Reproduzo abaixo, com algumas adaptações, um post que publiquei no blog do Nassif semana passada. É que o filme Slovenian Girl prossegue em cartaz no Espaço Itaú Frei Caneca, no horário das 22 horas.
Slovenian Girl recebe boas críticas e público
Prezados leitores, minha esposa, Priscila Miranda do Rosário abriu uma distribuidora, a Tucumán Filmes, e está lançando o seu segundo filme, Slovenian Girl (Garota Eslovena), em grande estilo. O filme está/será exibido nas melhores salas de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Florianópolis e Porto Alegre. E possivelmente em mais cidades.
Ele estreiou há uma semana em São Paulo, no Espaço Itaú Frei Caneca, uma das salas mais charmosas da cidade. Está tendo um bom público e recebeu excelentes críticas. A última foi de Luiz Carlos Merten, o crítico do Estadão e um dos mais respeitados do país, que reproduzo abaixo. Há também inúmeras críticas em blogs e sites especializados, além de chamadas no Guia da Folha e Vejinha-SP, que não trago aqui para não ficar prolixo. Nos próximos dias, devem sair ainda mais matérias sobre o filme, porque esse tipo de mídia costuma ser cumulativa e crescente. O marketing mais eficaz, em se tratando dos circuitos alternativos, ainda é o boca a boca.
O filme é interessante também para conhecer um pouco da realidade da Eslovênia, um país ex-comunista que está construindo uma sociedade bastante refinada e ativa culturalmente, além, é claro, das mensagens universais de um cinema de qualidade. É um filme artístico, mas com muita ação e suspense, uma mistura que tem ajudado a agradar críticos e público. Ele conta as peripécias de uma universitária que se prostitui para pagar seus estudos. O tema parece pesado, mas é um filme muito elegante, sem nenhuma violência desnecessária, ou apelação pornográfica.
Outro fator importante é que ele mostra que há filmes bons, com bom potencial de público, sendo feitos fora de Holliwood. É saudável incentivar maior diversidade nas salas de cinema do país, sobretudo neste momento de crescimento econômico, quando vemos o surgimento de novos espaços de exibição e a formação de toda uma nova geração de público.
Vale ressaltar um ponto que Merten não deixou muito claro na sua crítica, que é a excelente trilha sonora, sobretudo a canção Bobby Brown Goes Down, de Frank Zappa, que funciona quase como uma metáfora do próprio filme. A música inscreve-se na melhor tradição da contra-cultura norte-americana, contendo uma crítica feroz, sarcástica, com elementos de tragédia, à uma sociedade ultracompetitiva.
Visite a página do filme no Facebook.
Abaixo, a crítica/resenha de Merten:
“Porque demorou tanto para chegar ao circuito?”
Filme de Damjan Kozole foi vencedor do grande prêmio da Academia Europeia de cinema em 2009
Por LUIZ CARLOS MERTEN – O Estado de S.Paulo
Vencedor do grande prêmio da Academia Europeia de cinema em 2009, diversos troféus de melhor atriz para Nina Ivanisin – Slovenian Girl, ou Garota Eslovena (como foi projetado na Mostra de 2010), é certamente um filme de qualidade, e é até curioso se perguntar por que demorou tanto para chegar ao circuito. O cinema contou muitas histórias de prostitutas e, nos filmes de gêneros – melodramas e westerns – elas em geral sofrem e/ou têm bom coração. No começo dos anos 1960, contou como se fosse num documentário, no formato de quadros, a história de Naná em Viver a Vida. Sem que seu filme seja godardiano, Viver a Vida deve ter sido o modelo do diretor Damjan Kozole para seu longa.
Nina Ivanisin é Alexandra, dublê de estudante e prostituta, cuja história ele conta num estilo propositadamente ‘frio’. Vendendo o corpo, Alexandra logra comprar um apartamento que vira seu castelo, a realização de um sonho de consumo que possui um preço.
Há na protagonista uma espécie de tristeza, que a acompanha sempre. A trilha participa e, na verdade, constrói o clima – Run Along constrói, por assim dizer, a fluidez do relato e serve de contraponto à cidade; Bobby Brown Goes Down (de Frank Zappa) é mais interiorizado e carrega a crítica do sonho americano que a garota eslovena, de forma talvez inconsciente, assume.
Ninguém vende o corpo impunemente. Existe a família de Alexandra, existem seus clientes. Assim como Beto Brant introduz a questão fundiária em Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios para discutir a ‘posse’ de Lavínia (Camila Pitanga), há o cliente que quer Alexandra para si, como há o velhinho que revela uma delicadeza inesperada com ela. Ela trapaceia com todos, fingindo um câncer inexiste. Engana o próprio pai, quando necessita de dinheiro. O filme não adota pontos de vista, nem o da protagonista. É como se Damjan Kozole olhasse tudo de longe, mesmo nos momentos intimistas, daí a sensação de frieza.
Aqui o trailer do filme.
Lyndy Luca
12/05/2012 - 08h52
Olá!
Fiquei muito interessada no filme. Existem salas que estejam exibindo o filme no norte de Portugal?
Obrigada!