Mais um membro da oposição levou um tombo. Dessa vez, porém, não foi na Cachoeira, mas no Twitter. Roberto Freire, presidente do PPS, levou a sério uma piada do site G17, que acusava Dilma de mandar substituir a inscrição Deus seja Louvado por Lula seja Louvado nas cédulas de 50 reais. O caso virou febre no Twitter por motivos óbvios. Não é todo dia que se flagra um político cometendo um erro tão idiota. O caso de Freire tem um agravante: não é um erro inocente, mas motivado por uma maneira de fazer política ancorada no ódio, no preconceito, num fanatismo partidário às avessas (um antipetismo doente).
Essa cultura do ódio definitivamente não é democrática e não faz bem à saúde das pessoas. O ódio de Freire causa cegueira ideológica e, como se vê, bloqueia a inteligência. Em suas desculpas, Freire expõe, para quem quiser ver, a origem de sua imbecilidade política:
Ao dizer que “tudo pode ser verdade” , Freire apenas revela que não possui senso crítico. Qualquer informação ou denúncia que seja negativa para o campo político adversário, ele a tomará como verdade. Alguém que analise seu twitter, ficará horrorizado em ver que ele gasta grande parte de seu tempo destilando rancor na internet. Obviamente, recebe o troco. Militantes políticos rebatem, e o deputado então passa o dia inteiro envolvido no esporte de xingar seus detratores.
Apesar do pano de fundo dessa história ser uma piada, há um lado sério. Freire promove a generalização burra do “lulodilmismo”. Ele não faz um debate político qualificado. Restringe-se a pintar uma caricatura grosseira de seu inimigo. Acabou por fazer uma caricatura de si mesmo, e se tornar motivo de chacota. Bem feito.
Não deveríamos perder tempo com Freire, um político decadente. Ele habita um melancólico limbo político. Seu partido tornou-se uma legenda esquizóide, um emaranhado ideológico incompreensível, cujo única razão de ser é o antipetismo hidrófobo e (para ser delicado) pouco esclarecido de seu presidente. Dante Alighieri escreveu sobre esse tipo de gente, cuja mediocridade os mantêm junto aos portões do inferno, sem sequer a dignidade de habitar algum dos círculos internos. Virgílio, guia do poeta-peregrino nos rincões do mal, assim explica a condição deles:
“Questi no hanno speranza de morte
e la lor cieca vita è tanto bassa
che ‘nvidiosi son d’ogni sorte.
Fama de loro il monde esser non lassa:
misericordia e giustizia li sdegna:
non ragionam di lor, ma guarda e passa”
Estes não têm esperança de morte,
sua vida cega foi tão baixa
que tem inveja de todo outro destino.
O mundo não lhes guarda o nome,
misericórdia e justiça os desprezam:
não repare neles, olha e passa.
(Tradução literal minha).