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A hora e a vez da Rocinha e o campus da USP

Pelo cronograma da Secretaria da Segurança Pública do Rio, a Rocinha, dada como a maior favela do Brasil, será a próxima a abrigar uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e representará um grande desafio para os responsáveis pela atual e moderna política de segurança do Rio.

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Rio prende traficante e, São Paulo, universitários usuários de maconha

Por Wálter Fanganiello Maierovitch, em seu blog

Na favela-bairro da Rocinha — localizada na zona sul do Rio de Janeiro com mais de 60 mil moradores —, a organização denominada Amigos dos Amigos (ADA) controla o tráfico de drogas ilícitas e exerce forte influência social.

Pelo cronograma da Secretaria da Segurança Pública do Rio, a Rocinha, dada como a maior favela do Brasil, será a próxima a abrigar uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e representará um grande desafio para os responsáveis pela atual e moderna política de segurança do Rio.

Pela primeira vez será implantada uma unidade em área dominada pelo ADA: as anteriores foram em territórios que estavam sob controle de facções do Comando Vermelho (CV).

A propósito, enquanto o Rio de Janeiro enfrenta a criminalidade organizada com uma adequada política de segurança (substituiu a militarizada e populista posta em prática irresponsavelmente pelo governador Sergio Cabral), a do governador Geraldo Alckmin optou, com apoio na linha neofascista da Lei&Ordem, pela perseguição a universitários que fumam maconha no campus da Universidade de São Paulo (USP). Isto com finalidade lúdico-recreativa (não medicinal).

Em tempo de imunidade penal pelo mundo civilizado, como se nota por vários institutos premiais (plea bargaining, delação premiada, pattegiamento, bagatela, remição, desassociação etc), investe-se em São Paulo no de menor potencial ofensivo, enquanto o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma organização criminosa que já desmoralizou as polícias paulistas, espalha-se e difunde o medo na periferia da capital.

Como se vem observando no Rio de Janeiro, e ficou claro na “fuga” de covardes traficantes do Complexo Dona Marta e Alemão, a migração deliquencial é a regra, com o anúncio do avanço da implantação das unidades pacificadoras. Ocorre, no entanto, que os chefões deixam o local mas mantêm microtraficantes com o objetivo de corromper os agentes envolvidos na pacificação.

Recentemente, verificou-se que soldados do Exército foram subornados no Complexo do Alemão.

O poder econômico do tráfico proporcionou a corrupção de grande parte das polícias fluminenses. E ex-policiais associados, com os da ativa e do corpo de bombeiros, criaram as milícias, outra espécie de organização do gênero crime organizado de matriz pré-mafiosa.

Na quarta-feira (9), o megatraficante Nem (Antonio Bonfim Lopes) resolveu deixar a Rocinha e não enfrentar diretamente os policiais destacados para a reconquista de território do Estado, e não da delinquência. Isso pode ser indicativo da tática do ADA de não resistir para, depois da implantação, voltar a se infiltrar e tentar dominar.

Nem, avisado da ocupação da Rocinha, tentou fugir no porta-malas de um automóvel que acabou, por obra do acaso, selecionado para vistoria quando em trânsito pela Lagoa Rodrigo de Freitas.

O espantoso, como verificado na véspera, é que comboios de policiais continuam sendo usados para transportar, com segurança, membros de organizações criminosas. Nesta semana, cinco policiais foram presos quando transportavam traficantes da Rocinha.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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