Claro que fiquei na dúvida sobre o que fazer quando o Globo nos procurou. A gente não é bobo e sabia que o jornalão só teria interesse em publicar alguma coisa sobre nós se fosse para nos detonar. Afinal, a gente ameaça o seu poder.
Dar ou não entrevista. Resolvi dar. Depois, ao ler a matéria, me arrependi. A repórter publicou uma frase minha completamente sem sentido:
Não foi por falta de aviso. Conversei com o Fernando, por exemplo, macaco velho em relação a essas armadilhas da Globo. Sua experiência de 22 anos ao lado de Brizola não foi em vão.
Por outro lado, acho que teve um lado positivo dar a entrevista. Se ninguém desse, pareceria que estávamos com medo ou nos escondendo, o que é exatamente o contrário do que realmente somos: só que a editoria do Globo não tem caráter nenhum. Sem querer, fomos equilibrados. Quatro deram entrevista, cinco não deram. Ficou de bom tamanho.
Também pareceria que agíamos de forma coordenada, o que não é verdade. Eu só encontrei o Azenha, por exemplo, duas ou três vezes na vida. A mesma coisa com todos os outros. A gente tem algumas afinidades, muitas discordândias. Nosso único ponto em comum é uma vaga afinidade ideológica, pela esquerda.
Na verdade, essa entrevista serve para criarmos uma identidade sim: nos faz mais convictos de que a Globo é nociva à democracia. É uma empresa covarde, totalitária, mau caráter, que usa o poder e dinheiro que acumulou na ditadura para perseguir blogs. É uma atitude, definitivamente, ridícula.
Entretanto, eu também tenho minha malícia. Eu planejei “plantar” na entrevista, sorrateiramente, uma referência à sonegação da Globo, o furo que tive a oportunidade de dar ano passado. Isso eu consegui. Não deram na matéria publicada no jornal, mas apareceu na revista digital Mais. Alguns blogueiros aceitaram responder às três perguntinhas babacas enviadas pela repórter. Reproduzo apenas a primeira, com a resposta.
Minha resposta: “[o blog] deu alguns furos jornalísticos importantes em 2013. Foi o mais perto que o Globo chegou, até o momento, de informar a seus leitores sobre a fraude fiscal que protagonizou em 2002.
Qual foi o principal “furo jornalístico” dado pelo blog O Cafezinho em 2013?
Risadas maliciosas…
PS: Agora que eu vi que a repórter botou “relações públicas” como minha profissão. Prezada repórter, eu sou jornalista, segundo o Ministério do Trabalho, ou blogueiro, segundo outros parâmetros. Tenho maior respeito pela profissão de RP, mas sou apenas formado nisso, não é minha profissão.
Carlos Dias
23/04/2014 - 20h59
Caro Miguel, ontem tava lendo no PHA. Não podemos deixar a Dilma aceitar os debates nas tvs da forma que vem sendo feito. nada de cada tv e por último a Globo.. tem que ser debate e pool d etv e com tvs extrangeiras e blogs. Vamos comprar essa briga?
Alguém tem idéia d ecomo podemos propôr essa regra?
Celso Orrico
22/04/2014 - 12h11
vc e Edu na cova dos leões..como sou vegetariano jamais seria “carne” para eles, bola pra frente..
André AmebHA Araujo
21/04/2014 - 23h18
Republico aqui algo antes já tuitado (em fatias):
“Uma reportagem de página inteira no “jornal” globo foi, apesar de impiedosa tentativa de intimidação, um reconhecimento de mérito ao trabalho hercúleo que vcs, blogueiros progressistas, vêm desempenhando. Parabéns, e muito obrigado, por tudo.
Mas, como o saco de ironias das organizações globo é sem fundo, ela coloca, lado a lado com a reportagem, um anúncio, também de página inteira, pago pela PETROBRAS para esclarecer sobre as mentiras perpetradas contra si (o que vcs, blogueiros progressistas, já vinham fazendo há semanas e sem o concurso da própria estatal).
Tamanha mordacidade, até na diagramação, me faz pensar o quanto poderia ser consertado com a regulação da mídia, atrasada há décadas.”
Seu blog tem algum canal para recebimento colaborativo de imagens, charges, etc.? Os exemplos abaixo são de minha lavra:
http://luisnassif.com/photo/duas-not-cias-e-uma-sabesp
http://t.co/pXiWMgtWgz