Post extraído do blog do Igor Bruno.
Eu quero comentar duas matérias publicadas hoje no Globo. Uma delas é um post do Noblat, que tem chamada na capa do site:
Trata-se de um texto de Ricardo Setti, colunista da Veja. Em resumo, o post informa, sempre na base da fofoca, que Eduardo Campos não quer ser senador em 2014 e daí tiram-se as seguintes conclusões acerca do que ele pretende:
1. Ocupar a Vice-Presidência na chapa oficial, mais do que provavelmente tendo a presidente Dilma como cabeça de chapa, mas não descartando Lula também. Tomaria o lugar do PMDB de Michel Temer.
2. Tornar-se vice numa chapa de oposição, atrelado a uma candidatura de Aécio Neves pelo PSDB. Os dois estão se dando às mil maravilhas em Minas (veja-se o apoio firme de Aécio à reeleição do prefeito Márcio Lacerda, do PSB, em Belo Horizonte) e têm um diálogo fácil.
3. Virar ele próprio candidato a presidente pela base aliada, caso a economia complique-se e complique a vida de Dilma, e Lula não tenha fôlego para disputar outra corrida presidencial.
Acontece que Campos já deu inúmeras entrevistas, onde afirma, de maneira bem enfática, que ele e seu partido apoiarão a reeleição de Dilma Rousseff. Pelo jeito, terá que inscrever em bronze e gravar suas afirmações na portaria da editora Abril…
Sobretudo, é completamente absurda a hipótese de Campos vir numa chapa com Aécio Neves, fazendo oposição à Lula e Dilma. Destruiria sua carreira política, e Campos não é burro, nem louco, nem desleal. Ou seja, não se trata de uma análise, mas de uma tentativa descarada de desinformar o leitor.
Outra matéria que gostaria de comentar, também no Globo, é esta:
É uma reportagem interessante e instrutiva, se desconsiderarmos o seu viés oposicionista.
De fato, PMDB e PT não vão muito bem nas capitas. Porém:
- A eleição não terminou. Há semanas que a grande mídia vem tocando o tambor da vitória da oposição em várias cidades, mas as pesquisas vem apontando mudanças importantes no cenário. Em Salvador e Fortaleza, por exemplo, onde os candidatos do DEM lideravam com folga até poucos dias atrás, agora já tem, cada um, um petista na sua cola. Em Manaus, Artur Virgílio também está disputando pau a pau com a nossa querida comunista Vanessa Grazziotin.
- A matéria desmerece o crescimento da esquerda no resto do Brasil, ao afirmar que os partidos da base aliada crescem nos “grotões”. Ora, Campinas é grotão? São Gonçalo, Niterói, Jundiaí, são grotões?
O que está acontecendo, na verdade, é que a esquerda está crescendo, quantitativamente, em todo país. A direita está se espremendo nas capitais, onde se concentram as elites econômicas e seus preconceitos de classe. Mesmo assim, é melhor a direita evitar o salto alto e esperar o abrir das urnas antes de cantar vitória. Uma vez Fernando Henrique Cardoso, então candidato à prefeitura de São Paulo, sentou na cadeira do prefeito antes da eleição. Resultado: perdeu. Quem ganhou foi Jânio, que lhe impôs uma humilhação final: chamou a imprensa e, sob as câmeras, desinfetou a cadeira indevidamente usada pelo tucano.
Chamo a atenção para um trecho da matéria, lá para o fim, onde se admite o declínio da oposição:
De fato, é ampla a liderança dos partidos da base governista na disputa pelas capitais. Hoje, 13 partidos dividem a liderança das disputas nas 26 capitais. Oito deles são da base do governo e dois se declaram independentes, mas costumam acompanhar as orientações do Planalto. PSDB, DEM e PSOL, juntos, ganham a disputa com folga em seis capitais e dividem a dianteira em cinco.
Vale a observação que o candidato do PSOL, citado acima, é Edmilson Rodrigues, que lidera uma chapa coligada aos partidos da base aliada, a começar pelo PCdoB, que tem o vice. Ou seja, é do PSOL, mas é um PSOL “governista”.
A matéria exagera ainda os conflitos entre PSB e PT. Existem, mas após as eleições, a temperatura deve se amainar, e a base aliada tende a entrar em harmonia.
Vale dar uma olhada nos infográficos: