Depois dos gritos de guerra, o cachimbo da paz. O ministro Carlos Lupi e seu partido, o PDT, passaram o dia botando panos quentes em suas próprias declarações da véspera. Lupi pediu desculpas pelo destempero verbal e o PDT amenizou a ameaça de que o partido poderia deixar a base aliada em caso de demissão de seu ministro.
Seja como for, a estratégia deu certo. A mídia recuou nesta quinta-feira. Lupi saiu das manchetonas. A presença de Lupi no Jornal Nacional e no Jornal da Globo me pareceu positiva para ele. Pelo menos não usaram musiquinha de terror ao fundo.
O ataque mais forte veio na página 3 do Globo.
Houve uma tentativa, por parte da mídia, de exagerar a “reação” da presidente. De maneira geral, porém, os atores desempenharam as cenas com bastante competência. Lupi subiu o tom quando tinha que subir, baixou quando tinha que baixar, a Dilma reagiu com calculada irritação, mas perdoou, e o ministro se manteve no cargo. A mídia ridicularizou o ministro, inclusive através de foto em posição estranha na página 3 e parece ter se dado por satisfeita.
Para não acusar uma derrota, a mídia esnoba do ministro dizendo que a presidente decidiu tirá-lo do governo sim, mas só na reforma ministerial, que acontece em fevereiro ou março do ano que vem. Isso é bravata da mídia. De fato, Lupi provavelmente era um dos que estavam mesmo na lista dos demissionários da próxima reforma, até por uma questão natural de renovação – pois é um dos ministros mais antigos. Mas daí a inferir que ele sairá por causa da crise atual, é apenas uma daquelas mordidinhas banguelas que de vez em quando a mídia aplica no governo quando fica sem ter o que dizer.
Por outro lado, não se pode subestimar o poder midiático. Acho que a decisão de aliviar o Lupi veio de cima. Não interessava à mídia comprar briga com um setor sindical poderoso. Folha e Estadão resolveram não entrar. O Globo ficou sozinho e agora recuou estrategicamente. Seria ingenuidade, contudo, apontar aqui uma derrota política da mídia.
Ao contrário, a mídia saiu vencedora dessa luta também, porque novamente pautou o debate político nacional e recuou na hora que lhe deu na telha. Sem contar que a crise ainda não terminou. Esperamos novos desdobramentos para os próximos dias.
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