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República do Paraná tenta cartada final

Com as masmorras de Sergio Moro arrombadas pela decisão de Teori Zavascki de permitir prisão domiciliar para os empreiteiros, os procuradores do Paraná, epicentro de uma conspiração judicial que visa derrubar o governo e/ou destruir o Partido dos Trabalhadores, tentam sua cartada final. Delações premiadas devem ser mantidas em segredo até serem provadas, por razões […]

12 comentários
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Com as masmorras de Sergio Moro arrombadas pela decisão de Teori Zavascki de permitir prisão domiciliar para os empreiteiros, os procuradores do Paraná, epicentro de uma conspiração judicial que visa derrubar o governo e/ou destruir o Partido dos Trabalhadores, tentam sua cartada final.

Delações premiadas devem ser mantidas em segredo até serem provadas, por razões óbvias: para não permitir que uma pessoa sob suspeita manipule as investigações. No caso de um processo altamente político, para que não manipule a opinião pública.

Aqui não apenas as delações são vazadas, sempre seletivamente, como agora até mesmo aquelas que ainda não foram assinadas pelo delator chegam à imprensa, e sempre no momento certo!

Entretanto, no caso em questão, a manipulação vem da própria Procuradoria, de um núcleo conspirador, fortemente partidário, que vem operando politicamente desde a Ação Penal 470.

A “delação” do presidente da UTC, Ricardo Pessoa, sequer foi confirmada em juízo, visto que ele não celebrou nenhum acordo com a Procuradoria. Ou seja, a Procuradoria delatou o próprio (suposto) delator!

Mas o estrago já está feito, como era o objetivo. Provando ou não provando, a condenação política está dada.

Se você ler com atenção, verá a inconsistência da delação (que sequer foi confirmada pelo próprio empresário):

“Pessoa descreveu de forma vaga sua conversa com Edinho, mas afirmou que havia vinculação entre as doações eleitorais e seus negócios na Petrobras.”

Descreveu de forma vaga? Havia vinculação entre doações eleitorais e negócios na Petrobrás? Claro que havia!

Pode-se ver tudo pelo lado criminal, ou pode-se entender, como fazem inclusive os que defendem as doações empresariais (como a Globo, por exemplo) que os empresários querem apostar em governos/partidos dispostos a fazer os investimentos públicos que interessam a seus negócios.

Nos governos tucanos, os investimentos em construção civil e na indústria do petróleo eram pequenos, e nos governos petistas se multiplicaram.

Os investimentos da Petrobrás passaram da ordem de alguns bilhões, para centenas de bilhões de reais ao ano, e foi isso que a levou a descobrir o pré-sal e se tornar uma das maiores produtoras de petróleo do mundo.

Qualquer empresário faz doação pensando em seus negócios no futuro, e exatamente por isso a OAB entrou com uma ação de inconstitucionalidade contra doações empresariais; votação esta que foi interrompida autocraticamente por Gilmar Mandes, o ministro tucano, que pediu vistas há um ano e enterrou o assunto, com apoio da grande mídia.

Este era, desde o início, o objetivo da República do Paraná, forçar os empreiteiros a falar que doaram para a campanha do PT, em especial a da Dilma, não porque sempre doaram para partidos políticos, mas por “temer prejuízos em seus negócios”.

Os procuradores já deixaram claro: na falta de elementos para criminalizar o PT, querem transformar doações legais em crimes. E assim dariam xeque-mate no PT.

O PT comete crime quando faz caixa 2, como aconteceu no mensalão. E também comete crime quando faz caixa 1.

Ou seja, é melhor o PT desistir de fazer política.

O jogo mudou bastante. Com a soltura dos empresários, a mudança do depoimento de Paulo Roberto Costa, e a delação que ainda não houve de Ricardo Pessoa, da UTC, o peso político do crime sai das costas dos empresários para ser jogado inteiramente nas costas do PT.

Na matéria de hoje, é interessante como a Folha e os procuradores, e estes não escondem sua intimidade com o jornal, tentam derrubar, com uma só paulada, todos os símbolos e trunfos do PT: a delação pega Dilma, reenergizando o impeachment; pega Haddad, criando dificuldades para sua campanha de reeleição em 2016; pega Lula, para detonar sua candidatura em 2018; e pega o PT como um todo, através de seus dois tesoureiros, o do partido e o da campanha.

Pegar Edinho Silva, hoje o homem com a chave do cofre da publicidade oficial, tem uma função duplamente especial. Intimida-o, para continuar dando dinheiro à grande mídia, e envolve a campanha da presidenta Dilma.

Ah, e ainda põe Dirceu na roda novamente, como convém. Sempre tem que ter o Dirceu na história!

É um saladão para todos os gostos! Nunca se viu uma reportagem tão curta ser tão eficaz!

E pode ser também uma espécie de golpe de misericórdia num PT e num governo que ainda não aprenderam a se defender; que, apesar da experiência do julgamento do mensalão, não construíram uma estratégia política conjunta e eficiente para combater as conspirações judiciais, hoje a principal arma da direita para destruir seus adversários.

Mas pode ser também a última bala no cartucho do golpe da Lava Jato. Depois disso, não terão mais muito o que vazar, e as ilegalidades e arbítrios estarão mais expostos do nunca.

*

Na Folha.

Empreiteiro diz que doou a Dilma por temer represália

FLÁVIO FERREIRA
DE ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA

O empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, disse a procuradores da Operação Lava Jato que doou R$ 7,5 milhões à campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff por temer prejuízos em seus negócios na Petrobras se não ajudasse o PT.

Segundo Pessoa, a contribuição da empresa foi tratada diretamente com o tesoureiro da campanha de Dilma, o atual ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva.

Preso desde novembro do ano passado e hoje em regime de prisão domiciliar, o empresário negocia desde janeiro com o Ministério Público Federal um acordo para colaborar com as investigações em troca de uma pena reduzida.

Nos contatos com os procuradores e no documento em que indicou as revelações que está disposto a fazer caso feche o acordo, Pessoa descreveu de forma vaga sua conversa com Edinho, mas afirmou que havia vinculação entre as doações eleitorais e seus negócios na Petrobras.

O empreiteiro contou ter se reunido com Edinho a pedido do então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, apontado como o principal operador do partido no esquema de corrupção descoberto na Petrobras e hoje preso em Curitiba.

As doações à campanha de Dilma foram feitas legalmente. Segundo os registros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), foram três: duas em agosto e outra em outubro de 2014, dias antes do segundo turno da eleição.

Se Pessoa fechar o acordo de delação premiada com os procuradores, ele terá então que fornecer provas e detalhar suas denúncias em depoimentos ao Ministério Público e à Polícia Federal.

Em janeiro, Pessoa já havia indicado sua disposição de falar sobre a campanha de Dilma Rousseff em documento escrito na cadeia e publicado pela revista “Veja”. “Edinho Silva está preocupadíssimo”, escreveu o empresário.

CAIXA DOIS

Pessoa também afirmou aos procuradores que fez contribuições clandestinas para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, em 2006, e a do prefeito petista de São Paulo, Fernando Haddad, em 2012.

O empreiteiro disse que deu R$ 2,4 milhões à campanha de Lula, via caixa dois. O dinheiro teria sido trazido do exterior por um fornecedor de um consórcio formado pela UTC com as empresas Queiroz Galvão e Iesa e entregue em espécie no comitê petista.

Pessoa afirmou também que, a pedido de Vaccari, pagou outros R$ 2,4 milhões para quitar dívida que a campanha de Haddad teria deixado com uma gráfica em 2012. O doleiro Alberto Youssef, outro operador do esquema de corrupção na Petrobras, teria viabilizado o pagamento.

Segundo o empreiteiro, o valor foi descontado de uma espécie de conta corrente que ele diz ter mantido com Vaccari para controlar o pagamento de propinas associadas a seus contratos na Petrobras.

Pessoa também promete revelar às autoridades detalhes sobre seus negócios com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que hoje cumpre prisão domiciliar por seu envolvimento com o mensalão.

O empreiteiro, que pagou R$ 3,1 milhões à empresa de consultoria de Dirceu entre 2012 e 2014, diz que o contratou para prospectar negócios no Peru, mas afirmou aos procuradores que a maior parte dos repasses foi feita após a prisão do ex-ministro, para atender a um pedido de ajuda financeira da sua família, em razão de sua influência no PT.

OUTRO LADO

O PT rejeitou as acusações do empresário Ricardo Pessoa e afirmou em nota que todas as doações à campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014 foram feitas de acordo com a legislação eleitoral.

O partido ressaltou que as contas da campanha de Dilma foram aprovadas por unanimidade na Justiça Eleitoral.

A assessoria do ministro Edinho Silva, chefe da Secretaria de Comunicação Social, que foi o tesoureiro da campanha presidenical, informou que a nota do PT deveria ser considerada sua reposta às alegações do empreiteiro.

A Presidência da República e a assessoria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disseram que não fariam comentários sobre o assunto.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou que as doações à sua campanha foram todas feitas de acordo com a lei, e que as dívidas foram absorvidas e quitadas posteriormente pelo PT.

O advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, que defende o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto, disse que ele só captou doações legais para o partido e não participou do esquema de corrupção descoberto na Petrobras.

O advogado do ex-ministro José Dirceu, Roberto Podval, informou que seu contrato de consultoria com a UTC tinha como objetivo prospectar negócios no Peru, sem qualquer relação com a Petrobras.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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henrique de oliveira

11/05/2015 - 10h29

Sera que é por essas e outras que mesmo o PT não se defendendo os tucanos vão continuar perdendo?

George Everton

11/05/2015 - 00h49

Juiz moro é tucano do bichão

Andre G.

10/05/2015 - 19h38

Vejo o cenário muito parecido com o de 64, só que o golpe agora será mais covarde que o militar…será um golpe paraguayo, via judiciário…mais uma instituição brasileira será usada (judiciário) e terá seu nome sujado pela elite provinciana e antropofágica brasileira…

Max

09/05/2015 - 19h30

É uma máfia! A direita , o PSDB, oposição , a midia e a banda podre do judiciário, todos corruptos, sonegadores, vendilhoes da pátria, mentirosos e golpistas, usam o mesmo método que usaram para derrubar Getúlio Vargas. Não vamos deixar!

Evaristo

09/05/2015 - 18h45

Lamentável assistir a episódios como esse, e como foi dito tem um gosto amargo para quem enxerga o conluío do PIG, PSDB, DEM… et caverna para tomar de assalto o poder democrático. Minha esperança é que este feitiço caia sobre o feiticeiro porque está ficando cada dia mais gritante a sana do poder pelo poder e acredito que até alguns daqueles manifestantes nonsense passem a enxergar as coisas mais claramente. Estes disparos não vão parar e se Lula for eleito em 2018 continuará, acho q de certa forma isso é bom pro Brasil, haja visto que o PT não aceitará mais dinheiro de empresas para campanha, Eu só torço para que esses lesa pátria não alcance o poder porque teremos tempos obscuros…

Josef Marcio Tavares

09/05/2015 - 21h40

gostei dessa: “O PT comete crime quando faz caixa 2, como aconteceu no mensalão. E também comete crime quando faz caixa 1.” – See more at: https://www.ocafezinho.com/2015/05/09/republica-do-parana-tenta-cartada-final/#sthash.V7s21KP6.dpuf

Lauri Guerra

09/05/2015 - 17h12

Pela construção, este embuste tem cara de que, para a força-tarefa da CIA no Paraná que está gerenciando esta conspiração, deve ser a bala de prata do arsenal deles. Está acabando a munição, por isso o desatino a que se lançaram nestas últimas semanas.
Só que a forçada de barra é tão esdrúxula que acabará sendo a bala de lata, a qual explodirá na cara deles.
Para uma parte cada vez maior da população estes que conspiram, em favor e sob o comando de interesses estrangeiros, estão passando de heróis a vilões, e logo poderão tornar-se réus.

Roberto Telles

09/05/2015 - 19h46

Se o PT fosse bandido, já teria saído dessas armadilhas e mentiras.

Carlos Dias

09/05/2015 - 13h28

Me parece mais uma fanfarronada dos procuradores de pêlo em ovo.
Delação da delação!
Mais um factóide pra tentar avacalhar com o PT….. Já não cola mais.. depois de algum tempo nas manchetes vai saindo pra dar lugar a outro delírio…

Miguel, não entendo bem, mas não há um controle desses profissionais? Não são empregados do Estado? Nao há meios de enquadra-los em formação de quadrilha?

Marcelo Rossi

09/05/2015 - 15h33

No pasaran !

Lucia Romcy

09/05/2015 - 14h45

Não passarão!

Luzete Luzt

09/05/2015 - 14h40

sabe, miguel, acho que este denuncismo oco, maluco, feito se suposições, fabricado para condenar o PT e, sobretudo, para blindar aqueles partidos e projetos que, historicamente, nunca pensaram o Brasil, perde, a cada dia, qualquer resquício da credibilidade que ainda detinham. e, se olharmos a nossa volta, são os tucanos e afins que estão se afundando em atos de violência, de preconceito, de escárnio contra o povo, sem falar, naturalmente, que a maior parte do que a midia atribui ao PT, a rigor, é para esconder aquilo que tucanos e afins, sempre praticaram contra os interesses nacionais.


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