Análise dos números do CNI-Ibope

A pesquisa CNI Ibope, divulgada hoje, oferece um farto material ao analista, e o que é melhor, livre da interpretação da mídia, pois podemos acessar diretamente as fontes. Aproveitando essa oportunidade, peguei os números e fiz uma qualificação das estatísticas, de maneira a podermos extrair quadros mais reveladores da situação política.

Por exemplo, na página 19 do relatório, há uma relação dos assuntos mais lembrados sobre o governo Dilma, com os respectivos percentuais. Eu aglomerei as respostas e eliminei as nulas e as indiferentes. O quadro final ficou assim:

 

Essa é uma estatística que permite uma visão mais qualificada sociologicamente do que a formada pela pergunta sobre a percepção do noticiário. As pessoas respondem favorável ou desfavorável de maneira subjetiva e instável, enquanto a lembrança das últimas notícias consiste num processo psicológico bem mais isento e transparente. Quer dizer, a pessoa responde que a notícia mais lembrada é sobre queda de ministros, e mesmo assim assim que o noticiário tem sido favorável ao governo, porque não entende, necessariamente, a publicação de uma denúncia contra um ministro como uma postura “desfavorável” ao governo. Para ele, a imprensa está apenas fazendo justiça, e até ajudando o governo a se livrar de um estorvo. O que algumas vezes é verdade.

Outra tabela importante, que eu intervi graficamente de maneira sutil, apenas para estreitá-la e deixá-la mais apresentável, traz dados segmentos por renda familia que nos oferecem um excelente quadro para analisar as graduações sócio-políticas dentro da estrutura de classes do país.

 

 

Vamos elencar alguns pontos curiosos da tabela acima:

  • Dilma é mais forte nas pontas sociais: entre os muito pobres e os muito ricos. Entre os mais pobres (até 1 salário), 73% acham

Fiz um gráfico só com as respostas de quem acha o governo Dilma “bom”, que ilustra bem o quadro:

 

 Outro fato curioso é que, na comparando aos resultados de setembro, a desaprovação de Dilma Rousseff, mesmo com toda a propaganda negativa na mídia, caiu justamente entre aqueles mais informados, que supostamente são as classes mais altas.
A desaprovação entre os que ganham mais de 10 salários caiu de 32% para 26%. Cresceu apenas marginalmente entre os que ganham de 5 a 10 salários, subiu um bucado entre a turma que aufere 1 a 2 salários e, por fim, declinou substancialmente junto aos barnabés que ganham até 1 salário.
Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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