A Folha diz que “PSB ataca PT e flerta com tucanos“. A matéria não mostra, contudo, nenhum político do PSB atacando o PT. O artigo inicia com a afirmação de que o PSB está em crise com o governo. Ora, as relações entre partidos diferentes sempre será dialética e pontuada de divergências pontuais: não fosse assim, não seriam partidos diferentes. Falar em crise, porém, é equivocado. Parece mais expressar um desejo do jornal (ou dos tucanos, o que é a mesma coisa).
Na matéria, fala-se ainda que o PSB tem planos para “reforçar laços com a oposição”, e publica um gráfico onde a cor azul indica “PSB e PSDB juntos”.
Analisem o gráfico com atenção. Não há nenhuma região do país em que o PSB apóie um nome do PSDB na cabeça de chapa. Nem em São Paulo, onde o PSDB é mais forte. Não há sinais, portanto, de que haja qualquer movimento efetivo, por parte do PSB para “reforçar” laços com a oposição. As relações do PSB com tucanos em alguns estados, por sua vez, já são antigas. Não há novidade, não indicam nenhum movimento do PSB em direção à oposição, são alianças que já existiam e que devem permanecer porque as conjunturas regionais continuam iguais.
Curiosidade: viram que Arthur Virgílio deve concorrer a vereador por Manaus?
Quanto às declarações de Eduardo Campos, de que haveria ação de petistas nos bastidores para desestabilizar o ministro Fernando Bezerra, são informações sem aspas, ou seja, um genuíno telefone sem fio. Alguém disse que o governador disse. Uma autêntica intriga com vistas a produzir atrito entre os dois principais partidos de esquerda no país. Eu até acredito que o governador tenha dito isso, mas o importante é que, em público, Campos sempre reafirma a sua aliança com o PT, inclusive nas últimas semanas, quando a imprensa vislumbrou a chance de arrancar dele alguma declaração antipetista, sobretudo depois que os aloprados Mercadante (ministro de Ciência e Tecnologia) e André Vargas (secretário de Comunicação do PT) repercutiram factóides midiáticos contra Bezerra.
Ora, falar mal do PT é o esporte preferido nacional, inclusive entre os próprios petistas. É normal. É saudável. Mas não se pode confundir essa diversão com qualquer movimento concreto, por parte do PSB, de sair da base aliada.
O factóide, no entanto, também interessa ao PSB, porque permite que ele dê um susto no PT sem precisar, efetivamente, afastar-se do partido. Em última instância, pode culpar a imprensa.
E interessa, sobretudo, ao PSDB, porque a este interessa a divisão da base aliada.
E aí voltamos ao xadrez político de 2014. Em matéria de ontem, a Folha dizia que, “por Aécio, o PSDB evita ataques a Bezerra”, onde consta uma informação que vários colunistas políticos tem repetido nos últimos tempos. Merval Pereira falou disso semana passada:
Não por acaso, Aécio não quer se indispor com Campos, de quem é amigo e a quem tentará atrair para uma eventual dobradinha na próxima campanha presidencial.
Este é o sonho impossível do PSDB e de Aécio Neves. Mais impossível do que sonho. Eduardo Campos jamais comporá uma chapa com um tucano na cabeça. E Aécio jamais aceitaria ser vice de Campos. De maneira que se trata simplesmente de um factóide sem muito sentido, uma dessas lendas que os jornais vão empurrando com a barriga, até que a realidade os obriguem a revelar sua inconsistência. Algo assim como a reforma ministerial.
Depois de meses e meses falando que Dilma faria uma grande reforma no ministério, Dora Kramer, em sua coluna de hoje no Estadão, conclui que Dilma não vai mudar nada. Ou antes, deve mudar somente três ministérios, sendo que um dos novos nomes apenas mudará de pasta. A Educação deve ficar com Mercadante, atual titular de Ciência e Tecnologia. Os outros dois ministérios que devem receber titulares novos são: Ciência e Tecnologia e Trabalho. Para o primeiro, ainda há disputa. Quanto ao segundo, o PDT deve permanecer à frente (ao contrário do que a imprensa ventilou por meses), e o deputado federal Brizola Neto é um dos favoritos para assumir o cargo.