Análise Diária de Conjuntura – 28/09/2015
A presidenta Dilma Rousseff abriu a Conferência Anual da Organização das Nações Unidas com um belo discurso sobre a luta contra corrupção.
Pena que Dilma seja tão ruim de oratória. O discurso foi feito sem paixão, com pausas erradas, atropelamento de frases, e naquele timbre grave, monótono e melancólico que evidencia uma verdade estranha: uma pessoa tímida, avessa aos holofotes e à mídia, exercendo o cargo mais midiático do país.
Se relevarmos a inabilidade da oradora e atentarmos apenas para o teor do discurso, descobrimos contudo reverberações ideológicas muito bonitas.
Dilma sintetizou, em poucas palavras, a essência da democracia: liberdade de expressão, autonomia das instituições e respeito absoluto aos direitos do cidadão, mesmo (e talvez sobretudo) aqueles perseguidos pelo Estado.
A presidenta lembrou que seu governo jamais interferiu em investigações que cortam fundo a carne do próprio governo e dos partidos governistas, e que afetam profundamente a estabilidade política, pois mexem com as maiores empresas nacionais, de um lado, e com as mais poderosas lideranças partidárias do país, de outro.
Nenhum governo, quiçá no mundo, jamais proporcionou tanta liberdade e tanta autonomia às instituições responsáveis por investigar o Estado e o próprio governo.
É um republicanismo de almanaque, excessivo, porém, baseado numa doutrina oportunista vendida pela mídia, uma doutrina na qual a presidenta – que ao contrário do que se pensou durante um tempo, não tem grande formação política – abraçou ingenuamente.
Mesmo assim, ainda é republicanismo.
Exagerado, ingênuo, porém nobre.
O Brasil é um país muito louco. Temos uma presidenta terrivelmente tímida, avessa aos holofotes, republicana até o suicídio, e um juiz do Supremo, Gilmar Mendes, apaixonado pelas câmeras, especializado em frases de efeito, cujo comportamento reflete uma agressiva e solene indiferença em relação aos mais básicos princípios republicanos.
Se, por um lado, Dilma parece estar à frente de seu tempo, governando um país estável politicamente, e dotado de uma mídia plural que permitisse às diferentes forças sociais exercerem seus respectivos direitos de opinião; como se fosse presidenta da Bélgica, não do Brasil; de outro lado, Gilmar Mendes parece ser juiz de um Brasil que pensávamos ter deixado para trás, o país dos coronéis, dos homens violentos que fazem valer seu poder falando alto e distribuindo ameaças.
Precisaríamos, hoje, de uma presidente muito mais criativa, que rasgasse todos os protocolos, e que, principalmente, soubesse usar as câmeras em seu favor.
Quando se contempla, porém, os adversários da presidenta, essas figuras mefíticas que tentam faturar em cima de sinistras conspirações midiático-judiciais, representantes de um país retrógrado, truculento e colonizado, um país que nos esforçamos diuturnamente para enterrar no passado, voltamos a entender o sentido histórico de sua vitória eleitoral em 2014.
O discurso da presidenta mostra uma personagem fraca, mas sustentada por ideias fortes. É irônico constatar que uma mulher tímida, desajeitada, de inteligência mediana, tornou-se o último anteparo às investidas do mais ardiloso, sórdido, truculento e poderoso golpismo político que o mundo já testemunhou.
Sim, porque a nossa suposta solidez democrática obrigou o golpismo a se intelectualizar, a dar mais importância às aparências. O golpismo entendeu como funciona o jogo hoje: é preciso antes construir uma narrativa, dominar a opinião pública, e por isso ele é tão dependente da mídia.
Um golpismo que ainda se agita, é importante ressaltar.
Eduardo Cunha, hoje, aparece na capa no site da Câmara, dizendo que irá despachar os primeiros pedidos de impeachment da presidenta da república ainda esta semana.
Cunha começa a transformar o site da Câmara em sua página política pessoal. Consta que ele nomeou para diretor da Agência Câmara uma figura extremamente reacionária, mas isso não é privilégio da Câmara, aparentemente a agência de notícias do Senado também é dirigida por uma figura similar.
E tudo isso ao mesmo tempo em que o próprio Eduardo Cunha se vê cada vez mais atolado em denúncias de corrupção.
Voltando ao discurso da presidenta, ela conseguiu calibrar a defesa da autonomia das instituições com a defesa dos princípios democráticos mais importantes quando se trata de direito penal: o respeito ao contraditório e ao princípio da presunção de inocência.
Com isso, Dilma aplicou merecidas palmadas em Gilmar Mendes e Sergio Moro, ao afirmar que “queremos um país (…) em que juízes julguem com liberdade e imparcialidade, sem pressões de qualquer natureza e desligados de paixões político-partidárias, jamais transigindo com a presunção da inocência de quaisquer cidadãos”.
Abaixo, trecho do discurso de Dilma na ONU, no qual ela aborda o tema da corrupção.
dias
29/09/2015 - 11h15
Miguel está correto! Dilma é péssima oradora. Incapaz de prender a atenção de seus ouvintes, ou de convencê-los da importância que carregam suas palavras.
Seu carisma e capacidade de inspirar as pessoas beiram às sombras do vazio!
Cá entre nós: será que ela já assistiu ao “Discurso do Rei”?
Diego
29/09/2015 - 09h53
SÓ PRA RELEMBRAR: ZELOTES R$ 565 BILHÕES
http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2015/09/os-misterios-da-operacao-zelotes.html
Vitor
28/09/2015 - 22h41
Miguel sendo esculachado pela torcida do PT soh pq falou umas verdades…
A intolerância realmente não tem lado!
Antonio Luiz
28/09/2015 - 22h19
Miguel do Rosário está desatinado. Agora pegou manias das comentaristas da Globo com a tática de perder tempo nas aparências e penduricalhos do cenário esquecendo-se da notícia. Ou seja, desconstrói Dilma o tempo todo e, lá em baixo, no rodapé, avisa que aquela energúmena esteve na ONU. Apenas na ONU. Miguel vá em paz rapaz. Ninguém vai lhe censurar. Mas não se engane.
Elena Osawa
28/09/2015 - 21h20
Fraca, desajeitada, inteligência mediana…. desculpe-me, mas acho que vc quis se referir a Marina, não a Dilma
Liliane Vallim
28/09/2015 - 22h59
Kkkkkkkkkkkkkkk… Ou à Marta!
Jorge Moraes
29/09/2015 - 01h22
Protesto! A inteligência da insustentável pescadora Marina não é mediana. É abaixo da crítica.
Messias Franca de Macedo
28/09/2015 - 21h03
https://www.youtube.com/watch?v=SeKhJC6PIls
Presidente Dilma Rousseff na ONU bate no Gilmar e no Moro
E ainda tem o HC, que não existe em Guantánamo.
FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.conversaafiada.com.br/
mz
28/09/2015 - 20h38
Acaba sendo muito buylling com a Dilma, qualquer um que entrar lá terá que negociar com o PMDB, PSDB e quantos Pês necessários para ter maioria, simples assim.
Mauricio Gomes
28/09/2015 - 20h36
Muito bonito o discurso, mas foi lá na conchinchina e o povão nem fica sabendo. Ela tem que discursar AQUI, se preciso toda semana, para alertar a população que canalhas golpistas como o Gilmau, CÚnha, BolsoASNO, Agripino MALA e outros farão de tudo para roubarem o voto de mais de 54 milhões de eleitores se nada for feito. Ou seja, primeiro precisa alertar a população para o que realmente está em jogo nesse momento e que pode ser perdido (democracia, conquistas sociais, respeito às minorias, etc) e também precisa acenar para seus eleitores com uma agenda mais à esquerda, para fortalecer a resistência contra os golpistas. Com ou sem o apoio do PMDB, essa escumalha nazifascista não irá desistir até conseguir seu objetivo.
Avelino
28/09/2015 - 20h28
Oi Miguel
Inteligência mediana?!
Você pegou pesado.
Saudações
Eliana
28/09/2015 - 20h20
Creio que nós é que devemos sair deste blog.
Desde a aprovação da Rede INsustentável , o
Miguel debandou para apoiar a candidata do Itau,
apoiadora do Aecioporto no segundo turno.
Assim não dá.
Rede furada, tô fora.
Asdrubal Caldas
28/09/2015 - 23h28
O dono da pagina também o direito de se manifestar, e o seu manifesto deve merecer o respeito de todos. Cada qual que se manifeste de acordo com o seu entendimento sobre o assunto em pauta. Ninguém deve ficar ao lado de ninguém somente para agradar.
Vitor
29/09/2015 - 13h18
Como tem gente bipolar por aqui… Adoram criticar o governo dilma, desde que ele virou o governo do Bradesco, mas por algum motivo que só existe na cabeça dessas pessoas, Dilma não tem nada a ver com isso! É como se as decisões do Governo não fossem tomadas por Dilma!
Quem lê alguns comentários acha até que ela é líder da oposição….
Roberto de Paulo
28/09/2015 - 19h58
Quer que ELA fale como uma atriz,porra sempre uma pitadinha de crítica,na PRESIDENTA,não aceito!
Eliana
28/09/2015 - 19h53
Para você quem deve ser inteligente,
é a medíocre da Tucarina, digo,
Marina Avião fantasma da Silva..
Carlos
28/09/2015 - 19h51
Então a Sra. Dilma é tímida e avessa às câmeras agora? Defende a liberdade de expressão mas o Sr. Mendes não pode falar o que pensa, ao contrário dela e dos demais que sempre atacaram e atacam a todos quando lhes convém? Tudo farinha do mesmo saco. Quem lê e crê nisso aqui deve ser considerado um imbecil. Fala sério.
Everaldo
28/09/2015 - 19h48
Miguelito,
Eu, particularmente, vejo os discursos e falas da Dilma sem essa questão da oratória. Esse é o jeito dela, e não vai mudar. As falas dela, independente de discursos, entrevistas ou debates, sempre me passaram muita segurança. É o que você falou… O teor é o mais importante. E, cá prá nós, vai saber o “tom” que cada pessoa utiliza na hora de traduzir pra outras línguas…!!!!
José Moreira Almeida
28/09/2015 - 19h25
“É irônico constatar que uma mulher tímida, desajeitada, de inteligência mediana” acho que confundir o texto, pois isso ta adejetivando a presidenta Dilma? não é o jilmar? caro amigo e companheiro do cafezinho, venhamos e convenhamos como ja dizia Odorico paraguaçu!! A mulher tá ou não tá além do seu tempo ! a mulher ta enfrentando uma oposição raivoisa que apelou para o vale tudo e ta dando tiro no proprio pé, colocando em cheque um sistema viciado da politica brasileira, quiça tivessemos essas atitudes n os Município, há onde vereador deveria verear e não enriquecer das cidades com orçamentos pobres e um PT principalmente esse Paulista bunda mole! que lavou as mãos, e querendo ou naõ querendo esta dando a volta por cima! Vocês vem falar em mediana …… ora vai……. meu amigos ora vai…..