Outra distorção do dia, que eu já esperava, é em relação à inflação, divulgada ontem pelo IBGE. A inflação de dezembro, em relação ao mês anterior, ficou em 0,56%. Em dezembro de 2010, havia sido de 0,69%. Então caiu, não? Os jornais, no entanto, optaram todos por fazer a comparação apenas com o mês anterior, para poderem dizer que a inflação “acelerou”. O que estaria tudo bem, se pelo menos eles também dessem destaque à queda da inflação nos períodos acumulados.
O mais importante, para não nos deixarmos contaminar por influências sazonais e extraordinárias que pesam nas variações mensais (sobretudo alimento e combustível), é sempre importante fazermos comparações usando os acumulados 12 meses. Aliás, é por isso que o IBGE sempre divulga a inflação acumulada em 12 meses, para que não fiquemos reféns apenas do índice mensal.
Pensando nisso, fiz um gráfico com o índice de inflação, no acumulado de 12 meses, de setembro – quando o número atingiu seu nível mais alto – a dezembro deste ano.
O teto da meta definida pelo Banco Central para a inflação deste ano era de 6,50%. Ou seja, ultrapassamo-la em apenas 0,06%! Fazer disso uma tragédia é positivamente ridículo, ainda mais para um país que já enfrentou inflações anuais superiores a 2.000% na década de 90!
A inflação realmente sofreu um leve pico este ano, pressionada pela queda no desemprego e na explosão do crédito, mas tem caído substancialmente de uns meses para cá.