Fiz duas tabelas que trazem dados esclarecedores sobre a importância da Argentina para o comércio exterior brasileiro, especialmente para a indústria. Dê uma olhada nelas e leia os comentários abaixo delas.
A tabela traz os principais produtos exportados pelo Brasil. Quero chamar a atenção para os produtos industrializados. São três as categorias principais de produtos industrializados exportados pelo Brasil. Máquinas com motor, veículos e aparelhos elétricos. Tem ainda o item aviões, mas deixemos este de fora, por enquanto.
Na tabela abaixo, temos os percentuais. A primeira coluna de cada país é o percentual sobre o total exportado daquele produto. A segunda, é o percentual da exportação de um produto para o país selecionado sobre o total exportado para o mesmo país.
Observe que a a Argentina responde por 59% das exportações brasileiras de veículos, que é um setor que abrange as indústrias de carros, autopeças, tratores, etc. É o principal eixo industrial do país. Os EUA respondem por apenas 1,7% das exportações, e a Europa, 0,8%. A exportação brasileira de veículos depende basicamente, portanto, da Argentina e outros países latino-americanos.
A participação da Argentina na exportação de máquinas como motor e aparelhos elétricos também é fundamental. Ela responde por 16%, contra 18% dos EUA e 20% da União Européia. Se analisarmos o preço médio desses itens, veríamos ainda que a Argentina é a que compra os produtos com maior valor agregado. Tenha em mente que a Argentina tem população de 40 milhões de habitantes, contra 300 milhões nos EUA e quase 500 milhões na União Européia.
Infelizmente, a mídia brasileira jamais deu destaque à importância vital da Argentina para a indústria brasileira. Quando traz alguma reportagem sobre o comércio exterior entre os dois países, é apenas para levantar os problemas, que são normais em função do altíssimo nível de integração comercial entre os dois países, sobretudo entre suas indústrias. Os setores industriais de Brasil e Argentina passam por uma difícil e mesmo dolorosa acomodação, pois implicará, no longo prazo, em fechamento de fábricas aqui ou lá. Não interessa ao Brasil, porém, que a integração seja desiquilibrado, como aconteceu na União Européia, com a Grécia e outros países periféricos sofrendo forte desindustrialização. O Brasil precisa de uma Argentina forte e industrializada.