Na Folha
Seria ‘patético’ apelar por Serra candidato, diz PSDB
DE SÃO PAULO
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, afirmou ontem que seria “patético” apelar a José Serra para que seja candidato.
No final de semana, diante da crescente pressão do partido, Serra comunicou novamente a aliados que não irá disputar a eleição.
“O PSDB não pode decidir desde que o ex-governador Serra, que foi nosso candidato à presidente da República, ache que não pode”, afirmou Guerra, após reunião com Alckmin e o senador Aécio Neves
O presidente do PSDB paulistano, Julio Semeghini, afirmou que, se Serra quiser agora ser candidato, terá ser disputar as prévias. Apesar disso, ele lembrou que o PSDB não tem “um nome tão forte” no momento.
Haddad afirma ser difícil fazer aliança com Kassab
Petista recebe sem entusiasmo oferta de apoio do prefeito na eleição municipal
Às vésperas de deixar o governo para se dedicar à campanha, ministro diz que plano de Kassab é lançar Serra ou Afif
FÁBIO TAKAHASHI, ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
RENATO MACHADO, DE BRASÍLIA
O assédio do prefeito Gilberto Kassab (PSD) ao PT para formar uma aliança na eleição municipal de São Paulo foi recebido sem entusiasmo pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, pré-candidato petista à prefeitura.
Em entrevista à Folha anteontem, ele disse que Kassab prefere fechar um acordo com os tucanos para lançar o ex-governador José Serra (PSDB) ou o vice-governador Guilherme Afif Domingos (PSD).
Ele deixou claro que, em sua visão, a prioridade do prefeito não é apoiá-lo. “Não podemos deixar de ter clareza de que o projeto que está em curso não é esse”, disse.
O plano original de Kassab esbarra em dois problemas: Serra resiste a se candidatar à prefeitura, e o PSDB, com aval do governador Geraldo Alckmin, rejeita apoiar Afif.
A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem que Haddad deixará o Ministério da Educação na terça para se dedicar à campanha.
Folha – Em setembro o sr. disse que a gestão Kassab era provinciana. Como avalia agora a possibilidade de aliança com o partido dele, o PSD?
Fernando Haddad – Eu comentei que não tinha conseguido fazer a quantidade de parcerias que desejava com São Paulo. Os problemas na cidade não são simples.
Como pré-candidato, tenho conhecimento da máquina federal que me faz crer que oportunidades podem ser oferecidas aos paulistanos, algumas das quais eles nem sequer conhecem.
E a possibilidade de aliança com o prefeito?
O que Kassab disse ao presidente [Lula], e eu ouvi do próprio presidente, é que seu projeto continua sendo o anunciado: oferecer apoio ao Serra ou receber apoio ao Afif. Ele reiterou isso, inclusive nos jornais. Este é o plano dele.
Foi um gesto de generosidade dele elogiar o PT, mas não podemos deixar de ter clareza de que o projeto que está em curso não é esse. É isso o que me chegou.
A recomendação que fiz ao PT foi fazer um balanço da nossa relação com os partidos da base da presidente Dilma. O movimento [de negociar com o PSD] é muito novo e precário.
O sr. se sentiria incomodado com um vice do PSD?
Estou estudando a cidade. Neste momento, estou abrindo a discussão com setores simpáticos não petistas para debater mobilidade, saúde, educação, urbanismo.
O segundo momento é o gesto em direção aos partidos da base da presidente Dilma. Qualquer que seja o cenário, procurar uma aproximação com esses partidos.
O que o sr. acha da possibilidade de ter Gabriel Chalita [PMDB] como seu vice?
Estarei sempre aberto para discutir com o PMDB. Mas eles já estão em uma posição mais adiantada [de lançar Chalita]. À parte da amizade que temos, vamos manter a interlocução permanente.
O sr. já foi acusado de ser um “estrangeiro”, confundiu Itaim Paulista com Itaim Bibi…
É uma crítica que desqualifica o debate. O que vai ajudar São Paulo é discutir ideias.
O Enem (exame do ensino médio) teve sucessivas falhas. Como responder às críticas?
Os problemas foram pontuais. Não estou falando de 2009, um ano atípico. Estou falando das questões pontuais de 2010 e 2011. Foram localizadas, de fácil superação.
Farei do Enem, do ProUni [bolsas para alunos pobres nas universidades privadas], do Sisu [seleção de vagas nas federais] bandeira de luta pela democratização do acesso dos estudantes da escola pública às universidades.
Me orgulho muito e não terei dificuldade em discutir um assunto que me enche de paixão e de orgulho.
Novo escolhido para a Ciência possui perfil técnico
SABINE RIGHETTI, DE SÃO PAULO
A escolha do físico Marco Antonio Raupp para comandar o Ministério da Ciência e Tecnologia mostra uma preferência da presidente Dilma Rousseff por um perfil técnico e gerencial para a pasta.
Raupp carrega no seu currículo passagens pelo comando do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e da AEB (Agência Espacial Brasileira). Também é pesquisador-titular do LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica).
Foi presidente da SPBC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), principal entidade científica do país. É a SBPC que encabeça as discussões correntes sobre a política científica e tecnológica, e atua como uma espécie de interlocutor entre os cientistas e o governo.
Mas foi na AEB que Raupp ganhou mais projeção. À frente da instituição nos últimos dez meses, onde esteve por indicação de Aloizio Mercadante, Raupp tentou fazer uma espécie de “varredura”.
A missão dele era sincronizar o complicado calendário espacial brasileiro, que coleciona atrasos no envio de satélites nacionais e está distante do setor privado. “Falta uma Embraer no setor espacial”, ele costumava dizer.
Uma das ideias mais ousadas do físico ao sair do Inpe para assumir a AEB foi tentar unir as duas instituições. Para Raupp, não faz sentido o país ter uma instituição para fazer pesquisa, formar pessoas e projetar satélites (o Inpe) e outra para coordenar a política espacial (a AEB).
Do ponto de vista acadêmico, Raupp também tem um currículo denso. Fez doutorado em matemática na Universidade de Chicago e é livre-docente pela USP.
Também foi professor adjunto da UnB (Universidade de Brasília) e professor do IME (Instituto de Matemática e Estatística) da USP.
Além de sua ligação com a pesquisa espacial, Raupp gosta de assuntos ligados à inovação.
Ele segue a linha de Mercadante na tentativa de ligar o setor acadêmico ao privado.
Sem surpresa, BC reduz juro para 10,5%
Na primeira reunião do ano, autoridade mantém dúvida entre analistas sobre até quando cortará taxa básica
Economistas avaliam que recuperação da economia e cenário externo podem reduzir espaço de novos cortes
SHEILA D’AMORIM, DE BRASÍLIA
MARIANA CARNEIRO, DE SÃO PAULO
Sem surpresas, o Banco Central anunciou ontem queda de mais 0,5 ponto percentual na taxa que serve de referência para toda a economia. Deixou em aberto, no entanto, a principal dúvida do mercado: até quando cortará os juros em 2012.
Na primeira reunião do ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) cortou a taxa para 10,5% ao ano. Essa foi a quarta redução consecutiva desde agosto de 2011.
O comunicado divulgado após a reunião repete a argumentação da última reunião do comitê, em novembro, e diz que “um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012”.
Parte dos analistas acredita que, ao repetir a justificativa, o BC indica um ciclo maior de queda nos juros para até um dígito. As projeções se concentram numa taxa de 9,5% ao fim do ano.
Mas desde a divulgação do relatório de inflação, em dezembro, apostas no mercado de juros futuros passaram a sugerir que o BC não cortaria tanto a taxa básica. Isso porque a autoridade monetária dá sinais de que a inflação ainda preocupa, sobretudo no segundo semestre, quando a economia deverá estar mais aquecida.
A economista Tatiana Pinheiro, do Santander, explica que a dúvida é saber se o BC mudou de opinião sobre o cenário externo e também sobre o ritmo de retomada da economia brasileira.
A economista lembra que, desde o fim do ano passado, novos indicadores foram divulgados, mostrando leve recuperação da economia em novembro, depois de um terceiro trimestre de estagnação.
E que o cenário externo também tem se revelado menos pessimista. Anteontem, a China divulgou o crescimento em 2011, acima do que previam os analistas.
Mesmo com a redução da taxa básica, consumidores e empresas pagam juros altos.
Segundo a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), desde agosto a taxa recuou em algumas modalidades, como resultado do corte de juros e outras medidas de estímulo. Mas o cheque especial, por exemplo, subiu devido à alta da inadimplência.
No Globo
Comando tucano quer que Serra dispute prefeitura contra Haddad
Autor(es): agência o globo:Sérgio Roxo
O Globo – 19/01/2012
Mas decisão final será do ex-governador de SP, dizem líderes do PSDB
SÃO PAULO. O presidente nacional do PSDB, deputado Sergio Guerra, mostrou ainda ter esperanças de ver o ex-governador José Serra candidato a prefeito de São Paulo este ano, mas transferiu para o ex-presidenciável a decisão.
– Se (Serra) for candidato, evidentemente que será o candidato de todos nós – afirmou Guerra, depois de se reunir ontem, em São Paulo, com o governador Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves (MG), no Palácio dos Bandeirantes.
À noite, o presidente tucano teria ainda encontros com Serra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Guerra nega, porém, a possibilidade de os líderes do partido fazerem um apelo ao ex-governador para que o PSDB tenha um nome forte na disputa contra o ministro da Educação, Fernando Haddad (PT):
– Seria patético. Não precisa disso.
A entrada de Serra na disputa em São Paulo também poderia reaproximar o PSD dos tucanos por causa da relação dele com o atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O novo partido tem negociado uma aliança com o PT nas últimas semanas. Kassab foi vice de Serra, de quem herdou a prefeitura em 2005.
Adversário de Serra na escolha do candidato à Presidência em 2014, Aécio se esquivou de falar sobre a disputa paulistana e disse que eleição local deve “ficar a cargo dos paulistas”. Falou apenas da possibilidade de acordo com o PSD:
– Aqui, seria uma aliança natural.
Se Serra não quiser disputar a prefeitura, o PSDB fará prévia no dia 4 de março entre os quatro pré-candidatos que se apresentaram até agora: os secretários estaduais Andrea Matarazzo, Bruno Covas, José Aníbal e o deputado federal Ricardo Trípoli.
– É meio complicado qualquer um de nós convencer o Serra se ele deve ou não ser candidato aqui em São Paulo – disse Guerra.
Ele minimizou a importância que o apoio do ex-presidente Lula e da presidente Dilma podem ter para a candidatura de Haddad e disse não ver necessidade de o partido ter um nome mais conhecido, como o de Serra, para vencer:
– O PT sempre perdeu as eleições aqui. Até Lula perdeu. Se Lula nunca nos assustou, não vai ser o Fernando Haddad que vai fazer isso.
Guerra ainda ligou Haddad aos problemas do Enem:
– O PT tem um candidato secreto, o Enem. Os dois caminham juntos.
ANTT quer leilão de trem-bala até o mês de outubro
Autor(es): agência o globo:
O Globo – 19/01/2012
SÃO PAULO. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) espera que o leilão de concessão do trem-bala ocorra em setembro ou outubro, já que a expectativa é que o edital chegue a audiência pública em fevereiro e seja publicado em abril, disse o diretor-geral do órgão Bernardo Figueiredo. O ministro dos Transportes, Paulo Passos, convocará uma reunião sobre o tema, no mais tardar na semana que vem, para que as propostas do edital sejam finalizadas e entregues ao Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo Figueiredo, tais prazos representam a meta do governo, mas se houver algum impedimento à competição e ao interesse das empresas no projeto, o cronograma pode mudar:
– O centro da nossa preocupação é termos um processo competitivo – disse. – O cronograma é meta. Mas deu problema, a gente percebeu que não vai rodar daquele jeito. Não vou comprometer um projeto de R$30 bilhões por causa de dois meses de trabalho.
Após sucessivos adiamentos e de nenhum investidor aparecer no leilão de julho do ano passado, o governo decidiu dividir o leilão do trem-bala em duas partes, de modo a livrar as empresas candidatas a operadora dos riscos relativos às obras civis do projeto. Segundo projeções do governo, o trem-bala, de 511 km de extensão, demandará investimentos de R$33,2 bilhões.
VEJA
Virgílio planeja fazer barulho no PSDB
Exilado há pouco mais de um ano em Portugal, como gosta de dizer, Arthur Virgílio faz planos para retornar ao cenário político no começo de março, quando pretende procurar Sérgio Guerra, Aécio Neves e José Serra para dizer ao trio o que pensa sobre o momento atual do PSDB.
E o que Virgílio pensa é algo que boa parte do tucanato gostaria de debater em voz alta. Para Virgílio, a disputa por espaço e o foco em projetos pessoais de poder colocou o PSDB em uma posição medíocre. Ele diz:
– De uma união forte entre Minas e São Paulo, o partido aceitou o papel medíocre da divisão.
Sem citar nomes, Virgílio critica o foco exagerado na disputa presidencial de 2014, entre Aécio e Serra, e argumenta que uma derrota eleitoral neste ano causaria estragos incalculáveis ao PSDB:
– Todo cidadão que acha que tem de ser presidente porque está na vez ou porque é seu destino deve tomar um calmante neste momento e pensar no fortalecimento do partido.
Por Lauro Jardim