(Ilustração capa: David Siqueros, muralista mexicano).
Ler a cobertura dos jornais para a CPI permanece um exercício hercúleo para fugir do emaranhado de intrigas, distorções, cortinas de fumaça, e enxergar a realidade. Se Platão voltasse a vida, poderia usar o exemplo para reescrever o mito da caverna. Na República, o filósofo dizia que só veríamos as sombras projetadas na parede da caverna, estando a verdade lá fora. Hoje ele poderia argumentar que se já era difícil distinguir e analisar as sombras, a coisa se complica muito diante da postura da mídia em bagunçar as imagens brincando de fazer imitações de elefante e pato com as mãos.
Ao fim desta CPI, comentaristas e blogueiros estarão com cérebros tão exercitados em destrinchar enigmas (reais ou fajutos), desbaratar armadilhas teóricas e praticar a contrainformação inteligente, que serão capazes de explicar para seus filhos a filosofia de Gilles Deleuze e persuadi-los a trocar o videogame e a batata-frita por sessões de Tarkóvski e legumes cozidos.
Em outras investigações, a imprensa sempre ajudava. Mobilizava seus melhores repórteres para ir atrás de informações novas e contextualizar as denúncias. Fernando Rodrigues reclamava na Folha ontem que os congressistas não estão analisando com a celeridade necessária os documentos da CPI. Pois bem, há toneladas de material já vazados na internet. Por que a Folha não coloca seus estagiários para filtrar os dados, trazendo-os à luz? Por que não vai atrás dos elos de Cachoeira em Goiás? Antes, os congressistas de CPI eram heróis, mosqueteiros, campeões da ética. Hoje são párias que atacam a imprensa!
A explicação é simples, e na verdade eu até compreendo um pouco a mídia. A CPI envolve a disputa partidária, e a mídia tem medo que a oposição, já combalida, desapareça de vez.
Mas a blogosfera não tem esses cuidados – ela segue antes a máxima de William Blake, para quem “a prudência é uma rica e feia rapariga que não casou, a quem a incapacidade faz a corte”.
O interessante mesmo, em termos políticos, é que a guerra de comunicação, muito intensa há tempos, mas correndo nos bastidores, agora explodiu à luz do sol. Não passa um dia sem que os arautos dos barões da mídia lancem ataques contra membros da blogosfera. Hoje foi a vez de Demétrio Magnoli. Em artigo intitulado “Os bons companheiros“, Demétrio “pau pra toda obra” Magnoli faz uma defesa descarada de Poli, Veja, faz os ataques previsíveis a Dirceu, Franklin Martins, Carta Capital, Mino Carta, Paulo Henrique Amorim, e repercute a velha denúncia contra a tentativa de fazer o “controle social da mídia”.
Alguns leitores acham que não deveríamos dar atenção a figuras como Merval ou Magnoli. Esse é um velho debate na blogosfera. Eu não concordo. Uma das funções mais nobres da blogosfera é dar resposta a essas figuras, que se beneficiam de uma estrutura midiática consolidada ao longo da ditadura militar, que nasceram a partir de grandes empréstimos públicos e sempre foram privilegiadas pelos governos, até a chegada do famigerado Lula. De qualquer forma, esse blog tem como função fazer uma análise diária da mídia, então eu não posso fugir dessa missão. Há gente que cuida da limpeza do lixo nas cidades, há equipes responsáveis por dejetos nucleares, e há blogueiros que analisam textos de Demétrio Magnoli e Merval Pereira. Nem todo mundo é personal trainer da Sabrina Sato ou salva-vidas de piscina em resort. À cada um, sua cruz.
Então, seguremos as ânsias, tampemos o nariz e façamos o nosso dever. Analisemos o artigo de Magnoli, naquele esquema: negrito (Magnoli) e fonte normal (eu).
Os bons companheiros
Por Demétrio Magnoli
De “caçador de marajás”, Fernando Collor transfigurou-se em caçador de jornalistas. Na CPI do Cachoeira, seu alvo é Policarpo Jr., da revista “Veja”, a quem acusa de associar-se ao contraventor “para obter informações e lhe prestar favores de toda ordem”. Collor calunia, covardemente protegido pela cápsula da imunidade parlamentar. Os áudios das investigações policiais circulam entre políticos e jornalistas — e quase tudo se encontra na internet. Eles atestam que o jornalista não intercambiou favores com Cachoeira. A relação entre os dois era, exclusivamente, de jornalista e fonte — algo, aliás, registrado pelo delegado que conduziu as investigações.
Não é só Collor que está investigando o jornalista Policarpo Júnior. Magnoli tenta usar a má-fama de Collor para desmerecer uma suspeita que é de milhares de cidadãos brasileiros e de muitos parlamentares: a de que Poli e a revista Veja associaram-se ao crime organizado. É preciso investigar. Uma coisa é o princípio, tão nobre, da “presunção da inocência”, aliás sempre desrespeitado pela grande imprensa. Outra coisa é tratar um jornalista ou empresa de mídia como “acima de qualquer suspeita”. Aliás, o culpado aqui não é tanto Policarpo e sim a Revista Veja. A associação com o esquema Cachoeira não é a única acusação contra a Veja: ela apenas ajudou a montar o quebra-cabeça. Foi a pincelada que faltava para nos dar uma visão do conjunto. A função da imprensa de denunciar o poder é sagrada, por isso mesmo não pode ser conspurcada por órgãos que praticam invencionices delirantes, como a Veja. Sobre proteger jornalistas, Magnoli omitiu que foi a Veja que iniciou um ataque sistemático, através de seu falso bobo-da-corte, Diogo Mainardi, à jornalistas, numa campanha machartista apenas porque eles não comiam no pratinho antilulista que os barões serviam a seus empregados. Aconteceram verdadeiros expurgos ideológicos nas redações, prática que durou até 2010, com a demissão de Maria Rita Kehl, colunista do Estadão, por um “crime de opinião”: ela escreveu um texto que podia ser interpretado como defesa de Lula.
Os delegados entrevistados pela CPI não têm condições, nem deveriam fazer isso, de constatar algum crime na relação entre Policarpo Júnior e o crime organizado em Goiás. De qualquer forma, a informação é enviesada. O primeiro delegado entrevistado era o responsável pela Monte Carlo, que não flagrou conversas sobre plantações de notícia na Veja e encontros de membros do esquema com Poli. Isto aconteceu na operação Vegas, cujo delegado afirmou na CPI que não podia descartar a existência de ilícito na relação entre o repórter da Veja e o Clube Nextel.
Jornalistas obtêm informações de inúmeras fontes, inclusive de criminosos. Seu dever é publicar as notícias verdadeiras de interesse público. Criminosos passam informações — verdadeiras ou falsas — com a finalidade de atingir inimigos, que muitas vezes também são bandidos. O jornalismo não tem o direito de oferecer nada às fontes, exceto o sigilo, assegurado pela lei. Mas não tem, também, o direito de sonegar ao público notícias relevantes, mesmo se sua divulgação é do interesse circunstancial de uma facção criminosa.
Pois é: publicar notícias verdadeiras de interesse público. Tal como as contas de Lula e ministros no exterior? Tal como os dólares de Cuba? Magnoli esquece que a Veja tem um longo histórico de calúnias políticas extremamente cabeludas. Se fossem equívocos pontuais, causados pelo justo desejo de denunciar o poder, tudo bem. Mas não. Suas denúncias não eram desmentidas mesmo quando gritantemente falsas, e inscreviam-se numa tática editorial visando derrubar o governo, conforme sempre se pôde notar em seu porta-voz na internet, Reinaldo Azevedo. Poli oferecia tudo às fontes: publicava denúncias do esquema Cachoeira visando chantagear políticos. Aliás, faça-se justiça à Veja: não era só ela. O esquema Cachoeira comprou espaço em muitos lugares na mídia. O tal Mino Pedrosa, que segundo gravações recebia 100 mil mensais para plantar matérias contra Agnelo, usava Istoé, Correio Braziliense, sites e blogs.
Certo, Magnoli, o jornalista “não tem direito de sonegar ao público notícias relevantes”, como, por exemplo, a promiscuidade entre Demóstenes Torres e um bandidão de Goiás. A Veja omitiu essa informação do público durante anos, assim como omitiu que a fonte de suas denúncias era um esquema criminoso que se utilizava de grampos ilegais.
Os áudios em circulação comprovam que Policarpo Jr. seguiu rigorosamente os critérios da ética jornalística. Informações vazadas por fontes diversas, inclusive a quadrilha de Cachoeira, expuseram escândalos reais de corrupção na esfera federal. Dilma Rousseff demitiu ministros com base naquelas notícias, atendendo ao interesse público. A revista na qual trabalha o jornalista foi a primeira a publicar as notícias sobre a associação criminosa entre Demóstenes Torres e a quadrilha de Cachoeira — uma prova suplementar de que não havia conluio com a fonte. Quando Collor calunia Policarpo Jr., age sob o impulso da mola da vingança: duas décadas depois da renúncia desonrosa, pretende ferir a imprensa que revelou à sociedade a podridão de seu governo.
Temos somente alguns áudios disponíveis na internet, e não se viu nada de rigoroso, nem ético nem jornalístico neles. O que vemos são informações estarrecedoras de que Cachoeira sabia, com antecipação de até duas semanas, exatamente o que seria publicado na Veja, e que inclusive escolhia em qual parte da revista seria plantada a notícia. Dilma demitiu ministros por várias razões, inclusive porque as denúncias da Veja eram repercutidas acriticamente pela mídia, que tratava logo de produzir uma crise política de grandes proporções, mesmo que a denúncia original não ganhasse corpo. Sabemos muito bem como funciona esse processo. Magnoli repete a ladainha sobre Collor, como se fosse apenas ele, e não setores numerosos e qualificados da sociedade, que desejam investigar os crimes midiáticos cometidos pela Veja e outros órgãos.
A vingança, porém, não é tudo. O senador almeja concluir sua reinvenção política inscrevendo-se no sistema de poder do lulopetismo. Na CPI, opera como porta-voz de José Dirceu, cujo blog difunde a calúnia contra o jornalista. Às vésperas do julgamento do caso do mensalão, o réu principal, definido pelo procurador-geral da República como “chefe da quadrilha”, engaja-se na tentativa de desqualificar a imprensa — e, com ela, as informações que o incriminam.
Dizer que Collor opera como porta-voz de Dirceu é uma imbecilidade. No afã de desconstruir a CPI e blindar a Veja, os pitbulls midiáticos apelam para qualquer delírio. O ex-deputado José Dirceu é alçado à eminência parda do governo, quando há anos ele não apita mais nada. Tornou-se antes uma caricatura da mídia que precisa, como estratégia de ataque, individualizar os aspectos malignos do lulopetismo. As críticas à imprensa corporativa existem no mundo inteiro, Magnoli, antes, durante e depois do mensalão. Conferir aura de santidade à mídia brasileira é ridículo. Até concordo que não devemos praticar uma crítica maniqueísta, como se a mídia fosse origem de todo o mal da república, mas é saudável, é necessário, fazermos uma crítica tão dura à mídia como se faz uma crítica ao Executivo, ao Legislativo e ao Judiciário. Todo poder precisa e deve ser duramente criticado, porque senão se torna um poder totalitário.
O mensalão, porém, não é tudo. A sujeição da imprensa ao poder político entrou no radar de Lula justamente após a crise que abalou seu primeiro mandato. Franklin Martins foi alçado à chefia do Ministério das Comunicações para articular a criação de uma imprensa chapa-branca e, paralelamente, erguer o edifício do “controle social da mídia”. Contudo, a sucessão representou uma descontinuidade parcial, que se traduziu pelo afastamento de Martins e pela renúncia ao ensaio de cerceamento da imprensa. Dirceu não admitiu a derrota, persistindo numa campanha que encontra eco em correntes do PT e mobiliza jornalistas financiados por empresas estatais. Policarpo Jr. ocupa, no momento, o lugar de alvo casual da artilharia dirigida contra a liberdade de informar.
Magnoli, a denúncia ao golpismo da imprensa brasileira vem sendo estudada por pesquisadores desde o fim da ditadura, porque antes disso era considerado “subversivo” denunciar a imprensa chapa-branca. O debate público sobre o papel da imprensa no golpe de Estado de 1964 ficou interdito pela censura estatal durante todo regime, e depois pela censura comercial e tecnológica, já que os próprios jornalões não se denunciariam a si mesmos. Então este debate só emerge mesmo após o advento da blogosfera, e mesmo assim apenas após entrada na rede dos setores da população mais velhos e mais politizados. Por isso o tom explosivo do debate, porque ele ficou reprimido por décadas!
No jogo da calúnia, um papel instrumental é desempenhado pela revista “Carta Capital”. A publicação noticiou falsamente que Policarpo Jr. teria feito “200 ligações” telefônicas para Cachoeira. Em princípio, nada haveria de errado nisso, pois a ética nas relações de jornalistas com fontes não pode ser medida pela quantidade de contatos. Entretanto, por si mesmo, o número cumpria a função de arar o terreno da suspeita, preparando a etapa do plantio da acusação, a ser realizado pela palavra sem freios de Collor. Os áudios, entretanto, evidenciaram a magnitude da mentira: o jornalista trocou duas, não duzentas, ligações com sua fonte.
Eis aí um defensor da liberdade de expressão! Todos os jornalões repetem o mesmo discurso, os mesmos editoriais, partilham inclusive os mesmos colunistas. E aí Magnoli vem criticar exatamente uma das raríssimas publicações que fogem à panelinha. A divulgação dos 200 telefonemas veio da Polícia Federal, ninguém inventou isso. Também estamos esperando confirmação sobre o número exato de telefonemas, e o conteúdo deles. Ninguém está precondenando Policarpo ou a Veja, o negócio é que eles já estão politicamente condenados por um vasto setor da sociedade. As denúncias que emergem da CPI são como acusações de homicídio a alguém que já estava condenado por sequestro, roubo e estupro.
A revista não se circunscreveu à mentira factual. Um editorial, assinado por Mino Carta, classificou a suposta “parceria Cachoeira-Policarpo Jr.” como “bandidagem em comum”. Editoriais de Mino Carta formam um capítulo sombrio do jornalismo brasileiro. Nos anos seguintes ao AI-5, o atual diretor de redação de Carta Capital ocupava o cargo de editor de “Veja”, a publicação na qual hoje trabalha o alvo de suas falsas denúncias. Os editoriais com a sua assinatura eram peças de louvação da ditadura militar e da guerra suja conduzida nos calabouços. Um deles, de 4 de fevereiro de 1970, consagrava-se ao elogio da “eficiência” da Operação Bandeirante (Oban), braço paramilitar do aparelho de inteligência e tortura do regime, cuja atuação “tranquilizava o povo”. O material documental está disponível no blog do jornalista Fábio Pannunzio (http://www.pannunzio.com.br/), sob a rubrica “Quem foi quem na ditadura”.
Vejam só a desonestidade de Magnoli. Mino Carta era empregado da Veja. A culpa pelos editoriais daquela época deve ser pendurada nos donos da revista, não em seus empregados. Além disso, é cara de pau. Ele publica esse artigo no Globo e Estadão, cujos editoriais sabujos, chapa-brancas e louvadores aos militares golpistas começaram inclusive antes do advento da violência e da censura. Mino Carta escreveu editoriais pró-ditadura num tempo em que era obrigado a fazê-lo por seus empregadores, tanto é que, quando deixou de fazê-lo, foi sumariamente demitido, após uma determinação vinda diretamente do governo militar. Magnoli não diz isso, não informa a seus leitores que Mino Carta foi demitido por finalmente se insurgir contra o papel humilhante que o totalitarismo e a covardia empresarial da Abril lhe impunham. Ele mostra o personagem apenas em sua fase ruim, mas não revela a sua transformação. Os editorais de Mino envergonham-lhe a carreira, mas ele conseguiu pular fora, redimindo-se. Enquanto isso, Magnoli, em pleno período de liberdade democrática, faz o jogo dos mesmos barões – que implantaram a ditadura porque desejavam, como desejam até hoje, perpetuar o subdesenvolvimento com medo de que mudanças democráticas (na mídia, por exemplo) alterem o seu status quo.
PS: Parece que era mentira do Pannunzio, repercutida por Demétrio. O texto que louva a ditadura não era de Mino Carta. Ver nos Comentários.
Na “Veja” de então, sob a orientação de Carta, trabalhava o editor de Economia Paulo Henrique Amorim. A cooperação entre os cortesãos do regime militar renovou-se, décadas depois, pela adesão de ambos ao lulismo. Hoje, Amorim faz de seu blog uma caixa de ressonância da calúnia de Carta dirigida a Policarpo Jr. O fato teria apenas relevância jurídica se o blog não fosse financiado por empresas estatais: nos últimos três anos, tais fontes públicas transferiram bem mais de um milhão de reais para a página eletrônica, distribuídos entre a Caixa Econômica Federal (R$ 833 mil), o Banco do Brasil (R$ 147 mil), os Correios (R$ 120 mil) e a Petrobras (que, violando a Lei da Transparência, se recusa a prestar a informação).
Outra covardia: pretender que Paulo Henrique Amorim, um jovem de vinte e poucos anos, pudesse apitar alguma coisa nas redações da Veja naquela época de trevas. Esses caras acusam os que lutaram contra a ditadura de terem sido “violentos”, e agora acusam os que trabalharam na ditadura de serem “cooperativos”. Ou seja, não se salva ninguém. A culpa da ditadura não pode recair sobre os jovens repórteres que trabalharam para se sustentar na década de 60 e 70, e sim sobre os barões da mídia que articularam para derrubar o governo e depois para apoiá-lo, consolidá-lo e ocultar seus podres! A covardia pior, todavia, é a tentativa de estrangular comercialmente o blog de Paulo Henrique Amorim. Primeiramente, esses mesmos interesses conseguiram fechar seu blog no IG, de maneira insuportavelmente antidemocrática, tentando sequestrar inclusive seus arquivos digitais, e agora acusam-no de ter publicidade! As estatais fazem muito bem em anunciar no blog de Paulo Henrique Amorim. Calúnia por calúnia, a mídia corporativa calunia muito mais gente e numa escala infinitamanente superior e também recebe anúncios de estatais. A Veja, por exemplo, recebe muito mais dinheiro que o blog de Amorim, apesar deste, hoje em dia, atingir um público bem maior. Os concursos nacionais de blogs políticos foram inclusive extintos quando se percebeu que os blogs de PHA e Nassif estavam virando verdadeiros hors-concours, ganhando todas. A blogosfera é a nova fronteira da comunicação de massa, e o governo tem o dever de contribuir para a desconcentração midiática ampliando os anúncios nesta plataforma, mesmo que a contragosto dos lacaios da grande imprensa. Magnoli faz uma crítica interessada, já que recebe salário do Estadão e Globo, que sempre receberam muitos milhões em anúncios de governos, estaduais e federal, afora as mamatas do governo paulista de comprar assinaturas para escolas, comprar livros didáticos e oferecer gratuitamente espaços na tv pública paulista.
Dilma não deu curso à estratégia de ataque à liberdade de imprensa organizada no segundo mandato de Lula. Mas, como se evidencia pelo patrocínio estatal da calúnia contra Policarpo Jr., a presidente não controla as rédeas de seu governo — ao menos no que concerne aos interesses vitais de Dirceu. A trama dos bons companheiros revela a existência de um governo paralelo, que ninguém elegeu.
Interesses de Dirceu… Putz, Magnoli e cia acha que Dirceu é o quê? Um invasor extraterrestre com poderes e inteligência superior que planeja ser o novo ditador do país? Pára de fugir do assunto trazendo Dirceu para o debate! Dirceu não é deputado, não tem cargo no governo, não manda mais nada, é apenas um militante tentando limpar seu nome, como é seu direito. O debate político hoje, porém, passa ao largo de Dirceu, que é apenas mais um blogueiro dando sua opinião.
Governo paralelo que ninguém elegeu existe nesta mídia corporativa, consolidada durante a ditadura, que atingiu um nível de concentração inaudito, causando grande risco à democracia, não fosse a existência dos mesmos blogs que Magnoli tenta desqualificar.