A Folha oferece hoje outro caso interessante para observar a disposição hierárquica das notícias. A instalação da Comissão da Verdade e a sanção da Lei de Acesso a Informações, embora tenha contado com a presença de todas as principais autoridades da República, com direito a um emocionante discurso da presidente Dilma Rousseff, foi absolutamente esnobada pelo jornal Folha de São Paulo.
O evento deu oportunidade para o jornal tirar uma enorme quantidade de fotos relevantes para seus leitores entenderem melhor as relações de poder no Planalto. Não publicou nenhuma. A cobertura da Folha do evento foi absolutamente fria. Ou melhor, gelada. Há uma chamada minúscula na primeira página. E no miolo, o assunto é jogado na página A16 de maneira confusa, quase displicente, dividido em duas matérias posicionadas desajeitadamente em diagonal.
A postura editorial da Folha revela que o jornal, que foi um dos maiores apoiadores do regime, ainda sente enorme constrangimento em abordar o tema.
O Globo foi mais simpático. Ao menos publicou uma foto na primeira página e dedica uma página inteira exclusivamente ao evento.
Na capa:
Mesmo assim não há como deixar de fazer uma crítica à ênfase que o Globo dá, no texto publicado num enorme box no centro da página, ao “desconforto militar’. O simples fato de não terem batido palmas em alguns momentos ganha destaque e dá razão ao título.
A melhor cobertura foi do Estadão, que deu chamada na capa e uma página inteira no miolo. E o melhor de tudo, menciona o elogio da ONU juntamente com a solicitação da instituição para que a Lei da Anistia seja revogada, fato que sequer foi abordado nos outros jornais.
Na capa do Estadão:
Confira a íntegra do evento, na cobertura do canal oficial do governo: