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Otavinho Frias, dono da Folha, toma surra histórica em Londres!

Reproduzo abaixo um trecho de um debate realizado há alguns dias, em Londres, durante o qual o proprietário da Folha de São Paulo, Otavio Frias Filho, tomou uma surra histórica, em pergunta feita pela britânica Sue Brandford, correspondente internacional do Latin America Bureau. Otavio Frias, furioso, reagiu chamando a austera Brandford de “militante do PT”. […]

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Reproduzo abaixo um trecho de um debate realizado há alguns dias, em Londres, durante o qual o proprietário da Folha de São Paulo, Otavio Frias Filho, tomou uma surra histórica, em pergunta feita pela britânica Sue Brandford, correspondente internacional do Latin America Bureau.

Otavio Frias, furioso, reagiu chamando a austera Brandford de “militante do PT”.

Tem sido cômica e previsível a reação dos barões da mídia às críticas, hoje mundiais, à sua postura golpista. Todo mundo, para eles, é “petista”, “pago pelo PT”, “simpatizante do PT”.

A reação dos oligarcas da mídia brasileira é sempre furibunda, autoritária. Invariavelmente, os oligarcas atacam o direito dos críticos se expressarem, e não o conteúdo em si.

A sua indignação é contra a própria liberdade de expressão de seus críticos, apesar de terem tentado se promover (cinicamente), nos últimos anos, como paladinos dessa liberdade.

Vide a carta que o próprio dono da Globo, João Roberto Marinho, enviou ao The Guardian, em resposta a um artigo de David Miranda.

Como exemplo desse esforço, de não apenas contestar a crítica, mas de negar-lhe a existência, a Globo contratou um pistoleiro, Pedro Doria, para escrever um artigo incrivelmente mentiroso dizendo que a imprensa internacional não chama o impeachment de golpe. Eu fiz um post sobre essa pistolagem.

Ou seja, a Globo tentou vender a seus leitores que as críticas da imprensa internacional ao golpe simplesmente não existiram: eram invenção dos “blogs”. Por isso, aliás, mandou (e foi obedecida imediatamente) o governo Temer perseguir os blogs.

Não podendo mais negar a existência das críticas ao golpe, o colunista Guilherme Fiúza, tentou uma jogada desesperada: acusou o New York Times de estar no bolso do PT.

Parece piada, e é tão ridículo que a gente efetivamente faz piada em cima dessas coisas, mas no fundo é uma coisa trágica, porque a consequência foi um golpe de Estado e o início de um desmantelamento brutal, atabalhoado, sádico, de todo um conjunto de programas sociais. O governo Temer, por exemplo, acaba de reduzir o Bolsa Família em R$ 14…

Essa irritação senhoril da mídia às críticas é também uma reação fascista, por várias razões:

– primeiro porque não responde à crítica em si, e sim ataca a pessoa que a emite, rotulando-a, tentando desqualificar o conteúdo de sua crítica colando no emissor um rótulo político cujo peso semântico a própria Folha ajudou a carregar de preconceito.

– segundo porque parte do pressuposto de que existam duas classes de pessoas: os isentos, seres superiores como o próprio Frias, imunes às paixões políticas, acima do bem e do mal; e os militantes, seres inferiores, cujas opiniões irracionais não servem ao debate e, portanto, nem deveriam participar de um debate sério.

Frias diz isso mesmo: que Brandford não deveria estar no mesmo debate que ele, porque ele é jornalista e ela é uma “militante do PT”.

Em algumas circunstâncias, não é xingamento chamar alguém de militante do PT. Em outras, como é o caso agora, é uma afirmação puramente ofensiva, uma tentativa vil, mau caráter, de desqualificar o debatedor.

Brandford não tem ligação nenhuma com PT. É uma britânica culta, viajada, cosmopolita, uma pessoa humanista e democrática, que conhece a realidade do Brasil, que é crítica ao golpe e, portanto, crítica ao papel que a mídia brasileira desempenhou nele.

Essa afirmação de Frias é uma manifestação inacreditável de arrogância e cinismo, bem típica da Folha.

Frias afirma, também com incrível cinismo, que foi “pessoalmente” contra o impeachment. Ora, o seu jornal fez (e ainda faz) propaganda aberta pelo impeachment desde o primeiro dia de 2015, através de todo o tipo de artifício semiótico. E não são sequer artifícios disfarçados, subliminares: a seção Poder da Folha exibe, desde início de 2015, propagandas fixas, em destaque, em favor do impeachment. A cobertura das manifestações pró-impeachment tem sido monstruosamente enviesada, em favor do impeachment, além de profundamente desequilibrada em relação à cobertura dos eventos contra o golpe. Todos os dias, ocorrem debates contra o golpe. A Folha não divulga nenhum deles. Não faz vídeo, não faz charge, não faz entrevistas, contra o golpe, e quando o faz é numa proporção infinitamente menor que a mesma cobertura para o outro lado. Isso além da censura aberta, descarada, às críticas à própria mídia, em especial à Globo.

Tanto a Folha como a Globo ajudaram a convocar as manifestações em favor do impeachment.

É deveras interessante ouvir a resposta de Frias porque é muito raro, no Brasil, a participação desses barões no debate sobre mídia, até porque a eles não interessa que haja debate sobre o tema; a menos, é claro, que seja um debate absolutamente controlado por eles, como são alguns seminários de suas associações em São Paulo, com ingressos custando R$ 600,00.

Pode-se dizer que é o cinismo mais puro já produzido na história da humanidade.

Na história do golpe, a participação da mídia poderia ser resumida da seguinte forma: a Globo entrou com a violência; a Folha, com o cinismo.

Frias diz que “não acredita em manipulação”.

Ora, ora, ora.

Todos os livros e filmes já publicados sobre manipulação da informação devem ser jogados no lixo?

A manipulação em torno da história das armas de destruição em massa no Iraque não teve efeito nenhum sobre a opinião pública norte-americana e mundial? Frias nunca viu o filme Zona Verde?

Se a imprensa norte-americana, cúmplice da Casa Branca, conseguiu manipular a experiente opinião pública de seu país, a manipulação de uma sociedade democraticamente imatura, vítima de um sistema de comunicação infinitamente mais concentrado, é muito mais fácil!

O fascismo europeu, o antissemitismo, o ódio sectário que produziu duas guerras mundiais, não teve nada a ver com a história da manipulação de imensos contingentes populacionais, por meios de comunicação de massa?

Os estudos de Adorno sobre a indústria cultural, os livros de Chomsky sobre fabricação de consenso, os ensaios de Umberto Eco, devem ser todos tratados como inúteis?

Na verdade, Frias desrespeita (cinicamente, claro, porque ele não acredita nisso) a própria história dos meios de comunicação de massa, que tem igualmente aspectos positivos, de defesa de direitos humanos e democracia.

Esses aspectos positivos, porém, só podem ser elogiados e compreendidos se olharmos também os negativos: a manipulação sistemática da informação e, no caso da América Latina, a sua tendência histórica em apoiar movimentos antidemocráticos e golpistas.

É preciso entender que o poder de manipulação é proporcional ao cinismo da imprensa em se pretender isenta.

Porque a máscara de “isenção” é a principal arma da manipulação.

Se os jornais tivessem uma postura politicamente transparente, poderiam até fazer o mesmo tipo de jornalismo que fazem hoje, porém seu poder de manipulação seria reduzido. E o poder de manipular, de produzir crises, de interferir na democracia, é o que a imprensa brasileira mais preza, porque é através deste poder que ela consegue destruir qualquer adversário político ou concorrente comercial, e arrancar financiamentos e recursos publicitários do governo.

Ao final de sua fala, Frias apela para o sofismo barato: os críticos da mídia brasileira devem escolher, diz ele, se a mídia está decadente ou se continua todo-poderosa. Por aí se vê que o ódio de Frias, como dos barões midiáticos em geral, é sempre em direção aos críticos.

Ora, a mídia corporativa decaiu sim. A Folha imprimia 1,5 milhão de exemplares nos anos 90. Hoje imprime 200 ou 300 mil. Mas o seu poder continua muito grande, sobretudo quando se alia a setores partidarizados da burocracia: aí sim, o seu poder se multiplica consideravelmente.

Uma coisa é um jornal sozinho, fazendo denúncias, publicando reportagens investigativas feitas com muito esforço. Outra é quando setores da burocracia, imersos numa conspiração que o próprio jornal ajudou a insuflar, se aliam a este jornal para derrubar um governo. Aí sim a mídia corporativa volta a ser todo-poderosa.

Voltaremos ao cinismo de Frias em outras ocasiões.

Abaixo, o vídeo.

Abaixo, a tradução da fala da inglesa, feita pelo internauta Luís Henrique Kubota, tradutor profissional.

A fala seguinte, do Otavinho, é feita em português, então não precisa de tradução.

***

Sue: Oi! O microfone está funcionando? Sim. Bem, o título… Vou falar em inglês. Entendo o português, mas é mais fácil para mim se eu falar em inglês. E temos intérpretes.

O título desta sessão é Mídia, Percepção e a Consolidação da Democracia Brasileira. Para mim, parece que a imprensa brasileira sofre de uma fragilidade estrutural que realmente está dificultando a consolidação da democracia no Brasil. Mas não estou falando de jornalistas individuais – o Brasil tem alguns jornalistas maravilhosos. Alguns comentaristas maravilhosos. E, de certa forma, acho que melhores do que os que temos na Inglaterra. Na verdade, estou falando sobre o setor da mídia em si. E estou falando sobre ele tendo como referência a crise. E, se tiver tempo, também vou falar brevemente sobre o papel da imprensa estrangeira na crise. Acredito que a atuação dela tem sido interessante e incomum. Talvez seja um pouco de truísmo dizer que, no Brasil, a grande imprensa – os grandes veículos de comunicação – é dominada por poucas famílias, todas elas muito conservadoras.

Mino Carta, um dos principais jornalistas de esquerda no Brasil e atual editor de Carta Capital, descreveu a imprensa brasileira como “reacionária e conservadora”, e “umbilicalmente ligada ao poder e aos detentores do poder”.

Mas não são apenas analistas no Brasil que dizem isso. A ONG Repórteres sem Fronteiras – uma ONG internacional que promove e defende a liberdade de informação e a liberdade de imprensa – concorda, embora não use uma linguagem tão expressiva quanto a usada por Mino Carta. Ela disse em seu relatório mais recente:

“A propriedade da mídia [no Brasil] permanece muito concentrada, especialmente nas mãos de poderosas famílias que, frequentemente, são próximas da classe política.”

“A cobertura da mídia brasileira sobre a atual crise política do país tem enfatizado o problema. De maneira pouco velada, os principais veículos da mídia nacional têm estimulado o público a ajudar na derrubada da Presidenta Dilma Rousseff. Os jornalistas que trabalham para esses grupos de mídia estão claramente sujeitos à influência de interesses privados e enviesados, e esses conflitos de interesse permanentes são visivelmente muito prejudiciais à qualidade de sua reportagem.”

O Repórteres sem Fronteiras também destacou a questão da violência contra jornalistas. Ele disse:

“Com sete jornalistas assassinados apenas em 2015, o Brasil continua sendo o terceiro país mais perigoso do hemisfério ocidental para membros da mídia, depois do México e de Honduras. Todos eles estavam investigando temas delicados, como a corrupção e o crime organizado.”

Foi em razão da violência contra jornalistas e a concentração da mídia, que distorce a cobertura, que o Repórteres sem Fronteiras rebaixou o país em termos de liberdade de imprensa. Agora, o Brasil ocupa a 104ª posição numa lista de 180 países. E a ONG acredita que a situação está piorando. Em 2010, o Brasil ocupava a 58ª posição. Assim, a posição do país caiu quase 50 lugares. Ele foi da 58ª para a 104ª posição entre 180 países.

E acredito que a hostilidade em relação ao PT mencionada pelo Repórteres sem Fronteiras existe desde que o partido foi fundado, na década de 1980. Essa hostilidade vai e vem, e torna-se especialmente visível em momentos em que status quo é ameaçado.

A primeira vez que notei isso foi lá em 1989 – quando parecia que o Lula poderia vencer a presidência em sua primeira tentativa. Sou velha o suficiente e com vivência o bastante no Brasil para me lembrar disso. E há um incidente que se tornou famoso e ainda é discutido, que ocorreu nas vésperas da votação do segundo turno, quando a TV Globo editou de modo malicioso o debate entre os dois candidatos presidenciais – Lula e Collor de Melo – de modo a mostrar os piores momentos de Lula e os melhores de Collor. Essa manipulação do noticiário pode ter sido ao menos parcialmente responsável pela derrota de Lula.

E acho que, hoje, vivemos outro momento delicado, quando o establishment claramente quer o PT fora do governo. O viés é muito evidente nos editoriais da imprensa tradicional. A jornalista Cileide Alves analisou os editoriais da imprensa dos primeiros quatro meses deste ano:

O Estadão publicou 83 editoriais contra Dilma, o Globo 29, e a FSP menos: 23.

E isso importa? No mundo todo, os jornais têm posições – basta pensar na Grã-Bretanha no momento e nas posições muito firmes que a nossa imprensa está tomando em relação ao referendo sobre a UE.

Pessoalmente, não acho que isso seja importante. Talvez seja uma responsabilidade do jornalista tomar posições. O que importa é quando a posição editorial tomada pela mídia distorce o modo como ela cobra o noticiário. Em outras palavras, quando isso interfere na cobertura clara e honesta do noticiário. De certo modo, acho que isso está acontecendo na Grã-Bretanha no momento, com as reportagens sobre o referendo da UE. Estamos até mesmo vendo, especialmente o The Mail e o The Sun, publicarem mentiras sobre os acontecimentos. Também acho que isso está acontecendo no Brasil.

Grosso modo, essa também é a posição adotada por João Feres, o coordenador do Manchetômetro, uma organização que monitora o viés da imprensa brasileira. Depois de examinar detalhadamente semana após semana a imprensa brasileira, ele concluiu que: “Não é exagero afirmar que a imprensa brasileira manipula a opinião pública.”

Olhando para a cobertura da crise atual, talvez o caso mais claro, mais uma vez, seja a TV Globo.

No início do ano, passei um mês na Amazônia, fazendo algumas reportagens, numa área bem remota. E, como acontece muitas vezes nesses lugares, uma família tem uma televisão com [antena] parabólica, e todo mundo vem à noite assistir à novela das oito e ver o Jornal Nacional. Quando Lula estava sendo investigado por corrupção, foi levado algemado [sic] para prestar depoimento. A repetição de reportagens sobre a suposta corrupção entre políticos do PT, sem o mesmo destaque para o envolvimento supostamente ainda maior [com corrupção] de políticos de outros partidos, dava a impressão de que o PT é o único partido do país e o mais corrupto, quando não há base alguma para tal alegação. E há indícios de que ele é provavelmente menos corrupto [do que os outros]. Fiquei muito chocada, noite após noite, ao ir de uma choupana para outra e ver que esse é o noticiário que eles recebem. Esse é o tipo de reportagem que eles estão recebendo no momento sobre uma crise política extremamente grave no Brasil.

E a maneira enviesada com que o PT tem sido tratado, claro, foi notada por muitos analistas brasileiros, inclusive Celso Rocha de Barros, que é colunista da Folha. Ele faz parte do grupo de excelentes jornalistas que mencionei acima. E ele registrou o modo como a mídia cobre obsessivamente casos de corrupção envolvendo o PT, ao passo que minimiza ou ignora casos de corrupção igualmente chocantes envolvendo políticos de outros partidos.

Existem inúmeros outros exemplos de distorção, não apenas pela TV Globo, mas por muitos outros veículos da mídia tradicional. Não é muito comum ver mentiras escancaradas. O mais usual é ver omissões e formas indiretas de manipulação. Cada um desses casos pode até parecer bem banal, mas, no acumulado, representam grave distorção. Vejamos três exemplos, apresentados pela revista digital Calle2:

1. No dia anterior à votação do impeachment, a Globonews estava apresentando uma matéria sobre as declarações dos deputados a favor e contra o impeachment. A Globonews optou por interromper as transmissões ao vivo e apresentar comentários de um de seus jornalistas ou de outro comentarista exatamente quando um deputado pró-governo (pró-Dilma) estava falando. Então, ficou a impressão – sem que isso fosse realmente dito – de que toda a Câmara apoiava o impeachment.

O segundo exemplo:

2. Logo após Michel Temer ocupar a presidência, em 18 de abril, foi revelado que os principais ministros de seu novo governo estavam sendo investigados como parte da Operação Lava Jato ou estavam sendo citados em delações premiadas. Isso era claramente um desdobramento importante – e foi amplamente reportado pela imprensa estrangeira. Mas levou duas semanas até que a Folha de S. Paulo informasse seus leitores sobre esse fato. E, segundo a Calle2, isso só aconteceu depois que a revista contatou o ombudsman da Folha. E, ainda assim, diz a Calle2, isso não foi tratado de maneira satisfatória.

Terceiro exemplo:

3. Quando a advogada Janaína Paschoal participou de um debate no Senado, em 28 de abril, admitiu ter recebido R$ 45.000 do PSDB, para preparar o parecer no qual se baseia o pedido de impeachment de Dilma. Essa informação é claramente importante, pois sugere que o parecer pode não ter sido um documento jurídico imparcial, mas algo encomendado pelo PSDB, que é o partido que mais tem pressionado a favor do impeachment. No dia seguinte, porém, nenhuma matéria sobre o tema foi publicada. Nem na Folha nem no Estadão.

Mas isso tudo tem importância? Acredito que sim. Estamos vendo a emergência de novas fontes de informações – websites alternativos (Pública, Mídia Ninja, Fluxo, Nexo, Indymedia, Conectas, etc.) – mas, no momento, a agenda [ainda] é definida pela mídia tradicional.

O PT prometeu reformar a mídia ou até mesmo criar uma agência de notícias independente financiada pelo governo – algo similar à BBC –, mas não cumpriu essa promessa. E acho que ainda precisamos de reformas urgentes no Brasil, se quisermos consolidar a democracia no país.

Agora, farei um breve comentário sobre o papel desempenhado pela imprensa estrangeira. De modo geral, ela tem coberto a crise de modo acertado, embora, claro, seja mais fácil evitar o viés político quando se cobre um país muito distante e que normalmente não aparece muito no noticiário no seu próprio país. O que é interessante é o modo como a cobertura mudou. No início, a imprensa estrangeira tendia a cobrir os protestos anti-Dilma de maneira razoavelmente acrítica. Era como se a imprensa estivesse seduzida pelo entusiasmo de milhões que estavam indo às ruas protestar contra a corrupção. Mas, então, começaram a surgir dúvidas sobre a legitimidade da decisão de abrir um processo de impeachment contra Dilma. Talvez um ponto de inflexão tenha sido a votação na Câmara dos Deputados.

No dia 17 de abril, como todos vocês sabem, o Brasil foi notícia importante em todo o mundo – merecendo plantões – por conta das oito horas de votação. Se, por um lado, a mídia brasileira cobriu o fato como um evento esportivo – com o “placar” mais recente –, a imprensa estrangeira, por sua vez, passou a observar o aspecto político. E ela ficou chocada com o tom adotado por alguns deputados. Foi assim que o The Guardian descreveu parte disso:

“Numa noite sinistra, provavelmente o ponto mais baixo foi quando Jair Bolsonaro, o deputado de extrema direita do Rio de Janeiro, dedicou seu voto favorável a Carlos Brilhante Ustra, o coronel que chefiou o centro de torturas do DOI-CODI durante a ditadura. Dilma, uma ex-guerrilheira, estava entre os que ali foram torturados. Essa declaração fez com que Jean Wyllys, um deputado de esquerda, cuspisse na direção de Bolsonaro. Eduardo Bolsonaro, seu filho e também deputado, usou o microfone para homenagear o general responsável pelo golpe militar de 1964.”

A imprensa estrangeira também começou a informar sobre o absurdo de deputados profundamente envolvidos com corrupção acusarem Dilma do mesmo crime. Essa mudança foi clara na cobertura nos EUA – no The New York Times, no The Wall Street [Journal], no The Washington Post. Todos começaram a falar sobre o absurdo desses deputados extremamente corruptos falarem sobre corrupção no PT. E, na Europa, o Der Spiegel, revista semanal alemã, foi além, chamando a votação de “A Revolta dos Hipócritas”.

Mais tarde, o The New York Times – que todos sabemos ser um jornal bastante conservador – apresentou até mesmo um editorial razoavelmente forte, que foi chamado de “Medalha global de corrupção”. Ele dizia:

“Embora a sra. Rousseff não tenha administrado o país de maneira eficiente, os senadores que estão festejando a saída dela precisam lembrar que a presidente foi eleita duas vezes. O Partido dos Trabalhadores ainda tem apoio considerável, especialmente entre os milhões que foram resgatados da pobreza por ele ao longo das últimas duas décadas. A confiança na sra. Rousseff e seu partido pode até ter despencado nos últimos meses, mas ela está prestes a pagar um preço desproporcionalmente alto por um delito administrativo, ao passo que vários de seus detratores mais fervorosos são acusados de crimes muito mais graves. Eles poderão acabar descobrindo que boa parte da ira que tem sido dirigida a ela logo estará voltada contra eles.”

Essas são palavras fortes para um jornal como o The New York Times.

De modo mais previsível, a Al Jazeera, a agência de notícias do Qatar, foi crítica, não apenas em relação ao processo de impeachment, mas à cobertura da crise na mídia brasileira. Acho que ela foi a primeira a chamar de “golpe” o que estava acontecendo no Brasil. E essa opinião tem sido mais adotada pela imprensa estrangeira agora.

Especialmente após o surgimento de algumas gravações, ficou claro que muitos daqueles, ou alguns dos líderes, que estavam apoiando o impeachment, na verdade estavam querendo o afastamento de Dilma, para interromper a Lava Jato. Foi nesse momento, ao ouvir essas [gravações], que Glenn Greenwald, do The Intercept – que (como eu) no começo havia resistido a chamar isso de golpe – disse: “Agora, eu realmente acho que é um golpe. O que temos é um Congresso tentando se livrar de Dilma [após] eleições nas quais eles foram derrotados. Mas eles têm uma posição forte no Congresso. E, agora, estão tentando usar um procedimento constitucional legítimo, para tentar se livrar dela. Não creio que muitos brasileiros realmente achem que são as pedaladas fiscais que estão por trás do desejo deles de se livrarem de Dilma. Trata-se de uma disputa pelo poder. Eles querem tirá-la, para fazer avançar ainda mais fortes medidas neoliberais.”

De qualquer modo, não é isso o que acho que deveríamos discutir neste [fórum].

Estou quase acabando. Já estou no fim.

Moderador:

Sue: Tenho mais três minutos. Vou fazer mais alguns comentários e ficarei dentro dos três minutos.

Essas reportagens estrangeiras, que olhavam os fatos de ângulos que não eram cobertos pela imprensa tradicional, tiveram consequências no Brasil. Mais do que em qualquer outro país que eu conheça, o Brasil tem muito interesse no modo como é coberto no exterior. Matérias e notícias tendem a ser traduzidas ou mencionadas em detalhe na mídia brasileira. Assim, acredito que a mídia [estrangeira] desempenhou um papel importante em chamar a atenção de muitos brasileiros para novos aspectos da [crise]. Ela abriu uma brecha no muro construído pela imprensa tradicional brasileira e ajudou a explicar para os brasileiros por que razão uma parte significativa da população estava chamando o que estava acontecendo de golpe.

Isso foi algo a respeito do qual a imprensa tradicional no Brasil nem mesmo mencionava. Acho que há um debate sobre se [isso foi ou não um golpe]. E acredito que isso ajuda a enfatizar o ponto de vista que apresentei anteriormente: para que a democracia seja consolidada no Brasil, a imprensa tradicional no país precisa mudar.

Muito obrigada.

Moderador: Obrigado.

***

Sue: Se puder… Como fui acusada de não ser jornalista profissional, gostaria de saber se poderia ter um minuto para responder a essa acusação.

Moderador: Claro!

Sue: O fato de eu ter apresentado argumentos fortes e bem fundamentados sobre o por quê de eu não acreditar que a imprensa brasileira está sendo objetiva no modo como está cobrindo a crise, não significa que eu não seja uma jornalista. Assim como o próprio Octavio apresentou seu ponto de vista, de que ele não acredita que isso poderia ser chamado de golpe, expressei a minha opinião e discordo dele. Mas o fato é que estou apresentando esses pontos de vista – e as minhas críticas ao modo como a imprensa brasileira tem coberto essa crise baseiam-se em fontes muito boas e bem fundamentadas. E considero realmente um tanto quanto acintoso dizer que sou só uma petista e que nada do que eu disser deveria ser levado a sério. Tanto quanto ele, tenho direito às minhas opiniões – que acredito estão bem documentadas. E isso não tira a minha credibilidade como jornalista.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Esquerda Valente

29/06/2016 - 14h30

Envie meus agradecimentos a Sue.

Luiz Augusto

24/06/2016 - 12h00

STF e Senadores (A DEMOCRACIA, O MÉRITO E O RITO)…
Na condição de brasileiro tenho a impressão que o RELATÓRIO do relator Anastazia (PSDB ?) já está pronto. Não é mera suposição. As defesas da Presidente DILMA ROUSSEFF que ora se apresentam na CEI, todas consistentes mostram sim, não haver crime de responsabilidade fiscal. Quanto ao mérito da denuncia às questões apresentadas, a defesa explica em detalhes técnicos que os procedimentos aplicados aos itens questionados estão em conformidade com as normas estabelecidas na Constituição. Ora, senhores, acredito tratar-se de uma ação política para tomada de poder pela direita brasileira, não existe o crime, não existe o DOLO. Cabe ao STF e aos Senadores, pois a maioria dos brasileiros aguarda, BARRAR, ESTANCAR O GOLPE DE ESTADO, para o bem da DEMOCRACIA do Brasil e das Américas. Na verdade é um GOLPE político-midiático orquestrado; manipulada e enganada que foi uma pequeníssima parcela da sociedade brasileira (+- 2%), que foi às ruas protestar contra a corrupção e para derrubar a Presidente, não sendo sabedora estar a ser manipulada por verdadeiros corruptos (alguns políticos), eram e são os promotores do GOLPE DE ESTADO NO BRASIL, para se livrarem da prisão. Volto a lembrar, o Brasil tem 204 milhões de habitantes, dos quais 200 milhões não foram às ruas protestar contra o governo. O que pensam estes 200 milhões de brasileiros, onde estão, o que eles acham, será que estes querem o impeachment de uma presidente includente, que não cometeu crime, de uma presidente recentemente eleita com 54 milhões de votos? No mais, brasileiros irmãos, o Brasil, nosso país, é uma imensidão, as manifestações contrárias ao GOLPE e as manifestações #VOLTADILMA aumentam e tornam-se visíveis a cada dia, em cada praça de todas as cidade, nas escolas, universidades, em congressos, estádios, cinemas, locais público, nas redes sociais, jornais, blogs, nos recantos do Brasil e no exterior. A imprensa internacional trata o atual momento no Brasil um GOLPE DE ESTADO político-midiático produzido pela sempre derrotada direita e pela grande mídia. SENHORES SENADORES ESCUTEM O QUE DIZEM OS BRASILEIROS DE BEM NOS QUATRO CANTOS DO BRASIL. QUESTIONEM O RELATÓRIO DO RELATOR ANASTAZIA (PSDB ?)
RAZÕES DO GOLPE.
O petróleo (Pre sal)
A Formação dos BRICs. Criação do Banco mundial BRICs
Melhorias das condições de cidadania das classes trabalhadora, estudantíl, aposentados, campesinos e classes sociais menos favorecidas.
Operação Lava-Jato
Por Luiz Augusto.
Junho 23, 2016

Paula Lacerda

23/06/2016 - 16h41

Quem tem boca, fala o que quiser …. !!!
O Otavinho é um tremendo CARA-DE-PAU !!!
Ele diz não acreditar em lavagem cerebral via Mídia …
Então, tá !!!

Daniel Veras

23/06/2016 - 16h35

Salvo engano, o sobrenome da jornalista petista ;-) é Branford e não Brandford. Não que isso importe, mas é para o Otavinho saber de quem tá apanhando.

Nonato Menezes

23/06/2016 - 15h09

Quando leio um comentário como este de Orion Beta, me reporto a duas manifestações vindas de fora. Uma foi da revista francesa L’humanité Dimanche; com conhecimento de causa: “A direita brasileira é a pior direita do mundo, porque além de ser antipovo, é também entreguista, antinacional, antidemocrática e golpista”. A outra foi numa entrevista do escritor espanhol Javier Marías, que disse o seguinte: R. “Sim. Ignora-se a história, falseia-se… Esqueci de dizer: a Internet tem coisas maravilhosas, mas há algo que é novidade: pela primeira vez a imbecilidade está organizada. Sempre houve imbecilidade; imbecis iam ao bar, tornavam públicas as suas imbecilidades, mas é agora que se organizam, com grande capacidade de contágio. E há um problema agregado: as pessoas se intimidam diante de internautas exaltados e se desculpam sem motivos. E as pessoas sofrem represálias. É truculência. E não há melhor forma de a truculência triunfar do que se intimidando e se amedrontando.” No caso da revista francesa, faltou ela reparar que a direita brasileira é, também, arrogante, estúpida e que o único argumento que tem hoje é a agressão. E, por falta de leitura, a direita brasileira não consegue ter o mínimo de discernimento histórico. Se há algo que nosso país não merece é a direita que tem. A pior do mundo.

Orion Beta

23/06/2016 - 10h31

Tem que ser muiiitoo manco para perder em argumentos para Esquerdopata!…Que golpe? Quem está dando o Golpe? A constituição? A lei responsabilidade fiscal? As maquiagens do rombo fiscal/pedaladas? Oque é um golpe? Oque é um Golpe!!!!?

    João Ribett

    23/06/2016 - 10h57

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Bandida, você deve mancar com as duas pernas. Pois então refute os argumentos da jornalista inglesa?

      Orion Beta

      23/06/2016 - 11h14

      Responda as minhas perguntas primeiro.

        João Ribett

        23/06/2016 - 12h06

        Você não rebateu nada da matéria em questão. Logo, é você quem deve rebater fala da jornalista!

        zuleica jorgensen

        03/07/2016 - 22h28

        Quem respondeu a você foram as testemunhas da defesa de Dilma e os próprios técnicos do Senado, nomeados para fazer a perícia. Estão todos errados? E agora, Orion?

          Orion Beta

          05/07/2016 - 09h48

          Acho que nós não assistimos os mesmos vídeos dessas testemunhas de defesa…Oque eu vi foi gente complicando ainda mais as coisas…E Zuleica, vc ainda tem dúvidas que a Dilma maquiva contas para sustentar aquele populismo nojento? E agora o quê?! Os técnicos só deram o parecer de que a Pilantra não teve ação direta no financiamento das despesas públicas. Mas como a essência do presidencialismo é a responsabilidade, vide constituição, ela é responsável…E concluíram que ela editou os decretos sem votação no legislativo e com déficit…Acho melhor vc ficar quieta…O Moro botando p/ f# em todos os corruptos safados…

    Eder Pablo

    23/06/2016 - 16h10

    Tipicamente a ladainha superficial de quem tem medo de enfrentar o argumento e opta por difamar a pessoa que argumentou. Não posso acreditar que bandidos ficaram bonzinhos e querem o Bem do Brasil, quem acreditaria no diabo falando que agora é um querubim bonzinho e amável? pois foi isso que aconteceu, não acho que a câmara ou o senado aprovariam sequer uma lei para por na cadeia, como crime inafiançável, hediondo, quem usurpa, desvia, usa dinheiro público de maneira ilícita, porque são eles que usufruem deste benefício, (a impunidade), aprovar seria agir contra seus interesses, a impunidade tem que reinar, e eles farão questão de garantir isso. Mas voltando ao assunto, refute os argumentos da jornalista ou não tem argumentos?

    Jeremias Fernandes Teixeira Fi

    23/06/2016 - 17h01

    Prove em qual artigo da lei q caracteriza positivamente os crime de responsabilidade fiscal e pedaladas semelhante ao direito penal q vc tem clareza q é crime?? por exemplo, o direito penal diz taxativamente no título “Dos crimes contra a pessoa” no capítulo “Dos crimes contra a vida” em Homicídio simples: “Matar alguém: Pena – Reclusão, de seis a vinte anos”. Em Homicídio qualificado: § 2º Se o homicídio é cometido: I – mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe; II – por motivo fútil; III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro recurso q dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena – Reclusão, de doze a trinta anos. Homicídio culposo: § 3º Se o homicídio é culposo: Pena – Detenção, de um a três anos. Observa-se q isso é claramente tipificado. Gostaria de saber ao oráculo coxinha essa tipificação..

    Jeremias Fernandes Teixeira Fi

    23/06/2016 - 17h03

    Prove em qual artigo da lei q caracteriza positivamente os crime de responsabilidade fiscal e pedaladas semelhante ao direito penal q vc tem clareza q é crime?? por exemplo, o direito penal diz taxativamente no título “Dos crimes contra a pessoa” no capítulo “Dos crimes contra a vida” em Homicídio simples: “Matar alguém: Pena – Reclusão, de seis a vinte anos”. Em Homicídio qualificado: § 2º Se o homicídio é cometido: I – mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe; II – por motivo fútil; III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro recurso q dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena – Reclusão, de doze a trinta anos. Homicídio culposo: § 3º Se o homicídio é culposo: Pena – Detenção, de um a três anos. Observa-se q isso é claramente tipificado. Gostaria de saber do oráculo coxinha essa tipificação..

Pereira

23/06/2016 - 10h29

Sue foi muito competente, inteligente e altamente FUNDAMENTADA para expor o que representa as famílias Marinho, Frias e Mesquistas.

Sue, também foi vítima desse processo sórdido, dessas famílias, por ela decrito, quando ela sofre a tentativa de desqualificação, de sua exposição, por parte do Frias presente ao debate, visivelmente desestruturado.

Sue, elegantemente expõem a fragilidade do Frias com FATOS.

E, os fatos encomodam golpistas como os Frias que emprestava carros de sua empresa para transporte e tortura de presos políticos na ditadura estabelecida com o golpe de 1964 que a família Frias tambem apoiou.

Antonio Passos

23/06/2016 - 00h28

Tudo formidável, mas no fim resta uma sensação de que se perdeu tempo para provar o que todo o mundo já sabe. Esse canalha do Frias não merece argumentação, porque sua posição e simplesmente golpista, mentirosa, canalha, anti-democrata, cínica. E outra coisa, percebe-se que quem “se ofende” é ele, quem agride é ele, quando deveria ser o contrário. Essa gente não tem mais que ser confrontada no campo das idéias, porque eles não têm idéias, têm imposições. Eles têm de ser escrachados, desafiados, ofendidos mesmo, porque representam a anti-civilização, representam o que de pior a humanidade tem. Eles merecem é paulada, senão de fato, pelo menos verbal.

    Mairton Barros

    23/06/2016 - 03h22

    Ser escrachados dia e noite…Escracho 24 horas dia… Incessantemente… PIG e os políticos GOLPISTAS… Escracho a todo instante…

NB Mota

23/06/2016 - 00h21

Sue Brandford escrachou the arrogant bastard Frias. Ele nao esta acostumado a ouvir o contraditorio e vive numa bolha. O fato de haver jornalistas colunistas progressistas na Folha nao retira as criticas da midia Golpista e parcial que ele faz parte.

GeoPolítico Blog

23/06/2016 - 00h09

Resumindo: se voce se opoe a mídia brasileira, você é petista. Sem querer, o idiota da folha confirmou o que se prega pela sua empresa: ridicularizar opiniões contrárias e escarnecer de todos. Síntese do que a imprensa pregou durante todos esses anos de governo de Lula e Dilma. Resultado está aí pro mundo inteiro ver: golpe, nu e cru.

Anelise Pinto

22/06/2016 - 22h07

Sue SAMBOU na cara dele. Fiquei até com vergonha… alheia.

Bruno

22/06/2016 - 22h43

A já manjada batalha de narrativas. Só que diante de fatos não há o que discordar. É só acompanhar o http://www.manchetometro.com.br/ que avalia estatisticamente o que o Frias tenta esconder e sem precisar de mais nenhum argumento demonstra como sua defesa de imparcialidade é cínica.

JOHN J.

22/06/2016 - 22h24

— Golpistas não passarão.
Lugar de golpista é na cadeia.
https://www.youtube.com/watch?v=n6rVRNktXUQ

Luís CPPrudente

22/06/2016 - 20h45

Mas que cinismo do Frias, ele é de fato o representante do PSDB no debate. Esse integrante da famiglia Frias mostra o quanto é pilantra e manipulador.

    NB Mota

    23/06/2016 - 00h26

    Luis exatamente no momento que ele falou em PSDB e’ porque ele era o representante do PSDB

Marcelo Lima

22/06/2016 - 19h31

A empáfia do sr Frias de se dizer “pluralista” e de “respeitar” a inteligência dos leitores é realmento o cúmulo do cinismo. “Manipulação” é palavra que ofende não o sr Frias mas…os leitores manipulados! Chamar a jornalista britânica de “petista” e pedir um “representante do PSDB” para contrabalançar o debate é típico pensamento de coxinha brasileiro, é um insulto, é desepero, é despreparo de quem não entende o que significa debate numa cultura de tradição liberal (e não “neoliberal”) de alguns séculos. O viés autoritário da classe dominante brasileira aparece logo sob a tênue superfície de pseudo-civilizado do herdeiro da família Frias. Cita esquedistas, reais ou fictícos, que escrevem no seu jornal e que em absolutamente nada influênciam a pauta controlada da sua públicação. Na melhor tradição da imprensa liberal de outrora, jornais tomavam partido aberto nos editoriais, as notícias era “fatos” relatados como tais. Hoje a notícia no partido da mídia golpista do sr Frias é mero “editorial” disfarçado de fato. O sr Frias nos toma todos por idiotas. A hipocrisia se tornou modo de vida no Brasil. Ou não teríamos a impostura de um “presidente interino” desmontando o país. Este é em grande medida o resultado da atuação do herdeiro sr Frias e seus colegas da mídia seletiva e reacionária. O sr Frias em Londres está fora do seu “ambiente natural” onde o Partido da Imprensa Golpista reina inconteste. A resposta do sr Frias mostra bem a indigência moral, profissional, estrutural (como bem caracterizou Sue Brandford) da imprensa no país. A jornalista inglêsa foi reprendida por ter cometido um crime de “lesa majestade” para com o herdeiro.

    Daniel

    22/06/2016 - 23h28

    Perfeita síntese! Os caras nem se tocam o quanto são ridículos atacando a imprensa estrangeira, como no caso da carta dos Marinho, do NYT e do Greenwald. Falam para os seus leitores amestrados, e acham que convencem a todos.

    Parma

    23/06/2016 - 10h34

    Perfeito Marcelo. E sugiro para os colegas daqui a leitura do livro Cães de Guarda, da historiadora Beatriz Kushnir, especialmente a do capítulo 4, “O jornal de maior tiragem: a trajetória da Folha da Tarde”. A natureza dos periodicos da família Frias emerge de forma cristalina. Abraços a todos, Parma Cuberos

C.Pimenta

22/06/2016 - 19h11

Um dos livros mais conhecidos de Chomsky é justamente “A manipulação do público”. Mas claro que este Otavinho deve achar que sabe mais de semiótica da comunicação do que um linguista qualquer como Noam Chomsky.

    Gabriel Moreno

    23/06/2016 - 01h24

    Tem um aqui do Brasil que chama “Padrões de Manipulação da Grande Imprensa”, do Perseu Abramo. É uma aula. Um livro curtinho, tem acho que umas 40 páginas, mas com muita informação.

17Abril2016

22/06/2016 - 19h04

C A D E I A P R A E S S A M I D I A G O L P I S T A E EN T R E G U I S TA P R I S A Ó P E R P É T U A

willams will

22/06/2016 - 18h45

Otavio Frias tomou no c… pra inglês ver e pra ele sentir como inglês ver o jornaleco dele. hauhauhauhauhuah

Gabriel Moreno

22/06/2016 - 18h39

Muito bom. Ela acaba com a imprensa brasileira. Em alguns minutos ela simplesmente desmonta tudo, com fatos e argumentos, de maneira tranquila. Isso é de uma tristeza imensa, pois mostra que bastava um mínimo de pluralidade e de verdade para que toda essa “barreira de informação” que a grande mídia daqui impõe se desmanchasse rapidamente. O problema é que é um massacre, são anos e anos repetindo as mesmas coisas e sem dar nenhum outro tipo de opinião.

Um dos exemplos que ela dá é como a advogada que deu um parecer pelo impeachment, a Janaína Paschoal, admitiu ter recebido 45 mil reais do PSDB para dar o seu parecer e nenhum grande jornal, no dia seguinte, reportou o assunto. É obviamente um assunto relevante saber que o parecer jurídico teve dinheiro do partido de oposição, mas a imprensa não tava nem aí.

    Daniel

    22/06/2016 - 23h29

    E os caras ainda tem a desfaçatez de se afirmarem imparciais.

Regiane

22/06/2016 - 19h25

Para transcrever, traduzir e sincronizar a legenda colaborativamente, usem AMARA: https://amara.org/pt/

Benvindo Muniz

22/06/2016 - 18h19

Comecei a transcrever do audio, mas ao procurar uma citação do Reporteres sem Fronteiras que ela menciona, fui direcionado ao texto completo da palestra, postado pela própria jornalista! Logo, só é preciso traduzir da fonte: http://lab.org.uk/clashing-over-role-of-brazilian-media.
Abs,

Patricia Reinheimer

22/06/2016 - 16h50

Alguém já fez a tradução?

Segue uma primeira parte. Avisem se ainda precisarem

Está funcionando o microfone?
Vou falar em inglês. Eu compreendo português, mas é mais fácil para mim em inglês.
O título dessa sessão é mídia e percepção e a consolidação da democracia brasileira. Me parece que a mídia brasileira sofre de algumas fraquezas estruturais tornando difícil consolidar a democracia no Brasil.
E eu não estou falando de jornalistas individuais. Brasil tem jornalistas maravilhosos, comentaristas maravilhosos e, em alguns sentidos, melhores do que temos na Inglaterra.

    Rachel

    22/06/2016 - 18h10

    Não está tudo traduzido não. Por favor traduz o resto

      Patricia Reinheimer

      22/06/2016 - 18h29

      Rachel, alguma forma de eu baixar o vídeo? Ficaria muito mais fácil.

        Rachel

        22/06/2016 - 20h24

        O que eu sei é que se clicares com o o botão direito do mouse e com o vídeo rodando aparece “Show vídeo url” . Aparece então em cima , no centro um endereço ( não aparece completo, não faz mal) aí clica novamente com o direito . aparece copiar , então dá para copiar e colar em outros lugares, mas acho que não vai te servir. Tentei ver se está no youtube mas não está. Acho que não consigo te ajudar… Desculpe.

          Rachel

          22/06/2016 - 20h24

          Parece que o pessoal do cafezinho já está terminando.

      Octavio Filho

      23/06/2016 - 00h58

      I Existe uma opção no youtube para tradução automática.

      https://www.youtube.com/watch?v=OcgiDXflpR8

      Pode-se ler as legendas em inglês ou português.

      Click em legendas ocultas

      depois click em detalhes

      click em legendas/cc (na seta)

      click em traduzir automaticamente

      coloque o português como lingua.

      As legendas sairão em português

    migueldorosario

    22/06/2016 - 18h30

    Já estamos terminando, Patricia. Obrigado!

      Octavio Filho

      23/06/2016 - 00h57

      II Existe uma opção no youtube para tradução automática.

      https://www.youtube.com/watch?v=OcgiDXflpR8

      Pode-se ler as legendas em inglês ou português.

      Click em legendas ocultas

      depois click em detalhes

      click em legendas/cc (na seta)

      click em traduzir automaticamente

      coloque o português como lingua.

      As legendas sairão em português

Sergio Santos

22/06/2016 - 14h22

O pior de tudo é que estes imbecis, realmente acreditam nisso. A vida deles foi totalmente galgada em uma realidade própria.

    Daniel

    22/06/2016 - 23h33

    Eles eu não sei, se não são simplesmente pilantras mesmo, mas os seus leitores amestrados, com certeza. Parece surreal, mas conheço pessoas que acham tudo isso perfeitamente normal: “É tudo uma armação do PT”.
    Fico pensando como o cérebro humano é poderoso, e ao mesmo tempo tão frágil.

Tales

22/06/2016 - 14h05

cinismo enojante

maria nadiê rodrigues

22/06/2016 - 13h46

Contraditório que nem ele. Declara, a seu modo, aquele ódio que tinha dos comunistas sendo o mesmo ao PT, e, a seu modo também, revela-se tucano. Pra piorar, é deseducado sendo incoerente também por ora se dizer a favor das controvérsias, e ora subestimar, com arrepios, os questionamentos da inglesa.
Engana que eu gosto?

    Daniel

    22/06/2016 - 23h36

    Aquele cacoete, causado pela contradição, que gera conflito quase indisfarçável no cérebro, de quem está tentando arrumar argumentos convincentes para algo que não acredita, enquanto o cérebro quer entregar a verdade. Deprimente.

robertoAP

22/06/2016 - 13h41

Um a um ,todos os babacas da mídia familiar brazuca, vão se queimando no exterior e mostrando ao mundo,que porcaria de jornalismo vagabundo é feito aqui ,nesta Republiqueta sul americana, governada por ladrões e traficantes.

Bacellar

22/06/2016 - 14h39

E quando diz ser pessoalmente contra o golpe, em suas palavras impeachment, Otavinho mente. Não existe hipótese de alguém contrário ao vergonhoso afastamento de Dilma ter permitido uma cobertura e editorias (de capa…) tão francamente favoráveis ao golpe. Um mentiroso que não engana ninguém.
A Folha que durante a década de 90 construiu, muito por oposição binária ao vetusto Estadão, a fama de jornal progressista, fama esta que me parece muito envaidecer o proprietário, hoje é um jornalão conservador aos olhos de 10 entre 10 intelectuais progressistas. Querem ser o jornal da juventude moderna, globalizada e acadêmica mas são o jornal dos ignorantes leitores de manchetes. A Folha virou o jornal do leitor de Veja e telespectador do JN.
A Folha que censura Xico Sá, a Folha que censura a Falha (uma mera brincadeira pueril de minúsculo alcance), a Folha que contrata o Exu da Veja e o menino malandro do MBL, essa Folha quer se arvorar como progressista e isenta?
O jornal clama aos seus leitores-alvo ideais (informados, libertários, cosmopolitas): “Apoiamos o movimento gay! A legalização da maconha! Adoramos startups e aplicativos!” E o público ideal alvo responde: “Nós também!” A Folha segue: “Somos visionários, somos modernos, por isso confiamos em José Serra, H.Meirelles e no neoliberalismo!” E o público ideal alvo responde: “Vão pra &¨%$#$%¨!” Mas os reacionários que costumavam cuspir na Folha aplaudem e dizem: “Bravo, parabéns! Nós também! Não seria ponderado rever aquelas primeiras posições?” Miram no cavaleiro e acertam no cocô do cavalo…
Não vi o terceiro elemento da mesa em questão para ter certeza, Apenas Sue Brandford e Mr.Frias…Então classificaria a composição como: Uma incógnita, Uma jornalista e não um militante mas sim um sócio tucano. E mentiroso.

marco

22/06/2016 - 13h31

Sr.Articulista.Ainda que concorde com as denúncias em relação ao CANALHA EM QUESTÃO,devo afirmar-lhe que constatações ao respeito de CANALHICE,exige estudos mais profundos,como identificar onde,em seus DNAs,se encontram os resquícios de suas canalhices.Eu acho que a CANALHICE DESSA GENTE,mesmo que os mesmos quisessem,não se conseguiria extirpar.Vem da natureza dessa gente.O CANALHA,nasce CANALHA e MORRE CANALHA.Não tem cura.

    Daniel

    22/06/2016 - 23h39

    Tipo: é da natureza…

Alan Cepile

22/06/2016 - 13h20

A manipulação é tanta que conheço gente informada de verdade que acredita em tudo isso que a grande mídia propaga, é realmente impressionante.

    Biana

    22/06/2016 - 17h52

    Na verdade é gente que pensa que está informada, pois acredita nas fontes “midiáticas” são neutras. Muitos tem bom nível escolar, estão por dentro das novidades tecnológicas e científicas ou são viajadas, experientes, mas politicamente, não conseguem enxergar além, não questionam, não se imaginam sendo elas mesmas , vítimas de manipulação, consideram espertas, corajosas e autônomas

    Daniel

    22/06/2016 - 23h51

    O problema é que muitas dessas pessoas não usam a internet para se informar, ainda mais sobre política. E a mídia Golpista é tudo que essas pessoas tem acesso. Elas não têm motivos para duvidar do que Bonner diz, pois se uma parte é verdade, por que outra não seria?
    E se é marretado pela sua revista semanal, e se saiu no jornal impresso, então como duvidar?
    Essa é uma face da manipulação.
    Difícil de combater.
    Minha mãe é advogada aposentada, católica praticante, tem TV por assinatura e assinava IstoÉ. Mas só assiste GLOBO e filmes. E sempre foi PT.
    Andava triste e deprimida, nem queria mais ler a revista, pois toda semana era marretando Dilma, Lula e o PT.
    Eu que levei até ela tudo que estava acontecendo, as armações do GOLPE. Ela tinha aquela coisa de nunca ter realmente acreditado, mas estava acuada de tanto baterem.
    Finalmente ela se libertou, e agora já sabe que tudo que empurrarem no JN, está comprometido com o GOLPE.
    Imagine aquele nem tanto esclarecido, que também só assiste JN e seus assemelhados, todos embarcados no GOLPE?

    Entendem a dificuldade? É por isso que temos que estar na rua, dia 10 já vai longe, precisamos de mobilização, de liderança, de atitude. Ficar esperando vai custar muito mais caro que já está custando.

Claudio Freire

22/06/2016 - 13h57

A arrogância do Otávio é enorme.

Thila Rocha

22/06/2016 - 12h48

Mas que cinismo! Ao mesmo tempo que diz “pessoalmente fui contra o impeachment, por ser traumático” prossegue ” mas o povo tem que aprender a votar” . Puxa ele está pensando que se dirige a idiotas?
Mas os blogs deviam investigar quem ainda está patrocinando estes jornais e revistas pois a peixaria onde compro peixe diz que não encontra mais jornais nem para comprar e a revista Veja chega na minha casa toda semana sem que eu assinasse aquela porcaria,Para mim só serve para sabotar os anunciantes. Depois lixo! Mas alguém está pagando! A nossa esperança são vocês da imprensa isenta!

David Gimenez

22/06/2016 - 12h17

Reconheceu o golpe por que de fato é. A mentira tem perna curta e todo mentiroso em algum momento cai em contradição, fato que ocorreu agora. Fora traíra golpista .

    Gabriel Moreno

    22/06/2016 - 19h24

    Achei engraçado quando ele disse que “ele, pessoalmente, era contra o impeachment”. Ou seja, para bom entendedor meia palavra basta. Jornalisticamente ele foi o quê, então? Eles tratam um tema desse como se fosse uma divergência de futebol, é impressionante a desfaçatez desse pessoal. Ou o impeachment é legal ou não é, isso não é exatamente uma disputa de opiniões, a lei é clara e ponto final. Se não tem crime, impeachment é golpe, simples assim. E não adianta falar que o STF concordou, porque o STF não está acima da lei. Isso só revela ainda mais a gravidade do golpe, que pode envolver essas instituições superiores.

gilberto

22/06/2016 - 11h27

A Folha é militante do golpe porque sempre fez parte da direita sem voto, por isso é golpista.

cousinelizabeth

22/06/2016 - 10h57

A cara de pau, o cinismo e, principalmente, a covardia da FSP não são novidade. Sempre foi assim. O papai do Otavinho, esse rapaz que está atualmente encarapitado no topo da hierarquia da Barão de Limeira, já era igualzinho. No impeachment do Collor o velho Frias encheu as medidas de seus próprios redatores com o seu vaivém “ora contra, ora a favor, ora muito pelo contrário”. Covardia e inabilidade na articulação de seu joguinho de interesses políticos, marqueteiros e comerciais. E o filho, na época, já berrava impropérios aos críticos quando seu papai era acusado de “estar em cima do muro”. Por aí se vê que a tradição da FSP é perfeitamente condizente com a tradição tucana de falsidade, cinismo e covardia. Uns merecem os outros.

CIANOTON_PACE

22/06/2016 - 10h52

#AbaixoOGolpe! #QueHorasElaVolta? #Lula2018! Obrigado, Miguel do Rosário, por mais esse esclarecimento. Otávio Frias e sua empresa trabalham para preservar os interesses estranhos aos da sociedade brasileira. Sue Brandford, por outro lado, é uma jornalista profissional e honesta. Ambos, realmente, não ocupam o mesmo espaço de ideias. Mas que essa tentativa mequetrefe de aplicar um Golpe de Estado contra a imatura democracia brasileira sirva, pelo menos, para educar politicamente parte da população no sentido de mostrar-lhes novas fontes de informação além das empresas das seis famílias.

nadja

22/06/2016 - 10h36

kkk…inacreditável…..são totalmente paranóicos


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