A bala de prata que faltava para abater o ministro do Trabalho foi disparada ontem à noite. E de onde menos se esperava.
O Jornal Nacional anunciou, ontem à noite, que o Conselho de Ética recomendava a demissão de Carlos Lupi ; mais tarde, no Jornal da Globo, uma âncora risonha repetiu a notícia.
Os jornalões de hoje naturalmente manchetearam a notícia, produzindo automaticamente uma nova crise ministerial e deixando Lupi numa situação quase insustentável.
E a Folha cavou, escavucou, e encontrou mais um flanco vulnerável no passado de Carlos Lupi, um emprego que ele acumulava na Câmara do Rio junto com o de assessor no Congresso Nacional.
Em entrevista ao Globo, o líder do governo no Senado, Romério Jucá (PMDB), admitiu que a decisão do Conselho de Ética é uma bala (citando o próprio ministro, que havia dito, no auge da crise que o ameaçava tragar, semanas atrás, que só saía do ministério “abatido a bala”), mas não sabe se é fatal.
Claro que é fatal. Injusta ou não, midiática ou não, a decisão do Conselho de Ética põe um fim à novela.
Ainda faltam algumas semanas para o Natal, mas a degola do peru será realizada hoje, pelo jeito.
Claro que há chances de Dilma bancar a permanência do ministro por mais alguns dias, alegando francamente que fará uma ampla reforma ministerial no início do ano que vem, na qual já está agendada a saída de Lupi.
O custo político, porém, será alto. Hoje e no final de semana, colunistas, âncoras e os já inumeráveis exércitos de blogueiros corporativos que a mídia tem a seu serviço farão um grande banquete de Lupi a molho pardo.
O episódio representa uma derrota política para o governo; ao mesmo tempo, porém, fortalece a Comissão de Ética, que é um órgão ligado à presidência da república, servindo como demonstração de transparência e pujança democráticas.