O caso Lupi refluiu na imprensa. Nenhum jornal, nem a temida Veja, nem mesmo a Istoé, trouxeram novos terríveis escândalos, ou sequer citaram os antigos com manchetes ou matérias escandalosas. Aliás, tirante uma chamada pequena na capa do Globo, Lupi sequer é mencionado nos jornalões. O sábado foi de trégua relativa para o ministro do Trabalho.
Os editoriais já aceitam com tranquilidade que Lupi pode resistir à onda de ataques até a reforma ministerial, quando sua saída é dada como certa. O Globo publicou hoje editorial bastante duro contra o ministro do Trabalho, mas num tom já meio resignado.
Alguns jornais noticiaram que o outro avião usado por Lupi, um Sêneca, foi pago por um empresário agrícola maranhense ligado ao PDT. O caso, porém, não deve ganhar tanta repercussão, porque o ministro fazia viagem de cunho partidário, portanto privado, não sendo problema o uso de aviões particulares. E, de qualquer forma, a responsabilidade recairia sobre o PDT, que ofereceu o transporte.
Quer dizer, embora sem constar em nenhuma capa, surgiu sim um novo escândalo no Trabalho, envolvendo um convênio de R$ 4 milhões com uma ONG, que pertencia à mãe do deputado Weverton Rocha (PDT – MA). O episódio deve provocar algumas dores de cabeça ao ministro, e revela como é saudável que o governo tenha decidido pôr fim a esse verdadeiro trem-de-alegria que foram esses convênios entre ministérios e ONGs. O próprio Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, já declarou que não realizou este ano nenhum novo convênio com ONgs e que a prioridade da pasta hoje é fazer parcerias com entidades públicas, como prefeituras e estados.
Mas o caso também não é desses que derruba ministro, porque se há problema, a culpa é da ONG, ou pode configurar possível tráfico de influência do deputado Weverton Rocha, que se tornou assessor de Lupi. A denúncia ajuda a esquentar mais ainda a cadeira de Lupi, mas não é suficiente para apeá-lo.
A Folha publicou matéria com pesquisa sobre os pedetistas contrários à permanência de Lupi no ministério. O texto reflete, no entanto, mais as disputas internas do partido do que alguma indignação real contra eventuais “malfeitos” do ministro. E como Dilma, segundo a mesma imprensa divulgou na véspera, já identificou a existência dessas disputas e não quer atiçá-las ou fazer delas motivo para sangrar seu próprio governo, elas também não constituem uma ameaça à sobrevivência de Lupi à frente da pasta. Vale anotar, todavia, essa nova estratégia para enfraquecer um ministro: açular o apetite de seus possíveis substitutos pela vaga.
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!