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O caso Bezerra teria morrido na mídia, pois o Planalto enfim resolveu dar apoio ao ministro, e não se encontrou nada que desabonasse realmente a sua administração, mas a Folha conseguiu desenterrar um escorregão de Bezerra quando prefeito de Petrolina. É um negócio positivamente bobo, bastante revelador, porém, dos anseios da grande imprensa brasileira em transformar o jornalismo em causa partidária.
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Eu digo que é bobo porque praticamente não existe administrador público no país que não seja réu em alguma coisa na Justiça, não necessariamente por conta de corrupção ou desvios (embora, infelizmente, estes problemas sejam bastante comuns) mas por qualquer tipo de problema ou erro ocorrido durante sua gestão. Observe que ele é réu, não culpado. Pela Constituição, é inocente até prova em contrário. O caso envolve valores pequenos, e consiste, claramente, num lamentável equívoco cometido por um funcionário. Não digo isso porque boto a mão no fogo por Bezerra, mas porque não vejo que vantagem um político teria em mandar a prefeitura adquirir duas vezes um terreno (e um terreno de pequeno valor, ainda por cima), um erro que, obviamente, seria logo visto através da documentação em cartório.
A Folha dedica a este problema uma página inteira. É realmente curioso como a Folha se interessa tanto por um caso envolvendo um terreno de R$ 50 mil em Petrolina, mas ignora solenemente os milhões de reais que giraram ao redor do escândalo Controlar, do Kassab, e mais ainda, dos bilhões da privataria. Lembrando que o prefeito de São Paulo não apenas também é réu, como está com seus bens bloqueados pelo Ministério Público.
Incrivelmente, Noblat decidiu chutar o balde e faz uma defesa do ministro do PSB, à maneira tortuosa dele. Na verdade, a oposição (e ai incluo a imprensa) começou a babar de desejo ao ver o decote ousado do PSB. Uma possível união entre PSB e PSDB, através de uma aliança entre Aécio Neves e Eduardo Campos, seria uma alternativa positivamente ameaçadora para a hegemonia petista. Merval Pereira, Eliane Cantanhede, entre outros, desataram a prever essa aliança, mas cometeram um erro crasso ao proporem, na cara dura, que Aécio deveria ser o cabeça da chapa. O PSB não tem nenhum interesse concreto em se aliar ao PSDB a nível nacional. Ele apenas flerta com o PSDB em alguns estados como estratégia de crescimento. Mas não liga que se espalhem rumores acerca da amizade entre Aécio e Campos porque isso traz um duplo benefício ao PSB e ao presidente do partido: atrai votos do eleitorado antipetista, que é numeroso, e pressiona o PT a ceder mais espaço no governo ao PSB.
Entretanto, a notícia realmente bombástica do dia também encontrei na Folha. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, propôs uma aliança com o PT. A oferta foi feita diretamente a Lula. Com baixa popularidade, e sendo cada vez mais esnobado pelos caciques tucanos, Kassab sabe, todavia, que tem um grande trunfo na mão: pode decidir a eleição em São Paulo em favor do PT, transferindo os votos de uma parcela do eleitorado conservador (não muitos, mas decisivos) para Haddad, e talvez mudar os rumos inclusive da eleição estadual em 2014.
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