Esse texto do Marco Antonio Villa, o historiador preferido dos jornalões, pode ser classificado no rol dos faniquitos histéricos gerados pelo livro Privataria Tucana, do Amaury Ribeiro. Ao invés de apurar a relevância das denúncias contidas na obra, Villa capricha na satanização do PT e do governo federal, os quais a teriam “urdido” em “seus esgotos”.
A satanização do adversário é o recurso mais baixo na política, e o menos democrático, porque interdita o debate, servindo como justificação para qualquer baixeza. Se meu adversário é um demônio sem escrúpulos, eu não posso vencê-lo através de uma disputa transparente e honesta.
Villa acusa o vento, o ar, as águas. Deve olhar com desconfiança para o próprio zelador de seu prédio, sobretudo quando lhe deseja, sorrindo, um bom dia.
Eu reproduzo aqui, porém, porque ele sintetiza, grosseiramente, o estilo profético que a oposição deverá adotar daqui para a frente, e o qual devemos tratar com atenção crítica, evitando a disseminação de núcleos conspirativos oportunistas. Em geral, estes núcleos restringem-se às franjas da sociedade, mas quando temos grandes grupos de mídia chancelando-os, cria-se ambiente para que estas paranóias ganhem força política e ameacem a harmonia social. O machartismo, nos anos 50, a paranóia anti-terrorista nos anos subsequentes ao 11 de setembro (que levou a mídia americana a chancelar as justificativas mentirosas do Pentágono para invadir o Iraque) são apenas alguns exemplos históricos.
Querem impor a mordaça – MARCO ANTONIO VILLA
O Globo – 27/12/11
Não é novidade a forma de agir dos donos do poder. Nas três últimas eleições presidenciais, o PT e seus comparsas produziram dossiês, violaram sigilos fiscais e bancários, espalharam boatos, caluniaram seus opositores, montaram farsas. Não tiveram receio de transgredir a Constituição e todo aparato legal. Para ganhar, praticaram a estratégia do vale-tudo. Transformaram seus militantes, incrustados na máquina do Estado, em informantes, em difamadores dos cidadãos. A máquina petista virou uma Stasi tropical, tão truculenta como aquela que oprimiu os alemães-orientais durante 40 anos.
A truculência é uma forma fascista de evitar o confronto de ideias. Para os fascistas, o debate é nocivo à sua forma de domínio, de controle absoluto da sociedade, pois pressupõe a existência do opositor. Para o PT, que segue esta linha, a política não é o espaço da cidadania. Na verdade, os petistas odeiam a política. Fizeram nos últimos anos um trabalho de despolitizar os confrontos ideológicos e infantilizaram as divergências (basta recordar a denominação “mãe do PAC”).
A pluralidade ideológica e a alternância do poder foram somente suportadas. Na verdade, os petistas odeiam ter de conviver com a democracia. No passado adjetivavam o regime como “burguês”; hoje, como detém o poder, demonizam todos aqueles que se colocam contra o seu projeto autoritário. Enxergam na Venezuela, no Equador e, mais recentemente, na Argentina exemplos para serem seguidos. Querem, como nestes três países, amordaçar os meios de comunicação e impor a ferro e fogo seu domínio sobre a sociedade.
Mesmo com todo o poder de Estado, nunca conseguiram vencer, no primeiro turno, uma eleição presidencial. Encontraram resistência por parte de milhões de eleitores. Mas não desistiram de seus propósitos. Querem controlar a imprensa de qualquer forma. Para isso contam com o poder financeiro do governo e de seus asseclas. Compram consciências sem nenhum recato. E não faltam vendedores sequiosos para mamar nas tetas do Estado.
O panfleto de Amaury Ribeiro Junior (“A privataria tucana”) é apenas um produto da máquina petista de triturar reputações. Foi produzido nos esgotos do Palácio do Planalto. E foi publicado, neste momento, justamente com a intenção de desviar a atenção nacional dos sucessivos escândalos de corrupção do governo federal. A marca oficialista é tão evidente que, na quarta capa, o editor usa a expressão “malfeito”, popularizada recentemente pela presidente Dilma Rousseff quando defendeu seus ministros corruptos.
Sob o pretexto de criticar as privatizações, focou exclusivamente o seu panfleto em José Serra. O autor chegou a pagar a um despachante para violar os sigilos fiscais de vários cidadãos, tudo isso sob a proteção de uma funcionária (petista, claro) da agência da Receita Federal, em Mauá, região metropolitana de São Paulo. Ribeiro – que está sendo processado – não tem vergonha de confessar o crime. Disse que não sabia como o despachante obtinha as informações sigilosas. Usou 130 páginas para transcrever documentos sem nenhuma relação com o texto, como uma tentativa de apresentar seriedade, pesquisa, na elaboração das calúnias. Na verdade, não tinha como ocupar as páginas do panfleto com outras reportagens requentadas (a maioria publicada na revista “IstoÉ”).
Demonstrando absoluto desconhecimento do processo das privatizações, o autor construiu um texto desconexo. Começa contando que sofreu um atentado quando investigava o tráfico de drogas em uma cidade-satélite do Distrito Federal. Depois apresenta uma enorme barafunda de nomes e informações. Fala até de um diamante cor-de-rosa que teria saído clandestinamente do país. Passa por Fernandinho Beira-Mar, o juiz Nicolau e por Ricardo Teixeira. Chega até a desenvolver uma tese que as lan houses, na periferia, facilitam a ação dos traficantes. Termina o longo arrazoado dizendo que foi obrigado a fugir de Brasília (sem explicar algum motivo razoável).
O panfleto não tem o mínimo sentido. Poderia servir – pela prática petista – como um dossiê, destes que o partido usa habitualmente para coagir e tentar desmoralizar seus adversários nas eleições (vale recordar que Ribeiro trabalhou na campanha presidencial de Dilma). O autor faz afirmações megalomaníacas, sem nenhuma comprovação. A edição foi tão malfeita que não tomaram nem o cuidado de atualizar as reportagens requentadas, como na página 170, quando é dito que “o primo do hoje candidato tucano à Presidência da República…” A eleição foi em 2010 e o livro foi publicado em novembro de 2011 (e, segundo o autor, concluído em junho deste ano).
O panfleto deveria ser ignorado. Porém, o Ministério da Verdade petista, digno de George Orwell, construiu um verdadeiro rolo compressor. Criou a farsa do livro invisível, isto quando recebeu ampla cobertura televisiva da rede onde o jornalista dá expediente. Junto às centenas de vozes de aluguel, Ribeiro quis transformar o texto difamatório em denúncia. Fracassou. O panfleto não para em pé e logo cairá no esquecimento. Mas deixa uma lição: o PT não vai deixar o poder tão facilmente, como alguns ingênuos imaginam. Usará de todos os instrumentos de intimidação contra seus adversários, mesmo aqueles que hoje silenciam, acreditando que estão “pela covardia” protegidos da fúria fascista. O PT não terá dúvida em rasgar a Constituição, se for necessário ao seu plano de perpetuação no poder. O panfleto é somente uma pequena peça da estrutura fascista do petismo.
elson
27/12/2011 - 13h41
Por ultimo , o dito "panfleto que não pára em pé e logo cairá no esquecimento é um Best Seller , mesmo com a mídia aliada e remunerada pelas assinaturas sem licitação tentando esconder .
Agora quem quer a elucidação destes nebulosos processos de privatização da era FHC não são os petistas , más toda a sociedade . Nós queremos saber por quanto entregamos nossa soberania (Telecomunicações e setor energético)e nossas reservas minerais ( Vale do Rio Doce ) e quem se beneficiou nesse processo de assalto ao Brasil . Pois queremos saber como é que se enrriquece da noite para o dia recebendo recursos de empresas estabelecidas em paraísos fiscais .
elson
27/12/2011 - 13h34
"O panfleto não tem o mínimo sentido. Poderia servir – pela prática petista – como um dossiê, destes que o partido usa habitualmente para coagir e tentar desmoralizar seus adversários nas eleições (vale recordar que Ribeiro trabalhou na campanha presidencial de Dilma). O autor faz afirmações megalomaníacas, sem nenhuma comprovação"
Para que os petistas querem um dossiê contra Jose Serra , um cadaver político , um sujeito que não conssegue cumprir um simples mandato de prefeito ou governador , presidente de um consselho partidário decorativo , que virou a piada do ano ao fazer um exame caro no hospital após ser atingido por uma bolhinha de papél .
elson
27/12/2011 - 13h29
Juiz Lalau , Ricardo Teixeira , diamante rosa . Parece que o sujeito leu o livro e pulou a parte das ofshores , a decidir.com , esqueceu-se até que a Veja publicou em 2002 os pedidos de propina de Ricardo Sergio a Benjamim Streinbuch , se a memória é fraca , nós fazemos questão de lembrar , foram R$15 milhões .
elson
27/12/2011 - 13h25
"Sob o pretexto de criticar as privatizações, focou exclusivamente o seu panfleto em José Serra. O autor chegou a pagar a um despachante para violar os sigilos fiscais de vários cidadãos, tudo isso sob a proteção de uma funcionária (petista, claro) da agência da Receita Federal, em Mauá, região metropolitana de São Paulo."
Como não dá para contestar as acusações , é melhor desacreditar o denunciante . É sempre assim , quem não tem razão parte para a agressão .
elson
27/12/2011 - 13h22
'O panfleto de Amaury Ribeiro Junior (“A privataria tucana”) é apenas um produto da máquina petista de triturar reputações. Foi produzido nos esgotos do Palácio do Planalto'.
Aí a paranóia tucana exigiu camisa de força , pois acusar diretamente a presidencia da República e chamar a Presidenta e seus auxiliares de ratos é sem dúvida o sinal do desespero , de quem não tem como rebater os argumentos contrários e parte para a baixaria . Essa tática nós já conhecemos , foi usada nas eleições passadas .
Por muito menos ministros de estado foram derrubados , baseados apenas em declarações de criminosos fichados , e agora que aparece um livro recheado de provas documentais , esse livro não tem valor , só porque seu autor foi indiciado . Alguém tem de dizer a esse sujeito que em um tribunal mais vale a palavra no papél ou duas testemunhas que o disse me disse .
elson
27/12/2011 - 13h14
Aquilo que esta besta qualifica como "odeiam ter de conviver com a democracia" , desqualificando a lei de médios na Venezuela , Equador e Argentina como leis ditatoriais , é algo que em países ditos de primeiro mundo é algo natural .
Quisera nossos parlamentares ter a coragem de implementar uma lei que regule essa zona que dá poderes a pessoas não eleitas pelo voto popular .
elson
27/12/2011 - 13h09
Acusar os militantes de difamadores é o ápice da falta de argumentos , sou militante , não tenho cargo público e não ganho nenhum centavo do PT ou do governo federal , para defender este projeto de país que todo brasileiro que ama o Brasil almeja , um Brasil soberano e justo .
Esse energúmeno acusa o PT de depolitizar a administração , faltou a essa besta quadrada pesquisar quantas conferencias e debates o governo petista realizou durante o governo LuLa . Inclusive os debates da Confecom , quando os grandes meios de comunicação foram convidados , além de não irem , ainda o qualificaram como um atentado a liberdade de expressão .
elson
27/12/2011 - 13h02
Que absurdo , o sujeito acusa o PT de criar mentiras e impor mordaças . Quem não se lembra da ficha falsa na FSP , e do Quícoli que ganhou espaço no JN e agora desmentiu tudo oque disse .
A privataria Tucana é tabú na grande mídia , quem é que faz censura ?