Desde o início dos governos petistas, já foram criadas, pela oposição e pela mídia, inúmeras, incontáveis CPIs da Petrobrás.
Só nos últimos meses foram umas três ou quatro.
Os tucanos criam CPIs sobre a Petrobrás tanto para desgastar o governo quanto para chantagear as empresas que fazem negócio (e negociatas) com a estatal, conforme consta em denúncia de um dos delatores, segundo o qual o ex-presidente do PSDB, Sergio Guerra, teria recebido R$ 10 milhões para “pegar leve” nas investigações de uma CPI.
Em outras palavras, R$ 10 milhões para abafar casos de corrupção.
O Ministério Público Federal, que se tornou, melancolicamente, uma instituição a serviço da mídia, fez até um hotsite especial sobre a operação Lava-Jato, usando principalmente informações repassadas pelos delatores.
Curiosamente, um infográfico que havia no hotsite, cheio de setinhas apontando para partidos, com base nos delatores, desapareceu assim que Alberto Youssef resolveu delatar Aécio Neves, acusando-o de receber uma propina mensal de 120 mil dólares por mês, através de uma esquema montado entre Furnas e a Bauruense.
Entretanto, nenhuma dessas CPIs contou uma interessante história ao povo brasileiro.
Nenhuma CPI enfatizou que o primeiro diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), criada no governo FHC para regular o mercado brasileiro de petróleo, foi David Zylbersztajn, genro de Fernando Henrique, então presidente da república.
Imagine se qualquer outro político, que não FHC e que não um tucano, articulasse para botar seu próprio genro na presidência de uma agência que, nos anos seguintes, se tornaria peça estratégica para os planos tucanos de privatizar a estatal.
Tratava-se de nepotismo tão descarado que Zylbersztajn, embora com mandato valendo até final de 2005, renunciou ao cargo, no início de 2001, poucos meses após anunciar o divórcio com Ana Beatriz Cardoso, filha do presidente.
Zylbersztajn é um tucano puro-sangue. Foi secretário de energia do governo Covas (1995-1998), onde comandou a privatização das estatais paulistas de energia. Dali foi direto para a ANP, onde passou a fazer dobradinha com o Executivo para a privatização da Petrobrás.
Aí chegamos ao afundamento da Plataforma P-36, que matou 11 funcionários.
Por trás da tragédia envolvendo a P-36, a maior plataforma do mundo na época, aparece um nome que o Brasil jamais conheceu direito, apesar de tantas CPIs.
Trata-se de German Efromovich, dono da Marítima, uma das mais bem sucedidas ganhadoras (através de processos altamente suspeitos) de licitação para fornecimento de plataformas e outros serviços para a Petrobras.
Em 1999, a Veja, numa época em que não havia sucumbido ao tucanismo de extrema-direita que a caracteriza hoje (era uma tucana moderada, que dava uma denúncia ou outra contra o PSDB, embora não se aprofundasse jamais), publicou uma matéria bombástica sobre Efromovich, com título sugestivo: “Negócios inexplicáveis”.
Trecho da reportagem: “Nessa época, a empresa funcionava numa casa ao pé de uma favela num subúrbio do Rio de Janeiro. Até aí, tudo normal. O que causou estranheza mesmo foi o fato de, menos de um ano depois, a insignificante Marítima, cujo patrimônio não chegava a 1 milhão de dólares, começar a ganhar quase todas as concorrências da Petrobras para a construção de plataformas de perfuração e exploração de petróleo. Uma área em que Efromovich não possuía a mínima experiência e que envolvia contratos superiores a 2 bilhões de dólares.”
Segundo a matéria, ele era um esperto que se hospedava em hoteis baratos da Lapa e pegava ônibus até um hotel 5 estrelas para posar de bacana.
O que nenhum órgão de imprensa investigou são as possíveis ligações entre Zylbersztajn, ex diretor-geral da ANP, e Efromovich, dono da Marítima. Ou entre Efromovich e a diretoria da Petrobrás da época.
Mais um trecho da reportagem: “As proezas de Efromovich começaram a ser notadas no final de 1995, alguns meses após o superintendente de Engenharia da Petrobras, Antônio Carlos Agostini, ser promovido a diretor da área de exploração e produção da companhia. Agostini era conhecido de longa data de Efromovich. Nessa época, a Petrobras decidiu abrir concorrência para a construção de duas plataformas de produção de petróleo. O edital de licitação trazia, no entanto, uma cláusula que todos os participantes diziam ser impossível de cumprir: prazo de dezoito meses para a plataforma entrar em operação. Mas a Petrobras, então presidida por Joel Rennó, manteve-se irredutível alegando que havia empresas que se diziam capazes de cumprir o prazo. Essas “empresas” a que a Petrobras se referia era apenas uma – a Marítima. Para surpresa do mercado, foi ela a vencedora da concorrência de um contrato de 720 milhões de dólares. O que aconteceu a partir daí foi uma sucessão de absurdos. A Marítima não tinha projeto nem estaleiro contratado para a execução da obra e tampouco financiamento. Mas a Petrobras pareceu não se importar muito. Em 1997, a estatal fez nova concorrência e declarou vencedora a inadimplente Marítima.”
Segundo relato de Araújo Bento, um petroleiro com décadas de experiência na área, ao site Desenvolvimentistas, “as causas imediatas [do acidente] foram os erros de projeto da empresa Marítima, do sr German Efromovitch, que assumiu um contrato tipo TURN-KEY sem a condição técnica de realizá-lo.”
O contrato teria sido obtido, segundo Bento, com ajuda de David Zilbersztajn, então diretor da ANP.
Na internet, encontrei facilmente vários contratos com assinaturas conjuntas de Efromovich e Zilbersztajn.
Anos mais tarde, em 2005, quando Zilbersztajn assume a direção de uma Varig em vôo cego para o abismo, um já enriquecido Efromovitch (ficara milionário com as negociatas com a Petrobrás) aparece para comprar os restos da companhia aérea. Para isso, contou novamente com o auxílio de Zilbersztajn, o qual deu entrevista à imprensa informando que Efromovitch havia “entrado no jogo“.
FHC e seu genro conseguiram vender as petroquímicas da Petrobrás, e abriram o capital da empresa na Bolsa de Nova York. Por muito pouco os tucanos não privatizaram a empresa.
A venda dos papeis da companhia na Bolsa de NY é a responsável direta pela instabilidade especulativa vivida pela empresa hoje.
Os americanos sabem o que fazem.
Acertaram com a Arábia Saudita para derrubar os preços do petróleo. Com isso, enfraqueceram seus principais inimigos geopolíticos: Rússia, Irã, Venezuela. E ainda ganharam um “brinde” fabuloso: a oportunidade de comprar ações da Petrobrás a baixo preço, aumentando seu controle sobre a economia brasileira.
Não foi em vão que a NSA, a inteligência secreta do governo americano, espionou a Petrobrás. O objetivo, possivelmente, foi obter informações estratégicas que permitiriam aos fundos americanos, mais tarde, comprarem ações da estatal.
A insistência da presidenta Dilma em manter o regime de partilha, assegurar parceria com a China na exploração do campo de Libra e fundar o banco de investimento dos Brics (que já nasceu maior que o Banco Mundial), transformou a presidente em persona non grata para muita gente graúda do capital internacional.
O mais interessante vem agora.
Alguns blogs já identificaram, por trás de ongs que vem incentivando manifestações em favor do impeachment da presidenta Dilma, o dinheiro dos ultra-bilionários Irmãos Koch, famosos nos EUA por serem os principais financiadores do Tea Party e um dos doadores mais constantes para candidatos de extrema direita nas eleições americanas.
Pois bem, descobri facilmente, pelos sistemas de busca, que os Irmãos Koch se tornaram ativos especuladores no mercado de petróleo, manipulando preços para faturar bilhões às custas de países ingênuos, como o Brasil.
As empresas dos Irmãos Koch faturam mais de US$ 115 bilhões por ano, segundo a Forbes. Ambos tem patrimônio, segundo a mesma revista, de US$ 42,5 bilhões cada um. Ou seja, um total de US$ 83 bilhões.
Se existem interesses poderosos em enfraquecer a Petrobrás ou lucrar com a volatilidade de suas ações, os irmãos Koch são um dos principais suspeitos.
Temos de ficar atentos.
Até porque, no Brasil, temos uma situação especial. O entreguismo está enraizado nos altos estamentos do Estado brasileiro.
Recentemente, o Ministério Público Federal enviou uma comitiva, liderado pelo nome mais importante da instituição, o procurador-geral Rodrigo Janot, aos EUA, para pedir informações úteis às investigações contra a Petrobrás.
Num mundo perfeito, isso não teria nada demais. No mundo como ele é, os procuradores bateram na porta do lobo para lhe pedir que cuidasse da chapeuzinho vermelho.
Não faz uma semana, circulou muito discretamente na imprensa, a informação de que 11 grandes fundos americanos vem realizando enormes compras de papeis da Petrobrás. Não é pouca coisa. Segundo a notícia, no primeiro trimestre deste ano, os fundos aumentaram em dez vezes a sua participação da Petrobrás, em relação à 2014.
Os homens do capital, pelo jeito, ouviram os coxinhas dementes que marcharam nas ruas pedindo “militar intervention”.
Só que a única intervenção militar que haverá no Brasil é de coxinhas tirando selfies com a PM e berrando palavras de baixo calão contra a presidente.
A intervenção se dará de outra maneira, mais astuta. Os EUA querem subjugar o Brasil, desta vez, através do controle econômico, e nada melhor que manipular o preço das ações da estatal, derrubar o real frente ao dólar, além de patrocinar movimentos de rua para desestabilizar o governo, eliminando a única força que poderia se contrapor ao jogo de especulações criminosas que o grande capital joga no Brasil.
Velhojou
31/03/2015 - 10h12
Infelizmente nosso país vive uma época perfeita para os oportunistas e aproveitadores de plantão…
Veridiana Carvalho
25/03/2015 - 21h56
Deus nos proteja!
armand de brignac
25/03/2015 - 16h42
Como sempre, a culpa é do FHC ( ou da GLOBO ) !!!
Miguel do Rosário
25/03/2015 - 16h47
E não é?
Vitor
25/03/2015 - 23h46
Caramba Miguel, que comentário inútil! Continua mesmo dando munição, vai!
Eduardo Pereira da Silva
25/03/2015 - 15h53
NOTÁVEL A INVESTIGAÇÃO JORNALISTÍCA QUE UM BLOGUEIRO “SUJO” CONSEGUE FAZER, MESMO SEM CONTAR COM OS MILHÕES DE DÓLARES DA GRANDE MÍDIA.
Parabéns Miguel do Rosário, que matéria magnifica, cheia de dados que, infelizmente, como sabemos, a grande mídia jamais exporá ao grande público.
É hora dos leitores dos blogs “sujos”, o “deles” são “limpinhos” (hahaha) começarem a “retuittar” as matéria dos blogueiros de esquerda e compartilhar no facebook, pois preciosidades como essa matéria tem que chegar ao grande público para que ele receba mais informações do que as da grande mídia para assim, tendo informações de ambos os lados possa criar um senso crítico racional e não a “crítica do ódio” que a direita e a grande mídia está inserindo nas pessoas.
EM TEMPO: Vamos enviar o link dessa matéria para os senadores e deputados federais do PT e aliado para eles chamarem “os homens de bens” (rs) indicados na matéria para serem ouvidos na CPI, acho que eles podem jogar muita luz sob o período sombrio em que os tucanos administravam a Petrobras, período que o MP a PF e a grande mídia fazem questão de manter enterrado.
Ligia Malta
25/03/2015 - 15h46
Excelente, Miguel!
Adilson
25/03/2015 - 15h41
Observe a pérola que encontrei no blog – “Meu Blog de Política”: Paulo Galilei Maluf
Alexandre Garcia escreve -Paulo Galilei Maluf
No tempo que a Rede Globo apoiava publicamente o regime de ditadura Militar aqui no Brasil, o jornalista Alexandre Garcia já fazia suas previsões e comentários furados e tendenciosos. Em um claro esforço para favorecer o candidato Paulo Maluf, Alexandre Garcia realça todas as “virtudes” e sagacidades do mais provável Presidente do Brasil. Alexandre Garcia cita uma pesquisa feita pela própria Rede Globo no “Congresso Nacional”. Imaginem a idoneidade dessa pesquisa, que dizia que Maluf tinha mais que o dobro de votos em relação a Tancredo Neves. O jornalista afirma categoricamente que Tancredo nem seria candidato, muito menos Presidente e que Paulo Maluf é a oitava maravilha do mundo…
Eis o link para quem quiser ler toda a matéria: http://meublogdepolitica.com/2015/03/07/paulo-galilei-maluf/
a vida como ela é
25/03/2015 - 14h36
Ops, me esqueci do imperialismo americano
C.Acacio
25/03/2015 - 14h27
A tentativa de alguns deputados de desqualificarem a denúncia do Siba , faz parte desse jogo geopolítico espúrio …
ignez rodrigues gil
25/03/2015 - 13h47
Sintetizou, de modo completo, as manobras e jogadas da política- econômica do Brasil no governo FHC.
a vida como ela é
25/03/2015 - 13h42
Como sempre,a culpa é da Globo e do FHC
Eduardo Pereira da Silva
25/03/2015 - 15h57
Que nojo tentar desqualificar uma matéria investigativa notável e que joga luz sobre um período de trevas em que o PSDB governou a Petrobrás e que a grande mídia, MP e PF querem manter enterrado. De certo você não quer que nada dos tucanos seja investigado e tenta desqualificar a matéria com essa “frazezinha” mixuruca que não rebate nenhum ponto sequer da materia. Triste o nível de argumentação dos defensores do PSDB.
josé eduardo franzon
25/03/2015 - 12h53
a petrobrás(do brasil) sobreviverá,(sera a maior empresa do mundo em alguns anos!!) o pig e a globogolpista que passa por uma crise aguda, não aguentará até 2018!!!! Essa conversinha que o pig usa, de que a petro. não tem condiçoes de extrair o petróleo do présal, é uma piada já saturada. gargalhada para esses coxinhas!!!!!!!!!!kakakakakakakakakakakakak!!!!!!
Luciano Machado
25/03/2015 - 11h17
Na boa gente, eu já estou cansado de falar. O problema central, o grande inimigo, é unicamente a MÍDIA! A mídia derrubou o presidente eleito na Ucrânia, a mídia atormenta a Venezuela, e é a mídia que está sabotando o Brasil e a Petrobras neste exato momento, pois ela tem um poder e liberdade muito maiores que as instituições democráticas. Os americanos quando querem derrubar um governo, usam a impressora de dólares para financiar a mídia do país alvo do golpe para instalar caos, desordem e desacreditar o governo. São mestres nisso, pois conhecem o poder da informação sobre as pessoas. A mídia é mais eficiente que uma invasão militar com soldados. Não temos que censurar, mas, a imprensa tem um poder grande demais para ficar totalmente livre. Eu não votei na família Civita, eu não votei nos Frias, eu não votei nos irmãos Marinho, ninguém votou! Mas eles estão aí, mandando no Brasil e na opinião dos brasileiros. E enquanto eles continuarem no poder, a ditadura não será derrubada. Sim! Ela não foi derrubada! É Ley de medios, ou nada!
GIOVANA
25/03/2015 - 12h57
NAO SÓ USAM A MIDIA, MAS ESCOLHEM UM PARTIDO POLITICO QUE NO MOMENTO É O PSDB. FERNANDO HENRIQUE FOI O MENTOR MAQUIAVÉLICO DA DESMORALIZAÇAO TOTAL DA PETROBRÁS.
Gerson
25/03/2015 - 11h15
Excelente matéria do Cafezinho!!! Na minha opinião, todos os bloques devem repercutir em conjunto reportagens desse tipo, e assim ter força de penetração ao grande público e romper a barreira de informação que a mídia golpista impõe. Somente um blogue sozinho não consegue fazer isso.
Ideraldo Gomes
25/03/2015 - 10h18
Excelente Miguel !!!!!
Um texto para ser multiplicado pela rede social e lido nas Faculdades para contrapor aos alienados e ignorantes políticos.
Lulu Pereira
25/03/2015 - 13h11
se o cabra vier cheio de charme, com aquela roupinha de free shop, terninho de machão, fique esperto.
politiqueiro
25/03/2015 - 08h53
*Geopolíticas
politiqueiro
25/03/2015 - 08h52
Muito bom o texto, gostei das informações sobre o ex-genro do FHC, só discordo da questão do petróleo. Depois de pesquisar, refletir e discutir bastante, restou claro pra mim que a escolha dos sauditas realmente foi econômica. A produção de xisto dos americanos já está sendo afetada. Economicamente a escolha dos sauditas foi inteligente. Obviamente, isso tem consequências geopolítica, todavia não acredito em um conluio com os EUA. Abraço!
Miguel do Rosário
25/03/2015 - 13h47
os sauditas não tomariam uma decisão dessas sem o aval, ou melhor, sem a ordem do tio sam. a indústria de xisto pode esperar um pouco. já dá muita dor de cabeça ambiental mesmo.