex-Presidente e o STF era livre para julgar da forma que a consicência dos ministros assim exigisse.

      Concluindo, se a esquerda pode aprender algumas lições,a mais importante é não seguir Lula no seu devaneio de achar que é deus. Depois desfraldar a bandeira esquecida da honestidade e da ética. E finalmente escolher bem seus membros e seus aliados políticos. Ver Lula com Maluf foi como ver o epitáfio de um espertalhão, que de tão metido a esperto, deu rasteira nele mesmo.

        Miguel do Rosário

        05/10/2012 - 10h50

        PT não assumiu para trazer ética, mas para fazer um governo mais democrático. Ética é algo de ordem pessoal, não partidária. Interessante que um reacionário antilulista como você vote no Freixo. Faz sentido.

rildoferreiradossantos@gmail.com

04/10/2012 - 08h49

Como regra a elite sempre falou grosso com o povão e quando este tentava falar diziam “sabe com quem esta falando?”. Lula quebrou esse paradigma, mas eles ainda não aprenderam a conviver com a diferença. Talvez isso explique a falta de respeito às opiniões divergentes uma vez que não aprenderam a dialogar.

Mauricio

04/10/2012 - 08h34

A pedra no sapato da direita é o capitalismo neoliberal quebrado. Ficaram sem discurso. Nem Luciano Huck candidato adiantará de alguma coisa. O clima para golpe branco no Brasil também não há. O povo segue votando na esquerda e a imprensa desacreditada grita sozinha. E eu daqui dou risada do fracasso da elite.

Paulo Camargo

04/10/2012 - 01h40

Grande texto, Miguel, grande texto! Só pra constar ( e reforçar): mexeu com Lula ( ou com Dilma), mexeu conosco! Com certeza, muitos milhões de pessoas no país pensam assim. Conforme colocado no final do texto, ressalta-se: estamos de olho, direita, “STF” e PiG, aqui não é Honduras, aqui não é Paraguai. Gracinhas golpistas serão prontamente rechaçadas. Parabéns pelo ótimo texto, blogueiro…

    Miss Papuda 2012

    04/10/2012 - 23h11

    Desculpe o ataque de riso, mas os Guerrilheiros de Festim correrão de uma foto de um Marine Brasileiro, em tamanho natural, feito de papelão.

    Todos correndo para debaixo do Balcão do Magazine do Homem.

    HAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAH

Pedro Cruz

03/10/2012 - 21h28

Mexer com LULA é mexer com 85% dos brasileiros. Em 2005 não tiveram culhão. Tentem!!

    Miss Papuda 2012

    04/10/2012 - 23h09

    É isso aí.

    Conto com você para me substituir no Balcão do Magazine do Homem, no interior do Paraná, sendo Guerrilheiro de Festim.

    Abraços,

    Joséfa Dircélia, Miss Papuda 2012

Elson (o troll)

03/10/2012 - 21h15

Isso é só o começo…

Colocaremos LULA na cadeia, e depois veremos Dilma definhar e ser devorada pelo PMDB e PSB…

Pedro Cruz

03/10/2012 - 21h10

Miguel, acredito ser cedo para dizermos que a esquerda sairá derrotada, concordo com o restante do texto. Acho que sairá mais preparada para os embates e numa melhor correlação de fôrças.
Nas eleições podemos ir para o 2º turno em Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, Manaus e Fortaleza. Estamos na frente e podemos ganhar no 1º turno no Rio de Janeiro, Rio Branco, Cuiabá, João Pessoa e Goiania. Podemos crescer nas cidades médias e pequenas. Só estou computando cidades onde o PT é cabeça de chapa ou vice. Se perdermos em todas as capitais acima citadas, ainda assim, sairemos vitoriosos. A oposição PSDB, PPS e DEM, esses sim, sairão derrotados.
Começo a me assanhar, isto sim fará uma brutal diferença, com o inicio de movimentos sociais. Funcionários públicos, metalúrgicos e outras categorias de trabalhadores estão ensaiando alguns movimentos. Este é um componente que estava faltando, parece que está chegando em muito boa hora.

Luiz (@LuizAlaca)

03/10/2012 - 20h30

Lições da derrota – http://t.co/NXXuj2ev

H.92

03/10/2012 - 20h09

É o que todos nós torcemos pra acontecer. Valeu por mais um texto, abraço.

migueldorosario (@migueldorosario)

03/10/2012 - 19h57

Lições da derrota http://t.co/PiIwKE2t


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