Lendo a entrevista com Aldo Rebelo no Globo deste domingo, pensei que a ressaca da demissão de Orlando Silva foi muito pesada, mas extremamente rápida. Ou seja, não foi tão braba como era de se esperar. E a explicação tem um nome: Aldo Rebelo. O cara certo no lugar certo. Orlando Silva pode até ter sido um ministro bem melhor e mais esforçado do que jamais será Aldo, mas Silva ainda tem de comer muita tapioca para atingir a maturidade política do atual ministro do Esporte.
Mais ainda, Aldo está usando a sua nova projeção justamente para defender… Orlando Silva. Além do PCdoB, claro, que foi alvo de ataques violentíssimos durante a campanha midiática para derrubar Silva. Na entrevista de hoje, Aldo afirma que Orlando era um homem honesto, íntegro, assim como fez durante a cerimônia de transmissão de cargo. Aliás, vale salientar que nunca um ministro demitido na onda de acusações de corrupção foi tão defendido por seus chefes, pares e sucessor.
Passada a turbulência, podemos analisar com mais calma o que aconteceu, e avaliar os erros e acertos. Difícil dizer onde Orlando errou, visto que o ex-ministro agiu com extrema objetividade, ele mesmo acionando todos os órgãos de controle para que investigassem a si mesmo. Mas com certeza a escolha de Aldo Rebelo foi um coelho que saiu da cartola (não confundir com os “cartolas” ). Sobretudo porque, sendo o nome mais importante de seu partido, Aldo Rebelo deu mais peso político à pasta, e justamente num momento onde se levantavam questionamentos sobre um eventual tamanho desproporcional da participação ministerial do PCdoB em relação a seu peso no Congresso.
Nesta entrevista, Rebelo lembra que, além de ministro de Lula e presidente da Câmara, foi relator do projeto que autorizou a pesquisa com células-tronco no Brasil. Acho importante lembrar disso para aqueles que criticam Rebelo por sua participação, também como relator, no projeto do Código Florestal.