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2012 vai bombar, prevê Ibope

Segundo o Ibope, o consumo das famílias brasileiras cresceu 10,5% em 2011 deverá crescer 13,5% em 2012.

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Lembrete: quarta-feira é dia de economia no Cafezinho.

A notícia não mereceu uma mísera notinha na capa. Escondida na página B5 do Estadão, ela surpreendeu este analista, que não viu qualquer menção a ela em outro grande jornal. Se fosse negativa, com certeza viraria manchete. Segundo o Ibope, o consumo das famílias brasileiras cresceu 10,5% em 2011 e deverá crescer 13,5% em 2012.

O aumento do consumo das famílias é um número socialmente mais importante que o crescimento do PIB, porque indica uma melhora concreta na vida das pessoas. Se estão consumindo mais, é porque há mais crédito, mais renda, mais emprego.

A redistribuição de renda continuará acentuada, segundo o Ibope. A prova está no fato de que as regiões mais pobres serão as que deverão apresentar taxas de crescimento mais substanciais. O consumo das famílias do Norte deverá crescer 26,5% em 2012! É  mais que o triplo do crescimento chinês previsto para este ano!

 

 

Se fosse um pouquinho mais interessado no Brasil, o Estadão poderia dar a seguinte manchete:

Consumo de famílias do Norte e Nordeste  deverá crescer perto de 25% em 2012

Se Globo e Folha dessem a notícia, e ela parasse no Jornal Nacional, provocaria uma onda de otimismo saudável, porque realista, fundamentado numa pesquisa séria.  Otimismo gera decisões de investimentos, e estimula o espírito empreendedor na sociedade, produzindo um ciclo virtuoso. De vez em quando, ouço alguém perguntar porque os EUA se tornaram tão ricos, e o resto da América Latina tão pobre, se temos a mesma idade. Há muitos fatores históricos que explicam, mas o otimismo e o subsequente empreendedorismo do povo americano certamente participaram do processo. É muito difícil ter sonhos grandiosos e lutar para realizá-los no Haiti; num país rico, como os EUA, ou como é o Brasil agora, é outra história. Isso vale para todas as atividades.

Por sorte, os brasileiros já entenderam o recado, e o pessimismo patológico da mídia não tem mais a influência que tinham antigamente. De qualquer forma, o que importa não é ser otimista, já que ser um otimista imbecil e desinformado também não ajuda. O importante é obter informação de qualidade e interpretá-la judiciosamente.

A informação do Ibope fornece subsídios para, mais uma vez, questionarmos um “cacoete” da imprensa e até mesmo de fontes oficiais, em algumas análises econômicas. Penso especialmente nos números do desemprego. Conforme a massa de empregados cresce e o país se aproxima-se do chamado “emprego pleno”, é óbvio (matematicamente falando) que os saldos positivos ficarão cada vez menores. Se já está todo mundo empregado, não tem porque haver saldo. No máximo, há migrações internas de um setor para outro, em geral da agricultura e indústria, que tendem a adotar sistemas cada vez mais robotizados, para os serviços. Além, é claro, dos problemas da concorrência internacional, que vem criando dificuldades para alguns segmentos industriais em todo planeta. A China vem fechando fábricas em toda parte.

Hoje saiu o número do Dieese, mostrando um crescimento, em janeiro deste ano, de 4,5% na geração de empregos com carteira assinada nos últimos 12 meses. Cotejado com a queda no desemprego, vemos um cenário de sólida estabilidade econômica. Os jornais falarão em “arrefecimento na geração de emprego”, porque em janeiro do ano passado o crescimento foi de 9,3%.

Outra artimanha, que será muito usada neste primeiro trimestre, é omitir aos leitores que a sazonalidade típica do período traz sempre um aumento da taxa de desemprego. Todos os indicadores perdem força no primeiro trimestre do ano, que só começa a ganhar força mesmo a partir do fim de março.

Não é correto, portanto, comparar o desemprego de janeiro com o mês anterior, e sim com o mesmo mês do ano passado.  Se considerarmos somente o mês de janeiro, a taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, foi a menor dos últimos 22 anos!

*

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, fez uma apresentação no Senado, esta semana. Reproduzo abaixo alguns gráficos da palestra que achei mais interessantes.

 

 

 

 

No gráfico acima, podemos ver que o Brasil está pagando juros cada vez menores para suas emissões de títulos soberanos. Ou seja, estamos pagando menos juros, o que é uma excelente notícia.

 

Em tempos sombrios, em que vemos tantos países do primeiro mundo pagarem juros cada vez mais altos por causa de posições cada vez mais baixas na escala da classificação de risco, o fato do Brasil estar ganhando pontos nesse gráfico é um alívio.

 

O PIB per capita do Brasil vem aumentando gradualmente. Aumentou fortemente em 2010, e encerrou 2011 maior ainda. Nesse ritmo, teremos índices compatíveis com o primeiro mundo em pouco mais de uma década. E o melhor: a renda tem crescido mais aceleradamente entre os mais pobres.

 

O gráfico acima mostra o que o Cafezinho já vinha mostrando há meses: no acumulado de 12 meses, a inflação nunca parou de cair no Brasil. E prosseguiu caindo em janeiro e fevereiro. O terrorismo inflacionário da mídia não foi justificado.

Ilustração da capa de Jean-Michel Basquiat, pintor norte-americano.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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elson

01/03/2012 - 09h08

Dar notícias boas de governo petista não está no manual de jornalismo do PIG .
Quanto ao desemprego em janeiro só o leitor menos esclarecido é que vê isso como catastrofe , Fazendo uma analogia grosseira sobre isto podemos citar a entre-safra da cana-de-açúcar , não tendo matéria prima os funcionários das usinas são dispensados , e quando há matéria prima acontece o inverso .
É natural que as empresas demitam no inicio do ano , pois é quando tem que pagar muitas taxas e seus clientes também tem essas mesmas obrigações sendo forçados a reduzir o consumo para equilibrar o orçamento , portanto quando voltarem a ter condições de consumir estes empregos serão recriados .


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