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Eduardo Campos enquadra mídia

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, protagoniza nesta sexta-feira, uma série de ações junto à mídia para pôr fim à recente “crise ministerial” envolvendo um ministro de seu partido. Ele deu entrevista à Folha e ligou para Merval Pereira, conseguindo enquadrar, ao menos por um dia, o principal colunista político do Globo.

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O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, protagonizou nesta sexta-feira, uma série de ações junto à mídia para pôr fim à recente “crise política” envolvendo um ministro de seu partido. Ele deu entrevista à Folha e ligou para Merval Pereira, conseguindo enquadrar, ao menos por um dia, o principal colunista político do Globo.

A entrada de Campos compensa a timidez e um certo egoísmo da presidência da república, que mais uma vez não pareceu se preocupar com a fritura de um ministro. No primeiro dia após a eclosão do “escândalo”, tanto a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, como a presidente, surgiram na mídia, qual vingadoras da opinião pública, com informações de que fariam “uma intervenção” no ministério. No dia seguinte, Gleisi negou, mas o estrago já estava feito, e a negativa não vinha acompanhada de uma ação política maior para defender o ministro. É compreensível que a intenção do Planalto seja preservar Dilma Rousseff, a abelha-rainha da base aliada. Ministros podem ser substituídos. A presidente, não. Ministros não disputarão eleição em 2014. A presidente, sim.

Entretanto, é preciso evitar injustiças, combater a manipulação da notícia e, sobretudo, apostar no esclarecimento da população. As duas obras de barragem em Pernambuco, que consumiram os tais 90% do programa do ministério, são resultado de uma orientação política que passou pela Casa Civil e pela Presidência da República. Dilma inclusive participou do evento inaugural de uma delas. Ou seja, elas tem o carimbo da decisão soberana e popular de um governo democrático e irão amenizar o sofrimento de milhões de nordestinos que vivem em áreas de risco em Pernambuco e Alagoas, trazendo benefícios econômicos e humanos, com reflexos em todo país.

O número mais vistoso que a mídia usa para acusar Fernando Bezerra é o uso de 90% da verba de um dos programas do ministério de Integração Nacional. Cito um trecho de um dos editoriais do Estadão de hoje:

Dos R$ 28,4 milhões liberados em 2011 pelo Ministério da Integração Nacional para obras de prevenção de desastres naturais em todo o País, o Estado de Pernambuco, terra natal do titular da pasta, Fernando Bezerra Coelho (PSB), ficou com R$ 25,5 milhões (89,7%). É o que apurou a ONG Contas Abertas com base em dados do Tesouro Nacional.

A origem do problema reside no fato de que o orçamento deste programa é ínfimo. R$ 28 milhões para prever desastres naturais em todo país? Seria injusto, porém, acusar o governo federal de estar investindo pouco nos estados. Só duas favelas cariocas (Alemão e Rocinha) receberam quase R$ 1 bilhão do governo federal num par de anos, para realizar obras de infra-estrutura. O Rio recebeu ainda, do mesmo ministério de Integração Nacional, e no mesmo ano, R$ 300 milhões para obras de reconstrução, por conta das tragédias na região serrana. Quer dizer, a Integração dá R$ 25 milhões para Pernambuco e R$ 300 milhões para o Rio, e o primeiro é que é o privilegiado?

É óbvio que, diante de um volume tão pequeno de recursos, seria contraproducente dispersá-los por todo o território nacional.

O ministério poderia, se quisesse evitar esse tipo de acusação, não investir em estado nenhum, e usar o programa para construir um novo sistema nacional de gerenciamento e prevenção de desastres naturais. Seria talvez a melhor forma de aplicar essas verbas, e mais condizente com os objetivos conceituais do ministério, de integrar o país e aproximar as unidades da federação.

Por outro lado, não há “sistema de gerenciamento” que substitua uma obra de barragem, e não creio que investir em obras de prevenção numa das regiões mais pobres do país seja mau uso do dinheiro público.

Eu lembro que, estudando a grande reforma urbana que Pereira Passos fez no Rio de Janeiro na primeira década do século XX, fiquei pasmo ao ler que ela havia consumido quase a metade do orçamento federal no ano de 1905. E isso ao mesmo tempo em que o Nordeste continuava a experimentar tragédias humanas que ceifavam milhões de vidas, por conta da falta de investimentos em… prevenção de tragédias. E agora, a mesma imprensa carioca, que jamais denunciou o privilégio gozado pelo Rio no direcionamento das verbas federais, vem acusar Pernambuco por causa de duas obras de barragem no valor de R$ 25 milhões (por ambas, não por cada uma), o que aliás não faz nem cócegas nos bilhões que o Planalto, ainda hoje, tem investido no mesmo Rio de Janeiro?

O próprio governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, tem dado apoio ao ministério de Integração Nacional, até porque não poderia, sem ser injusto, acusá-lo de não dar a devida atenção ao Rio.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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elson

08/01/2012 - 13h12

Bela análise , afinal a mídia sonega informações importantes e usa os detalhes para criar um escândalo . Será que os Mervais da vida foram até as áreas que receberam estes investimentos para perguntar oque eles acham disso ?
Seria pior não investir e depóis ter que liberar dinheiro as pressas e sem nenhum controle .
Eduardo Campos está correto ao defender um ministro de seu partido e estado , bem diferente de certos politicos que defendem os interesses alheios .

_spin

07/01/2012 - 22h41

Hoje o Nassif lhe elogiou neste artigo, merecidamente
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/internet

Mônica Santos

07/01/2012 - 22h35

"A entrada de Campos compensa a timidez e um certo egoísmo da presidência da república,que mais uma vez pareceu não se preocupar com a fritura de um ministro"
Miguel,perfeito seu comentário.Ficaria orgulhosa se a presidente Dilma tivesse tido a mesma reação que teve o governador de PE,saindo em defesa do seu ex-secretário.Parece que Dilma não se importa se biografias e honras são manchadas,parece que a única coisa que importa é que sua popularidade esteja em alta.Miguel moro em Petrolina,cidade do ministro Fernando Bezerra,conheço a trajetória do ministro,que é de uma família tradicional política de PE,que é a família Coelho.Em anos dedicado a política nunca se ouviu falar em nenhum escândalo ou irregularidade que envolvesse o ministro.O que posso dizer é todos os principais jornais de PE,blogueiros e rádios estão saindo em defesa do ministro e distribuindo críticas ao jornais de SP e RJ.Pela primeira vez vejo todo o estado unido na defesa do ministro e isto só fortalece mais ainda Eduardo Campos.A conversa que rola aqui em PE é que depois de Lula agora temos mais uma pessoa que teve a coragem de enfrentar o eixo RJ/SP e sair em defesa do Nordeste que é tão sofrido.Ainda estou esperando que Dilma saia em defesa de Fernando,afinal ela estará saindo em defesa de seu governo.Dilma, não se governa sozinha,aquele que até ontem era tido por vc como um dos melhores ministro,merece uma defesa sua.

Orlando Senai

07/01/2012 - 01h11

Miguel, vale a pena ler esse comentário. Abs.
http://www.blogdosarafa.com.br/?p=11940


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