O senador Aécio Neves e ex-governador José Serra já iniciaram uma espécie de guerra doméstica antecipada para ver quem será o candidato do PSDB à presidência da república. Aécio parece contar com um arco de apoio bem maior, dentro de seu próprio partido, além de representar uma renovação, visto que Serra já teve sua chance.
Entretanto, quem conhece o ex-governador sabe que ele não vai sair do caminho tão facilmente. Então é de esperar alguma emoção nessa disputa.
Ambos são candidatos fortes, e tem chances de vitória em 2014, desde que, naturalmente, a presidente Dilma esteja com popularidade baixa, o que não é o caso no momento.
Uma das dificuldades a ser enfrentada pelo PSDB é a imagem positiva que Dilma vem cultivando junto a segmentos conservadores da classe média, imagem esta que não se pode atribuir somente à tal “faxina” ética, mas também ao próprio biotipo social de Dilma Rousseff, uma senhora durona, com origem na classe média alta, que sempre visita museus quando viaja ao exterior.
Nas eleições de 2010, não se conhecia Dilma Rousseff, o que foi um fator de desvantagem da candidata em relação a seu adversário. Agora, ocorrerá o inverso. Já bem conhecida do público, e com avaliação positiva justamente nas faixas sociais com que o PSDB esperava contar nas eleições, Dilma desponta, desde já, como favorita natural no pleito de 2014.
Os escândalos éticos divulgados pela imprensa nos últimos meses não tem afetado a imagem da presidente. Ao contrário, ela tem se mostrado extremamente zelosa de sua imagem na mídia. Um post do blog do Nassif, publicado hoje, retrata bem essa conjuntura.
“Na verdade, ela está ganhando com esses episódios, passando a imagem de moralizadora. A opinião média é que ela está limpando o que o antecessor deixou”, diz um profissional de pesquisas de opinião pública com clientes na oposição e na situação.
O sociólogo Antônio Lavareda, que faz levantamentos para o PSDB, partilha da mesma análise. E os números a confirmam, embora nenhum dos grandes institutos tenha realizado pesquisas depois da queda do ministro Orlando Silva, no fim de outubro.
A força de Dilma deve arrefecer as ambições de Serra de se lançar candidato. O tucano provavelmente irá se contentar em disputar uma vaga para o Senado em 2014. Já Aécio vai entrar na briga mesmo que para perder, pois sabe que precisa projetar seu nome a nível nacional para ter alguma chance em 2018 ou 2022.