(Charge: Vitor Teixeira)
Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho
A Lava Jato é multiuso.
Primeiramente ela foi usada pela direita, através do seu grande comandante, o oligopólio midiático nacional, para uma tentativa de interferência no processo eleitoral de 2014.
Seus vazamentos seletivos saíam diretamente da mão dos heróis da República de Curitiba para a mídia amiga, que os utilizava para atingir o PT e tentar evitar que o partido ganhasse a quarta eleição presidencial seguida.
Quase deu certo: Haddad afirmou em uma entrevista que após a capa da Veja no fim de semana nas eleições, distribuída como um panfleto nas ruas (só a capa mesmo, não se precisa de muito para manipular quem acredita na Veja), as intenções de voto em Dilma despencaram em São Paulo, o que fez com que o resultado das eleições fosse bastante apertado.
Após mais uma derrota eleitoral, a mídia de direita passou a usar os vazamentos da Lava Jato para criar um clima favorável ao impeachment na opinião pública.
Dessa vez deu certo: os protestos turbinados pela revolta da classe média/alta com os escândalos diários do partido mais corrupto da história foram essenciais para o golpe, pois deram o discurso aos golpistas de que “o povo queria o impeachment”.
Antes das últimas eleições municipais, mais uma rodada de prisões de petistas para que a grande mídia desse as manchetes certas para não permitir qualquer tipo de reação do PT nas urnas.
Também deu certo.
Passadas as eleições, a Lava Jato cumpre dois papéis essenciais na estratégia política da direita.
O mais evidente é tirar Lula das próximas eleições, prendendo-o ou ao menos tornando-o inelegível.
O outro papel é mais discreto mas também tem grande importância.
A Lava Jato serve para hipnotizar o público e afastá-lo das questões que realmente importam.
Nos últimos dias foram aprovados na Câmara dois projetos que trarão consequências drásticas para os brasileiros nas próximas décadas: o que retira a obrigatoriedade da Petrobras de explorar ao menos 30% dos poços de petróleo do pré-sal, facilitando as coisas para as grandes petrolíferas estrangeiras – é a promessa de José Serra à Chevron, conforme vazamento do Wikileaks, sendo cumprida – e o que limita os gastos públicos por 20 anos.
É óbvio que estes projetos são a grande pauta política do momento, mas dê uma olhada nos portais do cartel midiático: as reportagens sobre eles estão sumidas ou discretamente escondidas.
As manchetes vão para o indiciamento de Lula e seu sobrinho por obras em Angola, para a delação da Odebrecht, etc.
Cada desdobramento da Lava Jato é explorado nos mínimos detalhes, enquanto projetos que vão alterar a vida das pessoas por muito tempo são escondidos.
O noticiário político e o policial são a mesma coisa para o público da grande mídia. O resto não importa muito.
É claro: discutir projetos abertamente e com profundidade não interessa à direita brasileira, que é entreguista e anti-povo. E a população não pode perceber isso de jeito nenhum.
Onda Vermelha
08/10/2016 - 13h04
O Post ficou INCOMPLETO! Certamente, também iria a abordar a famigerada e draconiana PEC 241, em vias de aprovação no Congresso Golpista, que retira recursos da saúde e da educação por 20 ANOS!
Odair Silva
07/10/2016 - 18h51
Mas a Dilma ia dar um calote na locação de carros no EEUU em 2015 ou não??? Rsss
Leo Pensamento Livre
07/10/2016 - 13h34
Viva a direita multipla e democrática.
Atreio
07/10/2016 - 13h48
não.
mas vai numa audiência publica qq e na reunião da sub prefeitura de sua cidade e se exponha, exponha seus argumentos. lá conversamos e qem sabe vc entende algo.
desejo melhoras!
label vargas
07/10/2016 - 13h04
Lembro do juiz italiano que comandou a operação” mani puliti” na Itália,dizendo numa reportagem da globosta ” é preferível muitos culpados soltos do que um inocente preso”.
Mais uma vez,nós brasileiros importamos técnicas usadas lá fora,tirando o lado bom delas e reforçando e criando novos efeitos danosos.Esto vale para farsajato e também para o empresariado brasileiro na sua luta diária de exploração do trabalhador.
C.Poivre
07/10/2016 - 12h31
Ontem vi um documentário no Netflix que, apesar de não ser por razões políticas, faz lembrar a lava jato pois tem também um promotor preconceituoso e dado a ilações, presunções e pressuposições como os procuradores da lava jato, associado a uma mídia poderosa e manipuladora. O documentário (com os personagens reais) chama-se “Amanda Knox” e ocorreu em 2007 na Itália.