O blog Nassif conseguiu matar uma boa charada. Tipo de coisa que a imprensa faria facilmente se o PT estivesse envolvido, mas que silenciam e se negam a informar como são seus aliados que estão na roda.
PS: Leitora pediu informações mais didáticas. Vamos lá:
- Gilmar Mendes era presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) no ano de 2008.
- A Polícia Federal e a ABIN estavam chegando perto de Cachoeira. O esquema ficou paranóico. Gilmar Mendes e Demóstenes Torres inventam um grampo, com o que produzem um factóide que derruba o diretor da Abin, Paulo Lacerda.
- Gilmar Mendes chama Jairo Martins para ser seu consultor de contra-espionagem dentro do STF.
- Em 2012, a PF desbarata o esquema Cachoeira. Descobre que Demóstenes Torres era um dos cabeças do esquema, e Jairo Martins, um de seus principais operadores.
- Gilmar Mendes, desesperado, dá entrevista à Veja, tentando se blindar, acusando Lula de lhe chantagear (como se fosse possível a Lula, em tempos de informação aberta, impedir que a CPI descobrisse as eventuais falcatruas de Gilmar). Segundo Mendes, a chantagem de Lula se deu dentro do escritório de Nelson Jobim, com presença deste.
- Jobim nega peremptoriamente o conteúdo da Veja, e ainda afirma que Lula não ficou sozinho um só momento com Gilmar.
- Outros ministros do STF também negam que Lula tenha feito qualquer insinuação que possa ser interpretada como pressão.
- Veja consegue o impossível: ir mais fundo que o nono círculo do inferno, até então considerado por Dante como o último. Não era. Há um outro círculo: Veja o estreou.
Comentário de Nassif: De certa forma, confirma o receio do Procurador Geral da República que, caso a denúncia sobre Demóstenes Torres chegasse ao Supremo, as investigações ficariam comprometidas.
Gilmar colocou no coração do Supremo o principal operador da conexão Cachoeira-Veja.
Notícia do Estadão de 30 de abril de 2011
Medo de espionagem leva até STF a pagar agentes
Desde o suposto grampo contra Gilmar Mendes, em 2008, Supremo foi dominado pela paranoia da espionagem
Vannildo Mendes, de O Estado de S. Paulo
Desde o escândalo do suposto grampo contra o ministro Gilmar Mendes, em 2008, o Supremo Tribunal Federal (STF) também foi dominado pela paranoia da espionagem, a exemplo do setor público em geral. O próprio ministro teria, deste então, um “personal araponga” – que lhe dá assessoria informal quando a ameaça vem de fora.
O trabalho é feito pelo ex-agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Jairo Martins [um dos principais arapongas do esquema Cachoeira], hoje um dos nomes mais requisitados do mercado. Ele nega essa condição profissional.
Em razão da natureza de seu trabalho, todos os ministros têm proteção especial – mas alguns são mais preocupados que outros. É o caso de Marco Aurélio Mello, que costuma pedir mais varreduras no seu gabinete, e do atual presidente, Cezar Peluso.
O STF tem até uma Secretaria de Segurança Judiciária, que faz treinamento permanente de suas equipes em ações de inteligência. Esse cuidado confirma a preocupação crescente da Corte com a proteção de seus documentos e com a chamada “segurança orgânica das instalações”.
O Supremo recusou-se a dar informações sobre tamanho, forma e estrutura de sua área de inteligência. Conforme denúncia investigada em 2008, arapongas da Abin teriam grampeado uma conversa entre Mendes, então presidente da Corte, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Embora nunca confirmado, o suposto grampo derrubou o diretor da Abin, Paulo Lacerda. Na sua gestão, a agência havia sido reestruturada, os salários tiveram significativo aumento e o último concurso reforçou o quadro, que chegou a 2 mil profissionais.
Desde então, a Abin nunca mais reencontrou seus rumos e vem perdendo poder. O quadro atual, de 1.560 servidores, entre agentes, técnicos e oficiais de inteligência, vem sofrendo com a evasão. Um quarto desses servidores pertenceu ao Serviço Nacional de Informações (SNI), criado na ditadura militar (1964-1985) para vigiar adversários, até ser extinto no governo Fernando Collor.
O Gabinete da Segurança Institucional, ao qual a Abin é subordinada, centralizou as ações do órgão, depois que alguns dirigentes da categoria se recusaram a fazer parte da “tropa do Elito”, como alegaram de forma jocosa em relação ao general José Elito de Carvalho, titular da pasta. Até o fechamento desta edição, o GSI não respondeu ao questionário do jornal sobre evasão.