Matéria publicada hoje na Folha deve causar um leve fremir de penas no tucanato paulista. Os dados relativos à liberação de emendas pelo governo do estado foram tornados públicos pela primeira vez anteontem, por decisão de Alkcmin, na esteira do escândalo iniciado com declarações do deputado Roque Barbiere, segundo o qual, seus colegas negociariam emendas com empreiteiras. Barbiere não revelou nomes e o caso foi abafado. A grande imprensa também não parece muito entusiasmada em investigar.
O mais incrível é o crescimento dos montantes liberados pelo governo estadual durante a gestão Serra. Em 2007, foram somente R$ 14,7 milhões, saltando para R$ 137,4 milhões em 2008, e para R$ 257 milhões em 2010.
No entanto, é preciso esclarecer o leitor que não há nada, em teoria, de errado em liberar emendas para os parlamentares; em tese, também, quanto mais dinheiro melhor, desde que as emendas sejam aplicadas corretamente e em obras necessárias. O problema é que abundam, em São Paulo, denúncias de corrupção em torno destas emendas. Bruno Covas, um dos pré-candidatos tucanos à prefeitura paulista, cometeu a indiscrição de afirmar que havia recebido proposta de suborno de uma empresa; depois tergiversou e disse que aventara apenas uma situação hipotética, e sumiu da mídia, praticamente se descredenciando para as eleições municipais do ano que vem.
O eixo mais importante da matéria, no entanto, não é a corrupção, e sim a descarada preferência partidária (e portanto, antirrepublicana) dos governos tucanos. A realidade mais uma vez mostra que o “aparelhamento” do Estado e a política “companheira” não é exclusividade do PT. A matéria, contudo, sequer tem chamada na capa, e figura somente na página A10.
O caso poderia ter mais repercussão se o PT paulista fosse um pouco mais atuante. Não é o caso. Ao contrário, PT paulista apoiou, inexplicavelmente, a reeleição de Barros Munhoz (campeão das emendas), ao cargo de presidente da Assembléia Legislativa do estado.