Setores da mídia, e seus aliados na oposição política, almejam uma liberdade de imprensa que seja um privilégio para poucos.
Se Paulo Henrique Amorim perder seu anúncio da Caixa porque Gilmar Mendes assim o quer, ou porque Mendes acha que PHA ofende as instituições, então o Globo, o Estadão, a Folha e a Veja terão que devolver todo o dinheiro que receberam de 1964 até hoje, em função de sua contínua campanha contra as instituições. A começar pela pior campanha de todas: a campanha pelo golpe, bem sucedida, que lhes valeu não apenas muito dinheiro da ditadura, como a asfixia de seus adversários e concorrentes e aprovação de leis que lhes beneficiaram financeiramente. Toda a vez que a ditadura censurava ou fechava um jornal ou revista no Brasil, crescia o poder da Globo.
Os poderosos da mídia vivem falando na sacra liberdade da imprensa, que ela é sinônimo de democracia. Eu digo que a blogosfera também é importante para a democracia. É um contrapeso à grande imprensa e isso constitui um fator de equilíbrio. A blogosfera enriquece o debate, traz as pessoas para dentro do sistema, fazendo-as agregar suas respectivas inteligências ao jogo político.
Eu gostaria de perguntar ao jornalista Jorge Bastos Moreno e a Gilmar Mendes se publicar contas falsas de autoridades (presidente da república, ministros, etc) no exterior é ofender as instituições.
Publicar uma ficha falsa de um candidato a presidente na capa do jornal é ofender as instituições?
Eu gostaria que os ministros do STF analisassem os arquivos dos blogs da Veja e conferissem se o tal respeito às instituições é um conceito que se possa levar à sério na internet brasileira.
Eu gostaria de perguntar a Jorge Bastos Moreno e a Gilmar Mendes se atacar autoridades usando grampos ilegais, ao longo de vários anos, tendo como fonte um notório bandido, é atacar as instituições.
Agora, perguntem se Lula ou Dilma pediram para que as estatais parássem de anunciar na mídia. Não, não pediram. Até porque a mídia ainda se beneficia de leis criadas no tempo da ditadura, ou fixadas durante o período. Quando a nova Constituição foi sancionada em 1988, os mesmos grupos de mídia que apoiaram a ditadura posavam de “democráticos” e usaram seu poder para que as leis aprovadas lhes beneficiassem. Estavam no auge de seu poder, com seus adversários no campo da comunicação destruídos, então puderam agir como donos do pedaço.
Já o senhor Gilmar Mendes, após produzir uma crise política com seu destempero e falta de decoro, quer asfixiar um blog porque este o critica? E a mídia idolatra esse medíocre e ridículo tiranete?
Ao atacarem PHA, Gilmar Mendes e seus amigos, atacam também o Cafezinho, e milhares de outros espaços similares. Eu tenho algumas afinidades com o Conversa Afiada e a internet funciona em rede, de maneira que qualquer coisa que prejudique o blog de PHA prejudica também a mim.
Blogs têm o mesmo direito que qualquer empresa ligada à mídia velha tem de receber publicidade institucional.
Eu quero saber, como cidadão brasileiro, o quanto empresas como Globo, Estadão, Folha e Abril, e todos os grupos de mídia, ganharam do setor público desde 1964 até hoje. Quero somar tudo, ajustar pela correção monetária e inflação e chegar a um resultado. Quero fazer um belo infográfico com esses números.
Quero juntar esses dados com estudos mostrando as leis e benefícios que a ditadura trouxe a esses grupos de mídia e convertê-los em valor.
Vai ficar bem interessante e um excelente fonte de material para entendermos a história da comunicação social e a realidade da política.
Eu peço encarecidamente que os pesquisadores do IPEA tomem a iniciativa de fazerem esse resgate histórico.
Quanto menos as estatais aplicarem verba institucional nos grandes grupos de mídia, e mais nas mídias pequenas e médias, e na internet, mais contribuirá para amenizar a concentração midiática no Brasil.
A guerra política agora virou uma guerra maquiavélica para fazer os independentes voltarem ao mimeógrafo, enquanto os grandes continuam fechando contratos bilionários com entes públicos.
Eu entendo que os jornalões defendem a liberdade de imprensa. Espero que entendam que eu defenda a liberdade da blogosfera. E liberdade, para um jornalista, significa ter os mesmos direitos à publicidade institucional de que gozaram os velhos grupos de mídia ao longo dos últimos 50 anos.
Viva a liberdade de expressão na internet brasileira.
Gilmar questiona uso de dinheiro público para atacar instituições
O ministro Gilmar Mendes acaba de informar à Rádio do Moreno que vai entrar com uma ação na Procuradoria Geral da República, solicitando o substrato das empresas estatais que usam o dinheiro público para o financiar blogs que atacam as instituições.
— É inadmissível que esses blogueiros sujos recebam dinheiro público para atacar as instituições e seus representantes. Num caso específico de um desses, eu já ponderei ao ministro da Fazenda que a Caixa Econômica Federal, que subsidia o blog, não pode patrocinar ataques às instituições.
( Eu sei bem de quem o ministro está falando, mas, como me disse Jobim sobre essa confusão toda, “eles que são branco é que se entendam” . Jobim, Heraldo, FH e eu vamos ficar na nossa. No caso, Heraldo, não é pra menos, quer distância desse blogueiro. Eu só não sabia que a Caixa Econômica patrocinava esse tipo de blog )
O ministro explicou que, nem de longe, sua decisão visa atingir a liberdade de expressão. Pelo contrário, é em defesa que se luta contra as pessoas que não se acostumaram a viver dentro de um regime democrático.
— O direito de crítica, de opinião, deve ser respeitado. Mas o ataque às instituições é intolerável — acrescentou o ministro Gilmar Mendes.