O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez uma apresentação ontem, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, que nenhum dos maiores jornais noticiou, apesar de trazer números e previsões importantíssimas para a economia brasileira. Fiquei sabendo apenas pelo Valor Econômico.
A Miriam Leitão, em sua coluna, menciona a audiência apenas para trazer um dado negativo mostrado pelo próprio ministro: o aumento do déficit na balança comercial de manufaturados.
Nesse ponto, vale fazer uma crítica aos técnicos da Fazenda. Funcionários públicos às vezes são meio preguiçosos. Antes de concluir que “instabilidade externa e guerra cambial prejudicam indústria brasileira de manufaturados”, deveriam trazer dados sobre a “produção brasileira de manufaturados” no mesmo período dessa tabela.
Sim, porque a tabela do Ministério mostra o aumento nas exportações de manufaturados, mas não no mesmo ritmo do crescimento das importações, o que eleva o déficit. Entretanto, é preciso entender duas coisas:
- Até onde o aumento das importações tem a função de suprir uma demanda que a indústria brasileira não tem condição de oferecer, incluindo aí uma série de produtos que nunca vamos produzir, como vinhos chilenos, ou não vamos produzir tão cedo, como notebooks made in China?
- Até onde este aumento vem efetivamente substituir (e com isso, prejudicando) produtos tradicionais de nossa indústria?
Publico abaixo algumas fotografias que tirei da apresentação do Mantega. Tem uns gráficos muito bonitos e ilustrativos, e merecem ser divulgados, até porque foram pagos com dinheiro público:
Observe que a taxa de juros real atingiu um dos menores patamares da história recente brasileira. Se os bancos não cobrassem spreads tão extorsivos, o crédito no Brasil já poderia ser considerado quase decente.
Vendo a quantidade monstruosa de empregos gerados nos últimos anos, eu penso no Lupi. Talvez tenha sido o ministro do Trabalho em cuja gestão mais empregos foram gerados no mundo (tirando China e Índia do páreo, obviamente), mas esse é um detalhe em sua carreira que os colunistas de jornal naturalmente não levam em conta quando analisam a sua competência, né?