A promiscuidade entre mídia e poder Judiciário foi tema de debate na noite desta quinta-feira (21), no Barão de Itararé, em São Paulo. Segundo o jurista Pedro Estevam Serrano, os meios de comunicação tem transformado julgamentos em espetáculos que, corrompidos, ferem o Estado democrático de Direito e ameaçam a democracia. “A mídia atua como braço do acusador, a defesa vira pura maquiagem e o julgamento, uma novela”, diz, citando como exemplo mais concreto o andamento da Operação Lava-Jato.
“A relação entre mídia e Judiciário gera uma desfuncionalidade”, afirma. “O problema é quando essa desfuncionalidade torna-se intencional”. No caso da investigação sobre a corrupção na Petrobras, Serrano é direto: os preceitos da Lavo-Jato são excelentes, mas é inegável que o processo foi desvirtuado.
Como explica o jurista, a fraude é algo que parece lícito, mas não é. E essa é a característica principal do fenômeno da “judicialização da política”. Levando casos ao Judiciário, que monopoliza a interpretação das leis e da Constituição, atinge-se objetivos políticos – seja liquidar um adversário ou mesmo derrubar um governo.
De acordo com ele, essa tendência está presente em toda a América Latina, onde o Judiciário tem passado de agente do Direito à agente da exceção. “Os golpes em Honduras e no Paraguai são exemplos dessa desfuncionalidade: a fraude permite a exceção”, argumenta. “Esse processo de exceção deve-se, em boa parte, à relação corrupta entre meios de comunicação e o Judiciário”.
“No Brasil, por ora, os processos são pessoais”, avalia, “mas há uma potencialidade preocupante de tornarem-se sistêmicos, como no caso de impeachment e de ruptura da ordem democrática”.
Com vasta formação acadêmica, Serrano é um dos nomes que encabeçam o campo progressista brasileiro do Direito– “historicamente desprezado pela própria esquerda”, protesta. “A sociedade precisa entender que a jurisprudência é um campo de luta, não uma ciência. No campo da jurisprudência global, hoje, há uma disputa contra o fascismo. Precisamos entender e participar desse processo”.
“Coagir é torturar”
Ex-presidente da Ordem dos Advogados Brasileiros no Rio de Janeiro (OAB-RJ), o deputado federal Wadih Damous teceu duras críticas à condução da Operação Lava-Jato. “A coação promovida no processo é uma forma análoga à tortura”, sentencia. O problema, segundo ele, não é nem a judicialização da política, mas a politização da Justiça.
“O que Sergio Moro faz é político. É um agente político, senão partidário”, defende Damous. “Não tenho dúvida em afirmar que ele está a serviço de um projeto político-partidário”. Para ele, Moro fala o que o senso comum quer ouvir. “Aplaudir Moros e Mendes [em referência a Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal] como heróis é desconhecer a luta pela democracia”.
O deputado enxerga com preocupação o papel desempenhado pela mídia nesse cenário. “É preocupante que os meios tomem partido em julgamentos, divulgando apenas uma versão e ocultando completamente a defesa”.
Durante o debate, Damous prometeu denunciar o promotor e deputado federal Carlos Sampaio ao Ministério Público Federal. ‘Viciado’ em judicialização e obcecado pelo impeachment de Dilma Rousseff, Sampaio chegou a pedir improbidade administrativa da presidenta por conta do envio de cartões de natal aos servidores públicos.
Só que o nome do deputado apareceu na Lava-Jato. Sampaio teria recebido R$ 250 mil em doações por parte de uma empresa investigada da Operação. Mais que isso, dispara Wadih Damous, o fato de Sampaio, um procurador, realizar atividades privadas – já que declara-se sócio de uma empresa de assessoria e consultoria – é razão suficiente para denunciá-lo.
A outra história da Lava-Jato
Em seu novo livro, o jornalista Paulo Moreira Leite destrincha a Operação Lava-Jato a fim de jogar luz sobre a questão da politização da investigação. “A ação de Moro é seletiva e politicamente dirigida”, diz. “Não é que ele esteja fazendo a coisa certa de forma seletiva, mas está fazendo coisas erradas. Há gente inocente sendo condenada”.
Conforme explica, há provas obtidas de forma ilegal utilizadas no processo, o que fere garantias constitucionais. Esse é um problema não só da Lava-Jato, mas do Judiciário em geral: “todo poder que não presta contas tende a tornar-se ditatorial”.
“Nos pedidos de impeachment não há nenhuma razão paraimpeachment. É um vale-tudo. Os setores conservadores falam em colocar o PT na clandestinidade como se não fosse nada demais, e é isso mesmo que pretendem fazer”, denuncia Paulo Moreira Leite. “Só vamos entender a gravidade da situação se compreendermos o valor da democracia”.
Segundo ele, é fácil entender a cooptação da Lava-Jato por interesses políticos. “No Brasil, você vira procurador por concurso. Ou seja, basta nascer em uma boa família e fazer uma boa escola que você passa a ser um sujeito com poder para investigar quem você quiser, na área que você quiser, sem ter de prestar contas a ninguém e sem que ninguém mande em você”.
Em países ‘cultuados’ pela elite brasileira e pela grande mídia, como França e Estados Unidos, há limites ao poder concedido a quem desempenha a função. “O ministro da Justiça é quem nomeia os procuradores franceses, enquanto nos Estados Unidos ou se é eleito por cidadãos ou indicado pelo presidente. Há que prestar contas”.
A atividade foi transmitida em tempo real pela Fundação Perseu Abramo e contou com mais de 2500 visualizações.
Luiz Fernando Soares De Souza Lima
23/01/2016 - 17h03
se vivo estivesse o Barão de Itararé, O Probo, na certa continua levando porrada da policia.
Pedro Rodrigues
23/01/2016 - 10h57
Sem contar a mídia vendida ao serviço do governo! Um absurdo!
Nonato Silva
23/01/2016 - 04h41
Ótimo debate; muito proveitoso. Esclarece, à luz da democracia, o que o Judiciário está tentando fazer, juntamente com o aval da mídia, ou vice versa.
Messias Franca de Macedo
23/01/2016 - 01h52
Outro ‘taradinho do golpe’ que deveria ser investigado – o nome dele é ‘Rodrigo Fernando Barbosa Moro Gurgel’, ‘O Sonso geral da nação [em frangalhos]’! E procurador parcial (sic) da República!
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Janot rejeita reabertura de inquérito contra senador tucano Anastasia na Lava Jato
sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
(…)
Os elementos apresentados pela Polícia Federal após o arquivamento do inquérito apontam que o imóvel usado por Oliveira Filho para fazer o suposto repasse a Anastasia era uma casa cujos donos teriam “vínculos estreitos” com o PSDB de Minas, com Anastasia e também com o senador Aécio Neves.
De acordo com a PF, Euler Pereira, proprietário da residência usada para pagamento indevido, era funcionário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Além disso, as autoridades apontam que o Estado de Minas efetuou pagamentos sistemáticos à OAS e UTC. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, destacou que Pereira já morreu e a dificuldade de levantar informações sobre esses supostos repasses. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2016/01/janot-rejeita-reabertura-de-inquerito.html
Euripedes Benedito da Silva
23/01/2016 - 00h51
sera que estão começando a acordar agora, mande esse Zé da justiça ir pra casa, ele esta dormindo
Ido Décio Schneider
23/01/2016 - 00h08
Estão esperneando de tudo que é jeito. Lula e as empreiteiras devem estar pagando bem. Que gente mais nojenta e desonesta. Dá asco ler isso.
Angelo Filomena
22/01/2016 - 23h14
isso é perigoso
Ninguém
22/01/2016 - 20h15
Miguel, essa reunião foi gravada? Há algum vídeo disponível. Teria sido interessante se tivessem divulgado mais esse evento.
Alirio Muniz
22/01/2016 - 21h33
seis num tão cherano dimais nao?
Eliezer Araújo
22/01/2016 - 21h30
Isso é uma vergonha.
Jose Edvan Paz
22/01/2016 - 21h29
E a promiscuidade entre os PETRALHAS e os EMPRESÁRIOS fez o que com este pais de imbecis???
Mary Atleticana
22/01/2016 - 21h06
Triste a população não poder confiar na justiça. Acredito que o bom senso prevaleça e que corruptos falsos moralistas não destruam a democracia por ganância. DILMA fica!!!
Douglas Gobbet
22/01/2016 - 20h46
OHHHHHHH … QUEM MUITO SE ABRE … VIRA PUTA … O JUDICIÁRIO SÓ TA TENDO O QUE PEDIU … SATANÁS AGRADECE !!!
Leonardo Barcellos
22/01/2016 - 20h14
Cade o link do vídeo do debate ? A sociedade quer debater um pouco também, não aguentamos mais a grobobobobo….
Silvia Figueroa
22/01/2016 - 20h09
É uma pena Soube que o dito Ceará foi dispensado de tudo do processo da Lava-Jato. Será que nem testemunha ele vai ser
Agrônomo De Goiás Fesurv Unirv
22/01/2016 - 19h45
Se Aécio Neves tivesse ganhado as eleições, duvido muito que estariam defendendo tanto a tão chamada DEMOCRACIA.
Francisco Freire
22/01/2016 - 19h43
Na minha opinião tem um agente da CIA infiltrado na justiça. Ou então, tem algum representante pago pela a elite branca heteronormativa opressora.
Petralha Zuero
22/01/2016 - 19h20
Gabriela Caron M. Luques D’Angelo
22/01/2016 - 17h59
Vcr Vcr
Eliseu Oliveira
22/01/2016 - 17h48
Eu estive no Barão, foi um excelente debate, sai com a impressão que o problema não é a Judicialização da Politica, mas, a Politização do Judiciário
Fernando Lemos
22/01/2016 - 17h07
Poxa que comentário inteligente, você conseguiu até fazer um trocadilho ; “Judicialização da Política……… Politização do judiciário”. Legal, você poderia tentar ganhar um dinheirinho fazendo uma marchinha de carnaval !
Eva Hemorgenes
22/01/2016 - 17h47
Isso está causando tanta confusão que não e só a mídia que julga. Os próprios cidadãos já começa até pedir uma toga.
Já agem como se fossem juízes
Se sentem no direito de julgar também.
Flávio Sarquis Soares
22/01/2016 - 19h17
100%. Em gênero, número e grau.
Nonato Silva
23/01/2016 - 04h47
O que uma mídia podre pode fazer com um país “democrático; 4º poder? Ãh.
Edmundo Camargo
22/01/2016 - 17h26
Essa crítica contra a imprensa, a justiça, e a operação Lava Jato, parte de setores interessados em aliviar o lado dos empreiteiros corruptos, e politicos que como Lula, estão envolvidos até o talo nos casos de corrupção. Vamos também divulgar as injustiças, contra a população pobre, e parar de defender os poderosos, pra dar sobrevida ao desgoverno petista.
Flávio Levi Moura
22/01/2016 - 17h22
Não é meramente uma relação promiscua, trata-se de um entrelaçamento orgânico, com objetivos estratégicos escamoteados. Na prática são os verdadeiros interlocutores das classes dominantes, formuladores/propagadores de uma construção ideológica conservadora, baseada na lógica do privilégio e do falso moralismo. O judiciário transformou-se em tribunal inquisitório, com espetáculos punitivos seletivos e decisões de exceção sem qualquer fundamento técnico. No caso da industria de enganação noticiosa, converteu-se, definitivamente, em organismo de doutrinação política e ideológica do pensamento de direita, sem qualquer resquício de imparcialidade e isenção. São instrumentos manifestos de um processo sectário de ofensiva de classe.
Francisco Freire
22/01/2016 - 20h05
Isso é coisa do Roberto Marinho e dessa elite de coxinhas pentecostais, como o Aécio e FHC, é tudo culpa dele. Agora eu pergunto, que culpa tem o presidente Lula e a Dilmãe desse malfeitos?
Ricardo Carnauba
22/01/2016 - 20h29
Impressionante definição, clara e precisa.
Regina Lucia Regina
22/01/2016 - 20h35
Eu tenho uma grande dúvida;qual é a posição do ministério da justiça,se tem algo errado ele ñ deveria intervir?qual é o papel do ministro da justiça?
Francisco Freire
22/01/2016 - 20h40
Ricardo Carnauba, obrigado.
Zildo Noh
22/01/2016 - 21h16
Regina Lucia Regina , boa pergunta o que este inoperante faz, Levy se foi falta este mequetrefe do Zé.
Iran Guerreiro
22/01/2016 - 17h16
https://www.facebook.com/RachelSheherazade01/videos/801543776616880/
gilmar antunes
22/01/2016 - 17h12
A Rachel Sheherazade não passa de uma fascista.
Maricila Brito Gomes
22/01/2016 - 17h14
Graça Brito