Ilustração capa: Makoto Saito “Portrait of Laurence (Recognition)
A semana promete fortes emoções, por causa da presença dos governadores Marconi Perillo e Agnelo Queiroz na CPMI do Cachoeira. Há grande expectativa sobre o grau de belicismo dos parlamentares. A tendência é guerra total, o que pode estimular uma disputa por novos vazamentos à imprensa.
Hoje há três matérias pertinentes aos governadores. O Estadão deu destaque de capa a uma notícia requentada sobre o governador do DF, com denúncia referente ao tempo em que ele diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A Folha publicou entrevista com Marconi Perillo, onde o repórter às vezes parece mais interessado em arrancar do governador ataques a Lula do que explicações convincentes sobre sua relação com o esquema mafioso de Carlinhos Cachoeira.
Por fim, o Globo publica reportagem, baseada em áudios obtidos junto à Polícia Federal, nos quais o próprio Cachoeira ordena que o dinheiro da venda da casa que Perillo vendeu seja entregue na sede do governo. Os áudios desmentem a versão de Perillo, de que recebeu o pagamento em cheque.
Semana passada, o depoimento de Walter Paulo, administrador da empresa Mestra, também afirmou que pagou o valor em dinheiro vivo.
Os parlamentares agora querem saber quantos pagamentos foram feitos pela casa de Perillo. Até agora são três: os cheques que Perillo afirma ter recebido; os “pacotinhos” com notas de 50 e 100 de Walter Paulo; e o dinheiro que Cachoeira mandou entregar. Haja pagamento!
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Ainda no Globo, a coluna de Noblat permanece infensa aos desdobramentos do caso Cachoeira, e desfere o milionésimo ataque contra José Dirceu.
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Seja como for, o desempenho da CPI calou a boca de todos que a xingaram ou tentaram desqualificá-la. Foi até bom que chamaram também Agnelo, apesar dos indícios de que o esquema Cachoeira agia contra ele, tentando chantageá-lo ou mesmo derrubá-lo, e não em parceria com ele, como acontecia em Goiás. Afinal, à mulher de César não basta ser inocente, tem de parecer inocente, e a CPI tem conseguido atravessar incólume o corredor de fogo a que foi submetida. Chamando governadores da oposição e da situação, promove a imagem de isenção.
Quer dizer, agora se espera que ela continue processando os dados, e investigue a fundo das relações promíscuas entre o Clube Nextel e os meios de comunicação, em especial a revista Veja, que usava os grampos clandestinos fornecidos pelo esquema criminoso de Cachoeira para atacar e chantagear políticos. Essa é a grande expectativa, porque representaria algo como o indiciamento de Rupert Murdoch, na Inglaterra.