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(Ilustração da capa: Cézanne, caveiras empilhadas).
Nunca houve um afastamento tão grande entre a vida real dos brasileiros e a atmosfera política, seja na grande mídia, seja nas redes sociais. Entre ontem e hoje, apareceram uma série de números que não deixam margem de dúvida de que o Brasil continua surfando na crista da onda. Enquanto alguns países desenvolvidos continuam lutando contra taxas recordes de desemprego, o Brasil alcançou o emprego pleno. Em janeiro, segundo a pesquisa do IBGE, atualizada ontem, a taxa atingiu 5,5% e em fevereiro 5,7%. O aumento de 0,2% é sazonal, acontece todos os anos. O importante é comparar com fevereiro de 2011, quando o índice foi de 6,4%.
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A taxa de fevereiro corresponde ao menor índice de desemprego já registrado, no mesmo mês, na história brasileira. A notícia, no entanto, foi parar em rodapés dos jornais. Daqui a pouco, quando saírem os novos dados mensais do Dieese, ou do IBGE, certamente eles vão mostrar uma geração menor de empregos novos. Claro, está quase todo mundo já empregado, então não tem emprego novo. Aí sim, a imprensa vai dar manchetão, dizendo que “CAIU A GERAÇÃO DE EMPREGOS”, e que o mercado de trabalho perde força; ou seja, o contrário do que sugere o dado mais importante, que é o índice do desemprego. Até copio o início da matéria publicada no Globo desta sexta-feira, para a gente depois comparar ao que vão dizer:
A queda no desemprego foi acompanhada de aumento real de 4,4% da renda do trabalhador, acima portanto do PIB, segundo pesquisa do mesmo IBGE divulgada também nesta quinta-feira. Confira abaixo notinha publicada hoje no Globo, onde podemos ver, como era de se esperar, reclamação dos patrões contra o aumento dos salários:
E tudo isso acontecendo num ambiente de contínua desconcentração da renda. Pesquisa divulgada ontem pelo BNP Paribas, revela que a Classe C já representa 54% da população brasileira. Em 2005, a mesma classe respondia por somente 34%. As classes mais pobres, D e E, declinaram de 51% em 2005 para 24% em 2011. A pesquisa revela ainda que a capacidade de consumo do brasileiro aumentou 20% de R$ 368 em 2010 para R$ 449 em 2011. Esse valor refere-se à renda extra disponível após o trabalhador pagar todas as suas contas básicas.
É uma verdadeira revolução econômica, que ainda está em curso.
Mas as boas notícias não páram por aí. Coluna da Flávia Oliveira, no Globo, revela que a formalização do trabalho no setor privado também registrou um salto, de 40% em 2003 para 50% em fevereiro deste ano.
Tem mais. A inflação brasileira em março surpreendeu positivamente os analistas. Segundo o IBGE, ficou em 0,25%, contra 0,53% em feveiro e 0,60% em março de 2011.
Cansou? Pois ainda tem uma última notícia boa, igualmente divulgada pelo IBGE, só que hoje. As vendas no varejo cresceram fortemente em janeiro deste ano; a receita nominal registrou uma alta acumulada em 12 meses de 11,4%, ou seja, quase quatro vezes mais que o crescimento do PIB.
É importante lembrar que o mais nobre programa social do mundo é o emprego. O Bolsa Família, que mais do que importante, foi um dos pilares deste processo que estamos vivendo, dá menos que R$ 150 por família. Um emprego oferece salário mínimo de 622 reais, mais benefícios, com um adendo importante: dignidade e perspectivas. E somente a partir de uma vida digna, pode-se esperar que um povo floresça culturalmente. A cultura brasileira avançará não porque teremos este ou aquele ministro, e sim porque o brasileiro poderá, enfim, comprar livros, assinar um bom pacote de banda larga, levar sua família ao cinema. Tudo isso só pode acontecer quando ele auferir uma renda suficiente para tal. É o que está acontecendo. A quantidade colossal de brasileiros que fazem sua primeira viagem ao exterior também sugere que, em breve, seremos um povo mais viajado, mais experiente, mais culto.[/s2If]
Luiz M. de Barros
24/03/2012 - 17h24
Sim, mas como explicar esta cultura do pessimismo na midia? Quanto as pessoas ou redes sociais também esta cultura. O Cafezinho ponderando está do lado da realidade.
Será que para vender jornais, manter a TV conectada, etc que possibilita vender os espaços para a publicidade alavancar o consumo tem ainda que se basear no negativo. Quanto as pessoas será que não foi introjetado o complexo de viralatas que demora para ser extraído?
A função nobre da imprensa seria “ensinar o povo a pensar” (Rubem Alves) ou porque prevalece o que está no site do Eduardo Guimarães, o Cidadania – “Com o tempo, uma imprensa, cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma” Joseph Pulitzer.
Lembrando do uso da midia pelo nazismo e pelos EUA para justificar as invasões, então as medias são instrumentos de dominação de classes ineficazes para proporcionar uma diminuição da diferença de renda familiar, este o maior escândalo no pais mais rico do planeta.
Vou concluir para dizer que a blogosfera progressista tem tido um papel relevante para mudar.
Que a midia está divorciada da realidade, como você diz e será fulminada por outros meios quando houver uma televisão concedida que cumpra com a Constituição.
Eu sou otimista.
Elson
24/03/2012 - 05h05
Miguel, estas pesquisas de taxa de emprego geralmente são feitas em regiões metropolitanas . O negócio vai bombar mesmo é agóra a partir de abril quando começa a safra da cana-de-açucar na maioria das regiões produtoras , as usínas já começaram seus processos de seleção .
Sobre o aumento de salários que causa o chororô dos empresários eu me lembrei do grande estadista Lula , que em 2008 no auge da crise do sub-prime foi a tv pedir para que o povo não parasse de consumir , aí fiquei pensar : Como é que a industria quer vender seus produtos se não paga salários decentes , com dinheiro no bolso o trabalhador consome e fáz a roda da economia girar ,é assim que funciona o capitalismo .
Josias Wander
23/03/2012 - 22h54
É o que eu digo. As pessoas que escrevem ou lêem sobre política, na grande imprensa ou nas redes, às vezes vivem num mundinho à parte.
Armando Coelho
23/03/2012 - 22h52
Pois é, Miguel. Depois o pessoal não sabe porque a presidente está batendo recorde de popularidade.