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Os partidos e a moral

Atentem para os currículos, ou prontuários em alguns casos, mas não embarquem no discurso moralista do partido A, B ou C.

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No blog Democracia & Política (Via Nassif)

“Há 11 meses, PSDB e DEM protocolaram na Procuradoria-Geral da República um pedido para investigar corrupção no Ministério dos Transportes. Entre os citados, o então ministro Alfredo Nascimento e o deputado Valdemar Costa Neto. Ambos do PR. Há três dias, o PSDB de José Serra selou aliança com o mesmo PR do mesmo Valdemar Costa Neto. E com a presença do mesmo Alfredo Nascimento, agora ex-ministro, na cerimônia do acordo.

O governador Perillo, do PSDB de Goiás, está cada dia e cada noite mais enroscado na CPI Cachoeira/Demóstenes. A ponto de o líder do PSDB e integrante da CPI, Álvaro Dias, dizer:

– Perillo já foi atingido, mas vai esclarecer a compra da casa.

Na fila da CPI, outro enroscado: Agnelo Queiroz, governador do PT em Brasília.

E assim a CPI segue no seu movimento pendular. Na sua política de redução de danos. Do tipo “se pegar um meu, eu pego um seu”. Não faltará o que pegar se e quando forem abertas as contas da “Delta” em todo o país. A Delta está nas obras do PAC. A Delta está nas obras de governadores dos principais partidos. Mas não é só a “Delta”.

Há um ano, Luis Antonio Pagot foi demitido do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), no mesmo Ministério dos Transportes. Na revista “IstoÉ” desta semana, Pagot afirma que empreiteiras foram “convidadas” a fazer caixa para a campanha de Dilma em 2010. Segundo Pagot, o caixa se encheu. Segundo Pagot, Caixa 1; dinheiro legal, declarado, e não Caixa 2, mas com o pires rodando entre as empreiteiras.

O mesmo Pagot disse: “Todos os empreiteiros do país sabiam que o ‘Rodoanel’ financiava a campanha de Serra em 2010”. Serra negou, e o PSDB anuncia processo contra Pagot. O PT também negou.

Quem acusa tem que provar o que diz. Essa é uma regra básica do Direito. Acusados não são culpados até prova em contrário. Pena que na política brasileira essa regra, a da presunção da inocência, só é, só seja, invocada quando o acusador se torna alvo.

Lembremos a queda do ex-ministro dos Esportes, Orlando Silva: o policial João Dias, então, disse à revista “Veja” que existia um vídeo com o ministro recebendo dinheiro numa garagem do ministério. O vídeo, ao menos o vídeo, não existia, ninguém viu. Mas a onda foi enorme. E Orlando Silva foi tragado.

Mensalão do PT, mensalão do DEM em Brasília, mensalão do PSDB em Minas, a Delta, o Cachoeira, o Demóstenes, o Perillo e o Agnelo, os guardanapos do Sergio Cabral em Paris, a marginal do rio Tietê, o Rodoanel…

Tudo isso a ser julgado, ou ainda investigado. Enquanto não se prova culpa ou inocência dos envolvidos, nas eleições deste ano pense e discuta… a sua cidade.

Atentem para os currículos, ou prontuários em alguns casos, mas não embarquem no discurso moralista do partido A, B ou C. Pelo rumo dos ventos e dos eventos, pelo que cada partido diz e aponta sobre o outro, até prova em contrário nenhum deles tem autoridade para disputar hegemonia moral.”

FONTE: vídeo e texto de Bob Fernandes, no portal “Terra Magazine” (http://terramagazine.terra.com.br/bobfernandes/blog/2012/06/07/partidos-nao-tem-autoridade-para-disputar-hegemonia-moral/).

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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