(Ilustração capa: Jonhatan Meese)
A CPI do Cachoeira está mais viva que nunca, apesar dos mervais piguianos pintarem-na, diariamente, como moribunda. Novas gravações têm aparecido, os dados referentes aos sigilos estão sendo processados, ela continua enfim produzindo elementos úteis à investigação. Outro dia mesmo, a CPI revelou que o grupo Cachoeira fez saques de R$ 16 milhões em ano eleitoral, e não R$ 8 milhões conforme a PF havia apurado. A informação veio através dos sigilos quebrados, o que derruba a tese de que a CPI não vem acrescentando nada ao que já havia sido descoberto pela polícia.
Há novidades também sobre o caso dos aloprados; no mínimo, é uma curiosidade: um vídeo com Dadá e Mino Pedrosa comemorando, eufóricos, a prisão dos petistas, com Pedrosa dizendo que os tucanos haviam feito uma armadilha. De fato, aquele episódio apenas prejudicou Lula, e abafou o escândalo da máfia das ambulâncias, que envolvia Serra, com direito a imagens e vídeos do tucano em evento comemorativo junto aos meliantes; sem falar nas denúncias dos Vedoin contra o ex-ministro. Essas denúncias, como bem lembra PHA, jamais chegaram ao Jornal Nacional. E aí que reside a força de Serra, ele tem blindagem na Globo.
Soubemos hoje também que o diretor da revista Época foi demitido há poucos dias porque apareceu num áudio da PF, negociando com Dadá matéria contra concorrente da Delta. Ou seja, a Época integrava o esquema Cachoeira, que usava a mídia para chantagear políticos e beneficiar a Delta.
O quebra-cabeças agora está bem inteligível. Falta apenas chegarem as transcrições completas das conversas envolvendo Poli e outros figurões da mídia.
A CPI pegou ainda um petista, o prefeito Raul Filho, de Palmas, enrolado nas teias do esquema, fazendo a mídia se empolgar novamente. A Folha publicou editorial dizendo que o foco da CPI agora tem de ser Raul Filho, claro, porque ele é do PT. Sugiro à CPI que dê a devida atenção ao caso, porque ele permite desconstruir as acusações de partidarismo com que tentam desprestigiar o trabalho da comissão.
Como declarou Walter Pinheiro, quando ainda se discutia a criação da CPI: “caiu na rede, é peixe!”. Se o PT não teve receio nem da possível fritura de um governador do partido, Agnelo Queiroz, não vai ter medo de um prefeito. O interesse popular é que a comissão vá fundo, e investigue impiedosamente todos os envolvidos, independente de partido. Trata-se de uma das máfias mais sinistras já registradas na história brasileira, porque conseguiu pautar por anos a agenda política nacional e jogar o jogo da mídia partidária.