Alarme falso. Agora que li a matéria com bastante atenção, vejo que o seu grau de impacto político é baixo. Os áudios não trazem nenhum servidor falando palavrão ou insinuando qualquer ato ilícito. A reportagem força bastante a barra nessa interpretação de que houve uma fraude. Fraude só haveria se o parecer do sr. Higor de Oliveira Guerra, contrário ao trem de superfície e a favor de ônibus, tivesse tido seu conteúdo alterado, e sua assinatura mantida no documento. Não foi isso que aconteceu. O Ministério das Cidades não alterou, tampouco “adulterou” (palavra forte usada pelo Estadão, para dar impacto negativo à notícia), o documento. Ele simplesmente o substituiu por outro, assinado por outra técnica da pasta.
Está claro que houve uma decisão política, a meu ver inteligente, de substituir um projeto de transporte urbano do tipo convencional, com ônibus movidos a óleo diesel, poluentes e barulhentos, por um outro mais moderno, do tipo que se vem fazendo na Europa, Japão e China: trens de superfície, movidos a energia elétrica, silenciosos, ambientalmente corretos, e que não provocam engarrafamentos.
Quem dera que houvesse mais “fraudes” assim no Rio e São Paulo!
O Ministério respondeu adequadamente ao jornal, admitindo que houve mudança no documento, mas defendendo a decisão, que teve o aval de todas as instâncias políticas envolvidas: governo do Mato Grosso, Ministérios do Planejamento, das Cidades, e parece que até do vice-presidente da República.
A matéria enfatiza o aumento de custo, mas evidentemente considera apenas um cálculo superficial, que leva em conta apenas o custo de implantação, e não os custos de manutenção e combustível, os impactos sobre o meio ambiente e a mobilidade urbana. Se formos considerar todos esses itens, seguramente o trem de superfície implicará em gastos menores para o erário e, o que é mais importante, um transporte de melhor qualidade para os cidadãos de Cuiabá, constituindo, além disso, um exemplo para todas as grandes cidades do Brasil.