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(Ilustração capa: Thomas Zipp, pintor expressionista alemão contemporâneo)
A blogosfera acaba de registrar a sua maior vitória. Enquanto a grande mídia não escondia seu desconforto com a instalação de uma CPI que tende a gerar bem mais prejuízo à oposição do que ao governo, com respingos de nitroglicerina pura na revista Veja, a blogosfera deu início a uma guerra santa para mobilizar a opinião pública. Um mafioso goiano mantinha, em seu bolso, jornalistas, senadores, deputados, governador e juízes. É um escândalo de proporções bíblicas. Sem contar que traz, de brinde, uma investigação fundamental para a saúde política nacional: as relações entre mafiosos, arapongas e imprensa. Um esquema barra-pesadíssima que precisa ser minuciosamente dissecado e combatido.
O Congresso, desafiando o próprio governo (foi um desafio do bem), concordou em abrir uma CPI Mista, que reúne Câmara e Senado, o tipo de CPI mais letal. Viva o Brasil!
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Amigos e amigas, por favor não me achem antipático ou pretensioso, mas eu continuo tentando manter o blog sustentável. Para isso, alterno posts de conteúdo livre com outros exclusivos para assinantes. Ao fazer isso, não quer dizer que acho o blog melhor do que qualquer outro e por isso deve ser pago. Sou apenas um blogueiro duro tentando ser criativo para continuar escrevendo com independência. Não ganho nem quero jamais ganhar dinheiro de governos. Nem pretendo inscrever o blog em leis de renúncia fiscal. Na verdade, me irrita bastante quando me chamam de “governista”, já que nunca recebi, nem pretendo receber qualquer centavo de ente público. Posso vender publicidade a uma estatal, se me oferecerem, mas por isso mesmo preciso de assinaturas: para não depender de um ou mais anunciantes. Criticarei o governo quando achar que este merece, e sei que há milhares de problemas, deficiências, retrocessos, denúncias envolvendo o Executivo.
Meu escopo, neste blog, é analisar a mídia, sem nenhuma presunção de fazer um serviço melhor do que outros fazem gratuitamente. Cada blogueiro, no entanto, sabe onde o calo lhe dói. No meu caso, dói no bolso, pois continuo tentando fugir de um emprego fixo na esperança de, um dia, criar um blog altamente profissional, com um serviço sofisticado e completo de análise de mídia. A meu ver, é por aí que combateremos efetivamente os desmandos e a tirania da mídia corporativa.
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Para ser justo, admitamos que a grande imprensa deu as notícias, mas sem agregar nenhuma pitada de indignação. Ao contrário, os colunistas políticos vieram com teses psicanalíticas para explicar as falcatruas de Demóstenes. Em seguida, nas mesmas colunas onde abordavam o escândalo Demóstenes, falavam mais do mensalão do que outra coisa.
Tentando amaciar um pouco o efeito explosivo que esta CPI tem sobre uma já combalida oposição, a imprensa observou que a CPI tem potencial para ferir também membros do governo. Pois bem. Ótimo. Se a CPI conseguir, além de pegar os bandidos que se fingiam de probos na oposição, catar os piolhos que se infiltram na cabeleira governamental, será ainda melhor.
A sociedade brasileira não tem pena de corrupto, seja de qual partido for, e as insinuações de alguns colunistas, de que há gente querendo “banalizar” a corrupção no Brasil, são absurdas. O que há, sim, é usar o escândalo Demóstenes para mostrar como é importante, no combate à corrupção, ater-se a uma postura responsável. Acusar sem provas, mentir, caluniar, são atentados à democracia. Na Roma Antiga, os caluniadores recebiam uma marca na testa. Em Atenas, fazia-se algo similar. Isso porque a democracia supõe a liberdade de todos de subirem na tribuna para defenderem suas ideias. Usar a tribuna para ataques pessoais mesquinhos, usar a liberdade para denegrir a honra alheira, é trair a liberdade, é como entrar empunhando uma pistola carregada num arena onde todos lutam desarmados.
A lição, aliás, não vale só para a imprensa, já que a mania de julgar os outros sem provas também contaminou as redes sociais. Julgar e condenar são coisas sérias, que requerem preparo, estudo, e o exame desapaixonado e minucioso do suposto crime.
No caso de Demóstenes, não houve prejulgamento. Ao contrário, o procurador geral da república, Antonio Gurgel, até que pegou leve com o senador, pois há anos que tinha em sua meses algumas provas importantes de que Demóstenes não era o santo que pregava. Mas foi prudente (talvez excessivamente, não sei) e esperou o término de outra investigação, quando poderia reunir uma quantidade ainda mais de provas que pudessem, aí sim, revelar ao mundo os ilícitos desse Catão de meia-tijela.
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Outra notícia importante hoje é o posicionamento duro de Dilma em defesa de Cuba e do Irã.
As declarações de Dilma ajudam a dissipar de vez as teorias meio paranóicas que falavam em “ruptura” da política externa do governo, ou pior, que falavam em direitização. A decisão de baixar os juros dos bancos públicos denota uma intrepidez esquerdista que Lula nunca teve.
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O PSD recebeu um golpe duro no lombo hoje. O procurador geral da República, Roberto Gurgel, que também é procurador eleitoral, deu parecer contrário ao PSD no tocante ao tempo de TV e fundo partidário. Sem TV e sem dinheiro, o PSD perde boa parte de seus atrativos.
O partido de Kassab vive um momento de baixo astral. Além da decisão de Gurgel, que ainda precisa ser chancelada em votação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PSB agora conta com a má-vontade do PT. Ao se aliar a Serra, o PSD perdeu boa parte de seu encanto junto à esquerda partidária paulista, que num primeiro momento viu no PSD a oportunidade de dividir o conservadorismo paulista. O PT também encaminhou ao TSE um pedido para que o PSD não receba tempo de TV e fundo partidário.
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