[s2If !current_user_can(access_s2member_level1) OR current_user_can(access_s2member_level1)]
O maior prejuízo que o julgamento do mensalão trouxe às campanhas deste ano é o tempo dedicado a ele. Em vez de oferecer ao público notícias e análises sobre o processo eleitoral, a mídia traz páginas e vídeos sobre a Ação Penal 470. A Folha ontem publicou um caderno especial sobre o mensalão, com ilustrações de Angeli.
A obsessão pelo que acontece no STF atrapalha enormemente a difusão de informações políticas sobre os candidatos. E por isso o início da propaganda eleitoral, nesta terça-feira, representará de fato um divisor de águas nesta campanha.
A coisa vai ficar bem emocionante especialmente em São Paulo, onde o PT tem muito tempo de televisão e um candidato ainda desconhecido. A dúvida é quanto Haddad irá crescer e se será suficiente para se tornar um candidato competitivo.
No Rio, Eduardo Paes entra com uma gigantesca estrutura de propaganda. Tem 16 minutos, muito mais do que todos os adversários juntos. Tem apoio de 20 partidos. Lula deve ter gravado um depoimento emocionante em favor do candidato.
Não é de se estranhar que Lula tenha escolhido o Rio e Paes para estrear sua participação no horário eleitoral. O Rio de Janeiro se tornou uma espécie de vetor estratégico para o projeto de poder do PT e do governo federal. Aqui no Rio concentrar-se-ão um número incrível de obras, do PAC, do PAC II, da Copa, das Olimpíadas, ou mesmo sem ligação nenhuma com esses planos.
Se tudo der certo, e se a administração local não fizer muita besteira, o Rio se tornará uma espécie de cidade-modelo no país, com VLT (trem de superfície) no centro da cidade; zona portuária modernizada (hoje é uma área horrível, degradada); modais de transporte interligados para beneficiar o comércio exterior; aeroportos reformados.
Os cariocas encaram tudo isso, como é de seu feitio, com ceticismo, esperança e bom humor.
A campanha do principal adversário do atual prefeito, o psolista Marcelo Freixo, conseguiu marcar alguns importantes gols, como o recente encontro de jovens na Cinelândia.
Freixo tem potencial para crescer ainda bastante, embora seja pouco provável que consiga forçar um segundo turno. Entretanto, terá que tomar mais cuidado para não repetir erros como o que cometeu recentemente, ao afirmar que o programa Minha Casa Minha Vida estimula o crime organizado, o que enfureceu simpatizantes do PT na cidade.
É interessante notar que Freixo, ao ganhar o voto jovem-que-frequenta-as-redes-sociais, aniquilou a estratégia de Rodrigo Maia de explorar esse eleitorado. Maia ficou apenas com a xepa, e o voto lúmpem que restou das áreas de influência de Garotinho (cuja filha, Clarissa, é vice na chapa de Maia), e César Maia.
Outra curiosidade da campanha no Rio, é a falta de expressão do candidato tucano, Otávio Leite, cujo primeiro ato de campanha, incrivelmente, foi “um abraço na Perimetral”.
A obsessão de Leite pela perimetral é decididamente idiota. Já estão adiantados os túneis por baixo da praça Mauá que substituirão o pavoroso viaduto. Sua derrubada é fundamental para iluminar e abrir a praça XV, devolvendo a belíssima vista da baía ao centro histórico.
*
O Ibope divulgou hoje a íntegra da mais recente pesquisa de intenção de voto no Recife, onde rola também uma disputa com alguma emoção. PT e PSB/PMDB estão em pólos opostos, e os apoiadores destes dois partidos estão inclusive insuflando críticas do PSOL ao PT para desgastar este último.
Selecionamos alguns gráficos e fazemos uma análise detalhada.
[/s2If]
[s2If !current_user_can(access_s2member_level1)]
Para continuar a ler, você precisa fazer seu login como assinante (no alto à direita). Confira aqui como assinar o blog O Cafezinho.[/s2If]
[s2If current_user_can(access_s2member_level1)]
Acima temos a espontânea, onde não são apresentados nomes ao entrevistado. Ele tem que dizer espontaneamente em quem vai votar. Nessa lita, temos Humberto Costa (PT) com 15% e Geraldo Júlio (PSB) com 11%. Mendonça, do DEM, está com 7%. Observe a força de Geraldo entre os mais ricos: 27% entre os mais ricos, contra 8% de Humberto. Isso pode ser um bom sinal, se indicar que o candidato só não é maior entre os mais pobres porque eles não o conhecem.
Conclusão: teremos uma eleição extremamente disputada em Recife, entre Humberto Costa e Geraldo. Por trás desses nomes, estarão, respectivamente, Lula e Eduardo Campos, os quais, apesar de aliados, representam os interesses divergentes entre PT e PSB. Algumas notícias dão conta de que Lula passou a dar importância estratégia à eleição em Recife, porque uma eventual vitória do PSB poderia levar Eduardo Campos a cogitar se lançar como candidato à presidência já em 2014.
Repare que, na estimulada, a quantidade de indecisões é impressionantemente baixa. Ou seja, o eleitor recifense, em sua maioria, conhece seu candidato. Isso é uma vantagem para o líder nas pesquisas, Humberto Costa, que tem 38% da preferência dos mais pobres. Esse voto do mais pobre, quando se consolida, é difícil mudar, porque ele não lê jornais, não frequenta redes sociais, e na TV costuma apenas ver programas de entretenimento. E Costa tem o trunfo de ter Lula a seu lado, o que contará ponto quando começar o horário eleitoral.
Até o momento, um segundo turno daria vitória tranquila à Humberto Costa. Ele teria votação arrasadora entre os mais pobres.
A rejeição de Humberto Costa entre os mais ricos é algo curioso, e certamente vai atrapalhar em termos de arrecadação de campanha. A sorte de Costa é que o PT nacional está com muito recurso. Outro fator que irá ajudá-lo é a consolidação da expectativa de que ele será o novo prefeito:
Mesmo entre os mais ricos, que votam de preferência em Geraldo ou Mendonça, uma larga maioria de 45% acha que o petista será vitorioso.
No gráfico assim, vemos outro possível ponto fraco de Humberto Costa. O atual prefeito, também do PT, não é muito popular. Um total de 40% acha sua administração ruim ou péssima, com ênfase em “péssima”. Entretanto, Humberto não é João, e a sua entrada na campanha se deu justamente para afastar o atual administrador.
Em termos de aprovação, os números são ainda piores para João da Costa. Mesmo entre os mais pobres, uma maioria o desaprova. Entre os mais ricos, a desaprovação atinge 70%.
Por fim, temos duas tabelas importantes para se entender o jogo de forças em Recife. Na primeira, vemos que Eduardo Campos goza de excelente popularidade no município, com 68% dos entrevistados dizendo que sua administração é boa ou ótima.
Uma curiosidade é que os ricos gostam mais de Campos do que os pobres, mas ele tem boa pontuação em todas as classes.
Dilma também é bastante popular na cidade, com 59% dos eleitores considerando seu governo bom ou ótimo.
A íntegra da pesquisa está aqui.
[/s2If]