No front econômico, a única observação que tenho a fazer sobre a nossa mídia é que, novamente, ela deu enorme destaque a deterioração da situação européia, e deixou em segundo plano uma notícia de grande valor para a economia brasileira, a saber, a estimativa de que a inflação irá ficar sob controle até o final do ano. A informação consta do Boletim Focus, do Banco Central, divulgado ontem, onde se projeta a inflação em 2011 em 6,48%, abaixo do limite máximo estipulado pelo próprio governo, de 6,50%.
O Globo, apesar de não dar nada na capa, ao menos fez o infográfico acima, que é bonitinho e informativo.
O Estadão chegou a dar a manchete para as dores européias, e nenhuma citação discreta à grande vitória econômica obtida pelo Brasil no campo da inflação.
Um potencial descontrole inflacionário tem sido o calcanhar de aquiles da economia brasileira. Todos os outros indicadores vinham apresentando bons resultados: desemprego, superávit fiscal, até mesmo o crescimento do PIB, embora modesto este ano, está dentro de um quadro positivo, porque bem distribuído, com estados ricos crescendo menos, pobres crescendo mais, reduzindo a desigualdade. Só mesmo a inflação dava dor de cabeça às autoridades econômicas e aos formuladores de politicas sociais, pois, de fato, ela é a maior inimiga do pobre. Se para a classe média, não faz muita diferença pagar 50 centavos a mais num quilo de feijão, para uma família muito pobre isso pode significar uma queda nutritiva e consequências trágicas.
A razão para essa má vontade em dar uma notícia boa e importante talvez se origine no fato de que ela revela que o Banco Central estava certo em reduzir os juros, na contramão do que pensavam os analistas consultados pelos grandes jornais.
O Estadão chegou a publicar, no último sábado, um editorial com o sugestivo título: A eventual elevação da taxa de juros pode ser útil
Pois bem, ainda bem que o BC não ouviu esses especialistas, visto que um aumento nas taxas básicas de juros corresponde a jogar no ralo dezenas de bilhões de reais. Nessa questão dos juros, felizmente, empresários e trabalhadores tem a mesma opinião:
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, o movimento de redução do juro deve ser intensificado.
“Meio ponto porcentual corresponde a uma economia de R$ 8,5 bilhões aos cofres públicos, valor suficiente para construir 10 mil escolas ou 150 mil casas populares. Por isso os juros precisam continuar caindo”, afirmou, em nota divulgada há pouco. “A Fiesp espera que, nas próximas reuniões do Copom, a autoridade monetária acentue o movimento de redução dos juros, conforme o desejo de toda a sociedade brasileira.”
Separei ainda alguns links legais com notícias econômicas:
BB começa a afrouxar juros, blog Projeto Nacional
No balanço da balança comercial, idem
Economista do BNDES fala de tendência de inflação, vídeo Conta Corrente, Globonews
Cenário atual é favorável a Selic abaixo de 10% em 2012, Valor